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Congresso Socioemocional LIV 2019 reuniu especialistas nacionais e internacionais para debater a pluralidade na educação
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Organizado pelo Laboratório Inteligência de Vida, o evento debateu da saúde mental nas escolas a importância da tecnologia na educação
Com a presença do filósofo e sociólogo, Edgar Morin, 97 anos, o Laboratório Inteligência de Vida (LIV), realizou nos dias 7 e 8 de junho, no Rio de Janeiro, a terceira edição do Congresso Socioemocional LIV. O evento de 2019 reuniu mais de 1.500 especialistas e representantes de mais de 600 escolas privadas, que assistiram a palestras e debates sobre diversos assuntos, desde o papel das emoções na vida escolar de alunos e professores até a necessidade de se pensar na formação de cidadãos humanizados em um mundo cada vez mais complexo.
De acordo com Duda Falcão, CEO do Grupo Eleva Educação, 87% das demissões no mercado de trabalho são causadas por problemas comportamentais. “Trabalhar o socioemocional na escola faz com que a pessoa aprenda a lidar com os sentimentos que tem sobre si e sobre o outro. Essa é a missão do LIV, e o LIV é a missão do Grupo Eleva Educação”, pontuou.
“O objetivo do Congresso não é trazer respostas, mas novos questionamentos, ideias. É pensar fora da caixa, em como as competências socioemocionais podem ser colocadas em prática no dia a dia”, explicou Caio Lo Bianco, idealizador e gerente-executivo do LIV.
A relação entre ação, emoção e o pensamento complexo foi um dos grandes focos da palestra magna do Congresso. O aclamado antropólogo e sociólogo francês Edgar Morin debateu sobre o duelo entre a razão e a emoção, que, embora vistas como antagônicas, precisam coexistir para haver um equilíbrio. “Precisamos promover uma razão aberta, aceitar os mistérios do mundo, aceitar que nem tudo pode ser controlado, romper com o pensamento linear. Precisamos de uma razão sensível e uma racionalidade na emoção”, disse Morin.
Além disso, o antropólogo e sociólogo afirmou que é preciso cultivar a qualidade poética da vida, de tomar partido de Eros – a força do Amor -, a única certeza que temos. De acordo com Morin, a educação tem o papel fundamental nesse cultivo. “A escola ajuda o ser humano a dar o melhor de si. O papel do educador não é apenas ensinar uma profissão, mas dar cultura a essa profissão”, finalizou.
Saúde mental
No bate-papo sobre saúde mental nas escolas, o professor e psicanalista Christian Dunker e a psicóloga e consultora educacional Rosely Sayão trouxeram para o debate o incentivo à escuta. Para Dunker, as mudanças no ambiente de trabalho e da escola moderno, na forma de desejar e na relação das pessoas mais intensa e ao mesmo tempo mais distante levam a um sofrimento, e para esse sofrimento não evoluir para sintoma é necessário que o indivíduo seja escutado. Esse é um dos grandes papéis da escola. Escutar o aluno e lidar com o individual, abrindo mão das soluções exclusivamente generalistas. “A habilidade socioemocional mãe é a escuta, é se colocar no lugar do outro. Alguns professores têm isso naturalmente, outros podem desenvolver, então, por que não trabalhamos isso na escola? Por que não ensinamos nossos alunos a escutar?”, questionou. Falando sobre os alunos, ele concluiu que “o protagonismo é de quem fala, a participação é incentivada no falar, a escuta não é passada como um valor. Se a gente não ensina a escutar, o resultado é uma epidemia de sofrimento”, explicou.
Já Rosely trouxe a questão de que a escola não é apenas formada pelos alunos, que também há a instituição, o corpo docente, as famílias e todos precisam coexistir em um ambiente equilibrado, um ambiente saudável. A saúde mental de todos precisa ser priorizada. “A relação ácida e doentia entre escola e família, é fruto da falta de escuta. A escola tem que se questionar sobre o que quer passar para os pais e, em contrapartida, os responsáveis têm que entender o que querem pedir da escola”, finalizou.
