Saúde
COVID-19: Parte dos brasileiros não higieniza alimentos corretamente; entenda
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Estudo realizado pelo Centro de Pesquisa em Alimentos aponta que 52,3% das pessoas – das 3.000 que foram entrevistadas – não higienizam as frutas de forma correta. Os índices também mostram que 45,2% deles não tomam as medidas de desinfecção na hora de higienizar verduras. Ainda: 30% dos participantes não realizam a higienização de frutas e verduras nem antes do consumo.
Quanto aos alimentos embalados, adquiridos em supermercados e/ou entregas em domicílio, aproximadamente 16,9% das pessoas não os higienizam, no caso de embalagens flexíveis (pacotes de farinha, arroz, feijão e café) – já as embalagens rígidas (enlatados, embalagens de vidro e potes de plástico) não são desinfectadas por 13,4% dos entrevistados.
No que diz respeito ao recebimento de alimentos via delivery, 30% dos participantes não realizam a higienização das mãos antes e depois da entrega da refeição e/ou não mantêm distanciamento social seguro do entregador – de pelo menos 1,4 metro.
“Em nosso entendimento, a porcentagem da população que adota as medidas de prevenção está baixa, visto que o questionário foi aplicado no auge da pandemia no Brasil, portanto, a população estava com maior percepção do risco e deveria agir com maior cautela com relação à possibilidade de contaminação”, destaca Jéssica de Aragão Freire Ferreira Finger, nutricionista, pós-graduanda em ciências dos alimentos na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo e uma das desenvolvedoras da pesquisa.
Para Emília Maria França Lima, que também atuou no estudo e é cientista de alimentos e pós-graduanda em ciência dos alimentos na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, ações preventivas – como a higienização alimentar – são essenciais para frear a proliferação da COVID-19.
Segundo ela, além das medidas de proteção individuais, como uso de máscaras e isolamento social, a desinfecção, de superfícies e alimentos, deve ser incorporada à rotina da população.
“Como ainda não há terapias científicas disponíveis, essas medidas são importantes para prevenir a propagação do vírus. A higienização correta de alimentos pode ser importante, seguindo as recomendações devidas”, diz.
Higienização recomendada
De acordo com as pesquisadoras, orientadas pelo engenheiro de alimentos, mestre, PhD em microbiologia e professor do Centro de Pesquisa em Alimentos da Faculdade de Ciências farmacêuticas da Universidade de São Paulo Uelinton Pinto, os maiores erros no momento da desinfecção são: escolha do produto a ser utilizado para a limpeza e como, de fato, fazê-la.
Jéssica e Emilia recomendam que todos os alimentos sejam lavados em água corrente tratada e, posteriormente, imersos em uma solução clorada – uma colher de sopa de água sanitária diluída em um litro de água –, por cerca de 10 a 15 minutos.
Depois disso, os alimentos deverão ser lavados em água corrente tratada novamente. “Esse procedimento é eficaz contra bactérias e vírus”, afirmam.
“Verificamos, por exemplo, que a maioria dos participantes da pesquisa realizam a limpeza de embalagens não rígidas %u2013 pacotes de farinha, arroz, feijão e café %u2013 e rígidas %u2013 enlatados, embalagens de vidro e potes de plástico %u2013 de gêneros alimentícios quando eles chegam do mercado/supermercado. Essa foi a principal prática alterada em decorrência da pandemia com relação à higiene e manipulação de alimentos”
Uelinton Pinto, orientador da pesquisa, engenheiro de alimentos, mestre, PhD em microbiologia e professor do Centro de Pesquisa em Alimentos da Faculdade de Ciências farmacêuticas da Universidade de São Paulo
No que tange ao recebimento de refeições prontas para consumo, normalmente entregues em domicílio, os métodos mais indicados são higienizar as mãos antes e depois de receber o alimento, manter o distanciamento social do entregador, dar preferência para o pagamento on-line, higienizar a embalagem antes de abri-la e, se possível, transferir a refeição para outro recipiente.
“Feito isso, aqueça e descarte a embalagem”, pontuam Jéssica e Emilia.
Preocupação
Apesar de os dados apresentados pela pesquisa apontarem para um hábito incorreto na higienização, os pesquisadores destacam que, ainda assim, boa parte da população se preocupa com a higiene dos alimentos durante a pandemia do novo coronavírus.
Mais de 80% das pessoas que responderam ao questionário on-line entre 25 de junho e 14 de julho, período em que a pesquisa esteve ativa, demonstraram preocupação com as medidas de higiene a serem tomadas na hora do consumo de alimentos.
“Verificamos, por exemplo, que a maioria dos participantes da pesquisa realizam a limpeza de embalagens não rígidas e rígidas de gêneros alimentícios quando chegam do supermercado. Essa foi a principal prática alterada em decorrência da pandemia com relação à higiene e manipulação de alimentos”, diz Uelinton.
Ainda, segundo o orientador, os participantes da pesquisa apresentaram um nível de conscientização elevado sobre as medidas de prevenção e controle da COVID-19, possivelmente devido ao fato de a população participante, em sua maioria, ser residente da área urbana, de classe média e com alto nível de escolaridade, demonstrando, assim, ter maior acesso e interesse a informações.
* Estagiária sob a supervisão da subeditora Kelen Cristina
Fonte: Estado de Minas