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Como está o mercado do milho?


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As cotações do milho, em Chicago, recuaram nesta semana. O bushel do cereal, puxado pela possibilidade de abertura dos portos ucranianos para a exportação de grãos, fechou a quinta-feira (02/06) em US$ 7,30, contra US$ 7,65 uma semana antes. Além deste suposto e pequeno distencionamento na guerra entre Rússia e Ucrânia, o clima nos EUA é o elemento central das atenções do mercado. Neste sentido, o plantio do milho, até o dia 29/05, alcançou a 86% da área projetada, contra 87% na média histórica. Também aqui o plantio avançou de forma a recuperar o seu grande atraso no início. Por sua vez, 61% das lavouras já germinaram naquele país, contra 68% na média histórica.

Por outro lado, os embarques de milho, por parte dos EUA, na semana encerrada em 26/05, alcançaram 1,4 milhão de toneladas, ficando dentro das projeções do mercado. No atual ano comercial os EUA já embarcaram 42,3 milhões de toneladas, contra mais de 51 milhões em igual momento do ano anterior. Enquanto isso, na Argentina, segundo o Ministério da Agricultura local, 47% das lavouras de milho da safra 2021/22 já foram colhidas, estando um pouco acima do registrado na mesma época do ano anterior. Por enquanto, projeta-se uma colheita total de 57 milhões de toneladas no vizinho país, com uma produtividade média de quase 114 sacos/hectare. A produção só não será maior porque o clima seco, no verão passado, atingiu diversas regiões de produção naquele país. Já no Brasil, o preço médio no balcão gaúcho atingiu a R$ 84,31/saco, ficando 40 centavos mais baixo do que o valor médio da semana passada. Por sua vez, nas demais praças nacionais os preços oscilaram entre R$ 72,00 e R$ 84,00/saco.

A maioria dos compradores estaria estocada, enquanto espera a entrada da nova safrinha de milho, cuja colheita já iniciou. Neste sentido, mesmo com perdas regionais, espera-se uma segunda safra ainda recorde, o que pressiona para baixo os preços do cereal. Na medida em que a colheita avançar, em o câmbio ficando abaixo dos R$ 5,00, os preços internos do milho tendem a baixar ainda mais. Já na B3, os contratos recuaram bastante, com o vencimento julho, no início do pregão deste dia 02/06, registrando o valor de R$ 88,43/saco, enquanto setembro ficava em R$ 91,91; novembro em R$ 94,20; e janeiro R$ 96,20/saco. Em termos mensais, o mês de maio registrou um recuo de 6,1% no valor do contrato de maio, 6,8% no de julho, 6% no de setembro, 5,1% no de novembro; e 4,6% no de janeiro/23 na nossa Bolsa.

A reação do mercado está na lógica de um mercado internacional em recuo nesta semana, de um Real mais forte e da entrada da segunda safra brasileira do cereal. Para comparação, em Chicago, o bushel de milho perdeu, em maio, 2,9% para o contrato de maio, 7,4% para o de julho, 5,6% para o de setembro, 4,7% para o de dezembro, e 6,8% para o de março/23. Dito isso, a colheita brasileira da segunda safra de milho, até o início da presente semana, atingia quase 2% da área semeada, estando mais avançada do que no ano passado e contra 0,85% na média histórica para a data. (cf. Pátria Agronegócios) Especificamente no Mato Grosso, a colheita desta segunda safra atingia a 2,4%, contra praticamente 0% na média histórica para esta data. O sudeste daquele Estado chegava a 3,1% da área colhida, sendo a região mais avançada.

Enquanto isso, no Paraná, o Deral apontou que 21% das lavouras da segunda safra estavam em fase de maturação nesta semana, sendo que outros 63% estavam em frutificação. A colheita da safrinha no Paraná não chegava a 1% da área no início da presente semana, sendo o total semeado de 2,73 milhões de hectares. Em torno de 82% das lavouras a serem colhidas apresentavam boas condições no Estado paranaense.

