Polícia
Como estão as vítimas do massacre da Candelária 25 anos depois
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Uma das chacinas mais impactantes da história do país, que deixou oito crianças e jovens moradores de rua mortos em 23 de julho de 1993, ocorreu em volta da Igreja da Candelária, no centro do Rio. Mas como estão as pessoas envolvidas no massacre 25 anos depois?
Sobreviventes
A grande maioria já morreu, parte vítima de violência. Em 2000, por exemplo, Elizabeth Maia foi assassinada aos 23 anos em frente a sua casa, e Sandro do Nascimento foi morto por policiais após tentar assaltar o ônibus 174. Mais recentemente, Thiago morreu de bala perdida no complexo da Maré.
Testemunha-chave
O único que foi baleado e sobreviveu foi Wagner dos Santos, 45, que se tornou a principal testemunha. Ele tomou quatro tiros na chacina e, um ano depois, mais quatro em um atentado na Central do Brasil. Logo depois foi morar na Suíça, onde se casou com uma brasileira no ano passado, mas não pode ter filhos. Sua história influenciou na criação do Programa de Proteção a Testemunhas.
Indenizações
Apesar das consequências que sofreu -como perda parcial de visão, audição e paralisia no rosto-, Wagner perdeu uma ação de indenização contra o estado do RJ. Ele teve uma operação paga pelo governo e hoje recebe dois salários mínimos mensais, até os 65 anos. Segundo sua irmã, Patrícia Oliveira, uma nova proposta está na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Ela, que faz parte do movimento Candelária Nunca Mais, diz que outras pessoas também receberam os dois salários, mas não sabe precisar se alguém ainda os recebe.
Justiça
Sete homens chegaram a ser acusados pela chacina. Três foram absolvidos e quatro, todos policiais, foram condenados. Eles cumpriram a pena e já saíram da prisão. Um, porém, é considerado foragido após ter tido seu indulto suspenso pelo STJ em 2013. O coronel da reserva Walmir Brum, equivalente ao corregedor da PM na época, reconhece que o grupo de extermínio deveria ter até oito pessoas, mas que não conseguiram identificar todos.
Movimentos sociais
Com três grandes chacinas de grande repercussão cometidas por policiais -Acari (1990), Candelária e Vigário Geral (1993)-, a década de 1990 é considerada um divisor de águas nos direitos humanos. “Elas provocaram uma reação da sociedade, com muitas pesquisas, movimentos de familiares, organizações denunciando as violações de direitos humanos. Era o início do processo de democratização”, diz Renata Neder, da Anistia Internacional.