Inspiração na educação
Com o objetivo de ampliar a visão da educação e abrir um espaço de troca e diálogo, a mesa redonda formada pela pedagoga e fundadora da AfterSchool Educação, Leticia Lyle, a criadora do projeto “Mulheres Inspiradoras”, Gina Vieira, a coordenadora pedagógica Janaína Barros e o professor e diretor escolar Diego Mahfouz mostrou como transformar o potencial das pessoas em habilidade.
Foi acreditando em transformar aprendizagem em sentido para os alunos que surgiu o projeto encabeçado por Gina Vieira. O “Mulheres Inspiradoras” veio como proposta de leitura de obras escritas apenas por mulheres. “Meu objetivo é fazer as meninas entenderem que podem e devem ser protagonistas das suas próprias vidas e ensinar os meninos sobre o feminino e o masculino no contexto em que nos encontramos”, explicou.
Já Janaína Barros falou sobre escolhas, futuro, empatia e felicidade. “O aluno tem o direito de pertencer ao mundo e os professores têm o dever de ajudar o aluno a desbravar o mundo”. Janaína ainda pontuou a necessidade de olhar para o aluno, de perceber suas fraquezas, entender seus porquês. “Os problemas não mudaram, as escolas têm que entender isso. Precisamos transformar os problemas em oportunidades”, completou. Para finalizar a mesa, Diego Mahfouz concluiu que a escola para ser mais humana precisa ter e dar amor, que só com muito diálogo e respeito que se muda o mundo.
Marcos Piangers, autor do best seller “O Papai é Pop”, também falou sobre a importância do diálogo e sobre o impacto da paternidade na vida de um homem, a nova concepção de pai moderno e como aprender diariamente com os filhos a ser mais feliz e equilibrado.
A importância Tecnologia na educação
George Couros, consultor de liderança e educador, debateu sobre a importância da inovação e como ela se torna essencial a partir do momento em que constrói relações e conecta pessoas. Couros explicou como criar um ambiente mais criativo e inovador ajuda a escola, seus funcionários e alunos. “A tecnologia pode levar a grandes revoluções e transformações nas mãos dos professores. Ela jamais irá substituir o educador, mas será o caminho para incentivar os alunos a serem mais criativos, ser mudança”, disse Couros.
Novidades LIV 2020
Além das palestras, o LIV organizou uma área de interação, o LIV Alive. Os participantes puderam desfrutar de um espaço interativo e totalmente dedicado aos segmentos escolares que o LIV atua. Do ensino infantil ao ensino médio, todos puderam sentir, ouvir e usar a imaginação em meio às atividades propostas. De música ao vivo e cinema até os personagens Tomás e Fernanda, o Congresso trouxe para os visitantes a experiência de ser aluno LIV.
Para 2020, o LIV apresentou uma série de inovações. Dentre os temas abordados, estão a restruturação de todo o conteúdo para o ensino médio e a ampliação do uso de recursos audiovisuais para engajamento dos alunos. Além da continuidade das minisséries “Supernova”, “Anexo 11” e “Blackout”, o LIV prevê o lançamento da minissérie “Recuperação” para os alunos do 7° ano, que abordará temas como vidas virtuais, liberdade, responsabilidade, amizade e rejeição.
O LIV também reformulará o pilar “Protagonismo”, que é trabalhado no terceiro ano do ensino médio em paralelo com o tema “Escolhas”. Por ser uma fase da vida em que há a necessidade de se encontrar no mundo, reestruturar o pilar se tornou essencial para trabalhar o autoconhecimento, escolhas pessoais e profissionais, além de incentivar as habilidades individuais dos alunos.
Além disso, o LIV + veio com novidades para os educadores, com o LIV para professores, para os responsáveis, com o LIV para família, e para os alunos com a avaliação socioemocional em parceria com a ACT. Ao final de tudo houve o lançamento do Manifesto LIV, na voz de Lázaro Ramos, ator e pai LIV.