Justiça
Caso Miguel: ‘Nunca imaginei que qualquer mal pudesse acontecer’, diz acusada
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“Como mãe, sou absolutamente solidária ao seu sofrimento. Miguel é e sempre será um anjo na sua vida e na sua família. Não há palavras para descrever o sofrimento dessa perda irreparável. Nunca, mas nunca mesmo, pude imaginar que qualquer mal pudesse acontecer a Miguel, muito menos a tragédia que se sucedeu. Te peço perdão. Não tenho o direito de falar em dor, mas esse pesar, ainda que de forma incomparável, me acompanhará também pelo resto da vida”, escreveu Sarí Gaspar: “Estou sendo condenada pela opinião pública como historicamente outros foram. As redes sociais potencializam o ódio das pessoas. Tenho certeza que a Justiça esclarecerá a verdade. Na nossa casa sempre sobrou carinho e amor por você, Miguel e Martinha. E assim permanecerá eternamente. Rezo muito para que Deus possa amenizar o seu sofrimento e confortar seu coração”.
Miguel foi com a mãe para o trabalho na última terça-feira. Mirtes precisou descer ao térreo para passear com o cachorro da patroa e deixou o menino com ela no apartamento do 5° andar. Um vídeo de circuito interno mostra que ela permitiu que o garoto entrasse sozinho no elevador. Ele acabou se perdendo: subiu ao 9º andar, onde escalou uma grade na área comum em que ficam os aparelhos de ar-condicionado e caiu de uma altura de 35 metros, segundo a perícia.
Sarí Gaspar foi presa em flagrante, mas pagou fiança de R$ 20 mil e vai responder ao processo em liberdade. Seu advogado, Pedro Avelino, disse à “TV Globo” que vai se pronunciar quando as investigações forem concluídas. Nesta sexta-feira, o delegado Ramon Teixeira, titular do caso, afirmou que “a polícia seguirá coletando elementos de prova a fim de identificar, definitivamente, condutas e responsabilidades penais”.
A acusada é mulher de Sérgio Hacker Corte Real (PSB), prefeito de Tamandaré (PE), no litoral sul pernambucano. Ele também só falou sobre o episódio nesta sexta-feira, por meio de uma nota oficial da prefeitura. O texto diz que o prefeito “se encontra profundamente abalado pelo fato já noticiado pela imprensa (lamentável perda do pequeno Miguel)” e que ele, “no momento próprio e de forma oficial, prestará as informações aos órgãos competentes”.
Mas não mencionou o inquérito instaurado nesta sexta-feira pelo Ministério Público de Tamandaré para investigar a irregularidade na contratação de Mirtes Renata como servidora pública do município. No dia 1º de fevereiro de 2017, Sérgio Hacker inseriu a sua funcionária pessoal no quadro dos servidores de Tamandaré. O Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) também iniciou investigações para apurar uma possível improbidade administrativa.
https://extra.globo.com/casos-de-policia/caso-miguel-nunca-imaginei-que-qualquer-mal-pudesse-acontecer-diz-acusada-24465762.html