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Crise coletiva: o que aconteceu com os alunos em Recife?
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Vinte e seis estudantes de uma escola estadual de Recife (PE) passaram mal ao mesmo tempo na última sexta-feira, 8. Com falta de ar, tremor e crise de choro, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) classificou o ocorrido como uma “crise de ansiedade coletiva”. Nenhum dos alunos precisou ser levado para o hospital.
Apesar de raras, situações como a que aconteceu no pátio da Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Ageu Magalhães, na Zona Norte da cidade já são conhecidas na literatura médica, conforme explica o psiquiatra Daniel Bastos.
“Era conhecido como histeria coletiva e era mais comum em mulheres. Aparecem sintomas de sudorese, coração acelerado, tremedeira e vômitos, por exemplo”, detalha.
No caso da escola, meninos e meninas foram aflingidos pela condição. O Samu precisou empenhar 16 profissionais em seis ambulâncias e duas motocicletas para a escola. Todos receberam atendimento no local e não precisaram ir a unidades de saúde.
A condição pode ter acontecido a partir de uma reação em cadeia de outros alunos ao verem seus colegas passando mal. “O nome que se usa atualmente é adoecimento partilhado. O ser humano tem uma empatia muito forte com o sofrimento do outro”, aponta o psiquiatra. “Em um nível inconsciente, a gente é muito empático, acaba se pareando pelo outro”.
Estado de alerta
Analisando a situação noticiada, o psiquiatra diz ainda que a volta às aulas neste período de pós-pandemia e o estresse da semana de provas podem ter sido as causas da crise coletiva.
“Ainda estamos em estado de alerta, com os nervos à flor da pele, ansiosos e ligados o tempo todo. Não estamos na pele dos alunos. Como essa geração, que ficou dois anos em casa, está encarando voltar para a sala de aula com colegas que pensam diferente, com ansiedade e insegurança?”, questiona o psiquiatra.
Secretaria de Educação
Em nota, a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco informou que a direção da EREM Ageu Magalhães chamou a unidade do Samu após alguns estudantes apresentarem sintomas de ansiedade durante as aulas, na semana de prova. Nenhum estudante foi levado para o hospital. Aqueles que apresentaram sintomas do tipo foram liberados após a chegada dos responsáveis, conforme a pasta estadual.
“Destacamos que a escola realiza de maneira sistemática um trabalho, orientado pela Secretaria de Educação e Esportes, voltado a educação socioemocional, incluindo a orientação dos jovens e dos responsáveis sobre o tema”, explicou na nota.
Terra.com.br