E no Mato Grosso do Sul, conforme a Famasul, a produção esperada na safrinha é de 9,3 milhões de toneladas, com uma produtividade média de 78,1 sacos/hectare. Cerca de 85% das lavouras estão em boas condições naquele Estado e apenas 4,6% em situação ruim. O saco de milho, no Mato Grosso do Sul, terminou o mês de maio valendo R$ 76,74, contra R$ 92,26 na média de maio do ano passado. Os produtores sul-matogrossenses, até o final de maio, haviam negociado 21,4% da atual safrinha de milho.

Em tal contexto, espera-se que a safra total de milho no Brasil fique entre 112 e 117 milhões de toneladas. Para a StoneX a mesma será de 116,8 milhões, sendo 26,4 milhões na safra de verão e 88,3 milhões na safrinha. Ainda haverá 2,03 milhões de toneladas a serem colhidas na chamada terceira safra. As exportações brasileiras podem chegar a 40 milhões de toneladas, dependendo do câmbio e da guerra entre Rússia e Ucrânia. Diante de um consumo projetado em 75,5 milhões de toneladas, os estoques finais de milho, no Brasil, ficariam em 10,2 milhões de toneladas, o que melhora um pouco o projetado inicialmente, porém, ainda podem ser considerados apertados. No que diz respeito às exportações de milho pelo Brasil, o mês de abril saltou para 942.000 toneladas, contra apenas 21.900 toneladas em março.

Nos primeiros quatro meses do ano o Brasil teria exportado 4,7 milhões de toneladas, lembrando que no total do ano de 2021 o país exportou 20,6 milhões. Enfim, com a quebra da safra de verão de milho no sul do Brasil, as indústrias de carnes desta região estão incrementando as importações do cereal, visando baixar os preços das rações. O produto vem, principalmente, do Paraguai. A valorização do Real auxilia para que as compras externas sejam mais baratas neste ano. Em junho se inicia a colheita de uma safra cheia de milho no Paraguai. Enquanto isso, a consultoria paraguaia DasAgro estima as exportações de milho do Paraguai entre 3,5 milhões e 3,8 milhões de toneladas neste ano comercial paraguaio iniciado em maio, das quais 2 a 2,5 milhões podem ir para o Brasil. Esse volume seria cerca do dobro realizado no ano anterior. De maio/2021 a abril/2022 as exportações de milho paraguaio somaram 1,3 milhão de toneladas, sendo 99% para o Brasil.

O milho exportado pelo Paraguai está cotado em torno de 230 a 235 dólares por tonelada na fronteira, mais frete de 5 dólares, com entrega prevista entre junho e julho. Isso significa que a tonelada importada custaria cerca de R$ 1.142,00, considerando o câmbio futuro em R$ 4,76. Ora, com base no preço médio gaúcho, a tonelada do milho, por aqui, estaria hoje em R$ 1.405,00. Considerando o frete interno, o preço local estaria mais caro do que o produto importado, sem falar que a oferta regional é pouca, devido a nova frustração de safra que o sul brasileiro enfrentou neste último verão. Somente Santa Catarina estima necessário importar 4,5 milhões de toneladas de milho de diversas origens, devido aos prejuízos provocados pela seca de verão. As importações dos três Estados do sul se justificariam pelo fato de os mesmos não ficarem na dependência apenas do milho da safrinha brasileira.

O Paraguai espera colher 5,5 milhões de toneladas de milho na safra atual, a partir de junho, contra 3,1 milhões colhidas no ano anterior. A área da safrinha paraguaia cresceu 20% sobre o ano anterior e 33% sobre a média histórica, chegando a 910.000 hectares neste ano. Assim, parte do motivo, para uma produção maior, está em aproveitar a janela de plantio de milho, antecipada em quase 30 dias, neste ano. Enfim, segundo os exportadores paraguaios, tem sido difícil manter embarques fluídos ao Brasil, principalmente pela fronteira Ciudad Del Este/Foz do Iguaçu, que representa 50% das exportações de milho aos brasileiros, devido à operação padrão dos fiscais agropecuários, a qual elevou o tempo médio de transporte na região de 3 para 10 dias. Se não se resolver esta situação de fronteira, permitindo um fluxo contínuo dos embarques, provavelmente as exportações de milho do Paraguai serão mais massivas através da Hidrovia Paraguai/Paraná, que demora de 15 a 20 dias.

As informações são da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário – CEEMA

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