Esporte
Das drogas ao estrelato: a trajetória do mato-grossense Michael
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De modo geral, o futebol sempre foi uma benção na questão salarial, sempre enchendo bolsos de dirigentes, treinadores e jogadores ao redor do mundo.
Mas apenas para quem está nas principais prateleiras. Nas de baixo, não são poucos os casos como o de Michael, que antes de deixar o Flamengo para ganhar uma forturna no Al-Hilal, da Arábia Saudita, precisou roer muito osso para hoje comemorar o maior contrato da carreira. E a história de vida do ex-atacante rubro-negro é um grande exemplo de superação.
Nascido em Poxoréu, interior de Mato Grosso, Michael teve uma carreira amadora até os 16 anos. Jogou na várzea e, até conseguir uma oportunidade de verdade, foi dispensado de seis peneiras que realizou para as categorias de base — quatro vezes no Goiânia, uma no Aparecida e outra no Vila Nova.
No terrão, Michael recebia R$ 20 a cada partida e, para ajudar a pagar as contas em casa, chegou a jogar cinco jogos em um mesmo dia. Ainda assim, faltava o básico para sustentar uma família com mais quatro irmãos. Entre clubes, foi aprovado pelo Monte Cristo, mas chegou a aceitar treinar sem receber um único centavo no Goianésia, clube que o daria a primeira projeção estadual, em 2017.
A partir do momento em que passou a se destacar em treinos e jogos, os goianos começaram a pagá-lo com um salário menos que R$ 2 mil por mês. Ainda teve que ouvir o termo “peladeiro” sendo dito por dirigentes, de forma perjorativa, levando pouca fé na sua passagem pelo clube.
“Falavam: ‘Aquele peladeiro vai ser igual estilingue, ir e voltar’. E hoje estou aqui. Estou tendo a oportunidade de mostrar que tudo é possível. Todos podem ter chance na vida, basta quererem”, disse Michael, em entrevista à Goiás TV, em 2019.
Outro problema que atrapalhou a vida de Michael foi o envolvimento com o mundo das drogas. Ficou viciado em álcool e se envolveu com o tráfico.
Passou a ser usuário de maconha e cocaína. Quando começou também a vender drogas, quase morreu. Seis vezes, segundo ele mesmo conta. Deixou essa vida graças ao apoio da igreja e Deus, com quem afirma ter conversado pessoalmente.
No Flamengo, que o contratou em 2020, também viveu outra situação complicada. Em entrevista ao “Canal Barbaridade”, revelou pensamentos suicidas ainda na época em que Jorge Jesus comandava o Flamengo em 2020.
“Eu tive depressão no ano passado, sofri muito com isso. Na época, eu estava no hotel e quis me suicidar. Me veio pensamentos ruins e eu queria saber como era me jogar do prédio. Então, eu gritei por socorro, pela minha mulher, pelo doutor Tanure, Diego Ribas, Diego Alves, Filipe Luís, o Rafinha, o Marcos Braz também. Eles me fizeram ser querido, ser abraçado. Eles tiveram um cuidado comigo, que ninguém antes tinha feito”, contou.
Após vitórias dentro e fora de campo, chegou a hgora de Michael ser beneficiado pelo que o futebol pode entregar. Estima-se que o Al-Hilal desembolsará US$ 2,5 milhão por temporada. Na cotação atual, tal quantia representa R$ 13,58 milhões. Ou seja, o ex-atacante do Flamengo receberá R$ 1,13 milhão todos os meses.
A nível de comparação, no atual elenco do Flamengo, apenas Gabigol e De Arrascaeta recebem vencimentos neste patamar. Após tanto sofrimento, poucos jogadores merecem tanto quanto ele.
Midianews.com.br