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Cemitérios de Brumadinho abrem dezenas de novas covas
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Do lado esquerdo de quem entra no cemitério Parque das Rosas, na área pública de sepultamento, 98 covas foram abertas entre o último sábado (26) e segunda-feira (28). Dos três cemitérios existentes em Brumadinho, este é o que possui a maior área livre e deverá receber o maior número vítimas do rompimento da barragem da mineradora Vale.
Além das novas covas, muitas vítimas deverão ser enterradas do lado direito do cemitério, na área destinada aos jazigos pertencentes a famílias. Alí não é possível fazer abertura prévia de covas e, por isso, a expectativa é de trabalho intenso nos próximos dias. A equipe do cemitério, de apenas dois coveiros, subiu para doze com o remanejamento de funcionários da Prefeitura e o trabalho de voluntários.
Em Córrego do Feijão, distrito onde aconteceu a tragédia, o cemitério local está sendo ampliado às pressas com a abertura de 20 novas covas. Os primeiros enterros no distrito deverão acontecer nesta terça (29).
Brumadinho possui uma série de vilarejos rurais, sendo que sete deles possuem cemitérios. Somados aos três da sede, são 10 cemitérios ao todo no município. A Prefeitura não possui controle do número de covas disponíveis (uma cova só pode ser reaberta para novo sepultamento após cinco anos do último enterro).
O pedreiro Joaquim Adão Cândido, de 63 anos, trabalhava ontem como voluntário na abertura de covas no Parque das Rosas. Ele disse que ouviu pelo rádio o pedido de voluntariado feito pela Prefeitura e se apresentou com as próprias ferramentas. Disse que deixou a filha chorando em casa, já que o genro, Ruberlan Antônio dos Santos, de 47 anos, técnico em segurança do trabalho, é um dos desaparecidos.
Além do genro, entre pessoas próximas de Joaquim estão um amigo, Miramar, e a prima Lecinda. “Eu trabalho aqui de dia, vou para casa, tomo um banho e a noite vou consolar minha filha”, disse.
A preparação para o grande número de enterros se dá também nos velórios. Ontem, as exéquias no Cemitério Velho de Brumadinho estavam sendo realizadas pelo frei agostiniano Alexandre Escame, que veio voluntariamente de Belo Horizonte para reforçar a equipe de religiosos da cidade, junto com uma freira e uma musicista.
“Acredito que nos próximos dias teremos que realizar exéquias coletivas, o que não será bom porque as famílias estão muito traumatizadas, com muito choro e desespero”, disse. Dois psicólogos voluntários também apoiavam as famílias no Cemitério Velho.
Nesta segunda, até as 17 horas, foram realizados seis enterros nos três municípios da sede, e mais dois nos cemitérios dos distritos de Tejuco e Suzano. No Parque das Rosas, foram enterrados Maurício Lauro de Lima, 52 anos, solteiro, motorista; Francis Marques da Silva, 34 anos, bombeiro hidráulico, casado e David Marlon Gomes Santana, 24 anos, solteiro, caldeireiro. Os outros cemitérios não disponibilizaram informações das vítimas enterradas. Com informações da Folhapress.