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Crianças do bairro da Guabiraba visitam estádio de futebol pela primeira vez
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Um dos públicos mais vibrantes da copa do mundo são as crianças. Muitas vezes, o contato com o futebol das que vivem em contexto de vulnerabilidade social é pela televisão, no campinho do bairro ou da escola. Com o objetivo de proporcionar uma experiência diferente para as crianças atendidas pela ONG Visão Mundial no bairro da Guabiraba, cerca de 10 crianças foram ao Estádio Adelmar da Costa Carvalho, mais conhecido como Ilha do Retiro, sede do Sport Club do Recife, pela primeira vez, na quinta-feira (14).
O contexto das crianças atendidas é de extrema vulnerabilidade em áreas periféricas do Recife com índices alarmantes de violência. Segundo o Disque Denúncia, em 2016, Pernambuco ficou em terceiro lugar do ranking de denúncias sobre violência sexual contra pequenos e adolescentes. Os dados foram divulgados pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, vinculada ao Ministério da Justiça e Cidadania. No ano passado, 609 crianças (entre
zero e onze anos) sofreram violência sexual no Estado, de acordo com a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco.
Já o Mateus, 12, conta que a sala dos prêmios lhe surpreendeu mais. “Sempre quis ver de perto aquelas taças que o Sport ganhava, como o da Copa do Nordeste. Imaginei o Magrão pegando nela. Pra mim, ele é o melhor goleiro que existe”, afirma.
Muitas vezes, a infância das crianças do bairro da Guabiraba é marcada por exploração sexual, abuso, trabalho infantil e privação ao acesso básico de saúde, educação, saneamento e moradia. Por isso, o futebol é uma ferramenta para permitir o acesso ao lazer. “A maioria dessas crianças não tem a oportunidade de ir para um estádio. Foi um momento bastante emocionante para elas”, conta Kess Jones, coordenador dos projetos da Visão Mundial em Recife.
Em Recife, a Visão Mundial atende mais de 1.000 crianças e adolescentes com projetos na área de educação em parceria com escolas públicas por meio do Conexão Escola, metodologia de prevenção à violência e fortalecimento psicosocial-emocional e cognitivo da criança. Durante a semana, a ONG recebe cerca de 70 crianças na sede dos projetos, localizada na comunidade de Guabiraba, e oferece aulas de música com rabeca e violão, além de oficinas para estimular práticas de leitura e escrita das crianças e adolescentes.