Acre
Com dificuldades fiscais, Acre poderá não receber status sanitário de área livre de aftosa sem vacinação
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Até o teto com limite de gastos com pessoal, estado se ver impedido de contratar médicos veterinários efetivos, principal exigência do MAPA. “Canetadas” do governador criaram mais obstáculos. TCE impôs nova pedra no caminho. Só a “madrinha do Acre” Tereza Cristina poderá salvar os pecuaristas. Controle sanitário precisa investir R$ 10 milhões.
A equipe econômica do governo do Acre vem mantendo em total sigilo as estratégias para não perder o status sanitário de área livre de aftosa sem vacinação. Essa semana a luz vermelha foi acesa e o chefe da Casa Civil, Ribamar Trindade, convocou reunião as pressas com o setor produtivo.
A coisa não é tão simples assim. Vacinar pelo menos 95% do rebanho de 3,3 milhões de cabeças de gado no mês de novembro não é a única tarefa exigida pelo Plano Estratégico do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (Pnefa). Entre as exigências existem regras técnicas, estratégicas, geográficas e estruturais.
Segundo o que a reportagem apurou, o governo do Acre vem enfrentando dificuldades estruturais para colocar o seu plano de erradicação em dias de ser habilitado pelo Ministério da Agricultura. A principal delas diz respeito à contratação efetiva de médicos veterinários, técnicos agrícolas e a estruturação dos escritórios do Instituto de Defesa Animal e Florestal (Idaf) no interior.
A notificação pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) por estar o governo acima do limite prudencial com gastos de pessoal é uma pedra a mais na proposta sanitária. O governador Glason Cameli está impedido de fazer concurso público.
Não é de hoje que assessores e técnicos batem cabeça. Embora o governador tenha gravado vídeo ao lado da ministra de agricultura, Tereza Cristina, em Pequim, onde cumpre agenda na caravana do presidente Jair Bolsonaro, técnicos do Ministério comandado por Tereza Cristina não viram com bons olhos as “canetadas” do governador do Acre que na crise instalada com o parlamento, em setembro, exonerou 340 cargos comissionados, entre eles, médicos veterinários e técnicos agrícolas que estavam atuando nas estratégias da campanha.
Cinco dias depois, coube ao vice-governador Major Rocha tentar corrigir o erro tonando sem efeito 18 exonerações todas elas de médicos veterinários contratados pelo Idaf. Equipes de veterinários e técnicos agrícolas precisam reforçar a chamada coesão integral de fronteira.
Outro gargalo que vem preocupando as secretárias Maria Alice e Semírames Plácido é como investir cerca de R$ 10 milhões para estruturação de novos escritórios do Idaf nos municípios, principalmente os que têm limites com Peru e Bolívia. A conquista do novo status, abre novos mercados internacionais para a pecuária acreana.
Mesmo com o comando dado pelo secretário Ribamar Trindade, que na ausência do governador é quem tenta salvar uma das agendas mais importantes para o setor responsável pelo terceiro maior PIB do estado, há quem diga que a crise ocorre ainda por cismas entre grupos distintos dentro da secretaria de produção e agronegócio, ligados à deputada federal Mara Rocha (PSDB-AC) e o atual secretário Paulo Wadt. A deputada, desde o início do ano pede a cabeça do gestor que ela mesmo indicou para comandar a SEPA.
Se o Acre ficar fora do avanço no status sanitário de área livre de aftosa sem vacinação em 2020, só poderá entrar novamente em 2026. O governador em exercício Major Rocha vem se reunindo com pecuaristas e fazendeiros tentando conscientizar da tarefa exigida pelo ministério da agricultura que determina a organização do setor produtivo como verdadeiro fiscal sanitário. Uma corrida contra o tempo.
O start já foi dado para o governador na China. Já que, segundo Gladson Cameli, a ministra Tereza Cristina é “madrinha do Acre”, somente ela poderá salvar o estado e colocá-lo no chamado primeiro grupo de federações livres de aftosa sem vacinação.