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Caso Henry: Babá que mudou depoimento pela terceira vez é indiciada por mentir em delegacia


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A babá Thayna de Oliveira Ferreira, contratada para cuidar de Henry Borel Medeiros no apartamento 203 do bloco I do condomínio Majestic, no Cidade Jardim, foi indiciada pelo crime de falso testemunho na 16ª DP (Barra da Tijuca), no dia 22 de setembro. Para o delegado Leandro Gontijo, a funcionária mentiu nas duas declarações prestadas ao também delegado Henrique Damasceno, durante as investigações da morte do menino. Na noite desta quarta-feira, dia 7, ela apresentou uma terceira versão para o caso: afirmou desconhecer agressões à criança e ter sido manipulada por Monique Medeiros da Costa e Silva, mãe de Henry, contra Jairo Souza Santos Júnior, padrasto do menino.

— Foi instaurado inquérito e houve a tentativa de intimação da investigada por duas vezes sem sucesso, mas, a partir da análise das declarações prestadas em sede policial totalmente díspares, opostas, variantes concluímos pelo indiciamento dela. Foi comprovado que ela não tem noção da responsabilidade dela como testemunha, com o dever legal de dizer a verdade — explicou o delegado.

No primeiro depoimento que prestou, em 24 de março, a babá negou ter presenciado qualquer anormalidade na família, a quem disse ter visto reunida no máximo quatro vezes, e garantiu que eles viviam em harmonia. Na ocasião, ela contou costumar dar banho em Henry, definido por ela como uma criança “boa” e “perfeita”, e garantiu nunca ter visto qualquer marca de violência em seu corpo.

Ela relatou que Monique “se esforçava para agradar o filho de todas as formas e demonstrava carinho com ele”. E contou também que Henry, às segundas-feiras, lhe fazia algumas perguntas, como “Tia, por que existe a separação?” Para essa questão, ela diz ter respondido: “Para as pessoas não ficarem brigando, é melhor que se separem.”

A babá de Henry contou aos policiais que iniciou as atividades no apartamento do casal em 18 de janeiro, passando a cuidar de Henry de segunda a sexta-feira, alternando o início da escala de trabalho entre 9h e 11h30, conforme as aulas da escola do menino. Ela narrou que o menino assistia às aulas de maneira tranquila e concentrada e nunca demonstrou nenhuma irritação nem inquietação. A babá relatou ainda que, por volta de 9h30 do dia 8 de março, recebeu uma ligação de Monique, que dizia: “Você não precisa ir trabalhar hoje. Henry caiu da cama. Perdi meu bem mais precioso”.

Em novo depoimento, em 12 de abril, Thayna disse que, por medo, havia mentido. Na ocasião, Monique e Jairinho já estavam presos temporariamente e os peritos já haviam recuperado mensagens que mostraram ela avisando em tempo real a Monique as agressões de Jairinho contra Henry. Ela afirmou que,”por ter visto o que Jairinho tinha feito contra uma criança, ficou com medo que algo também pudesse acontecer com ela própria”. Ela afirmou, ainda, que a avó materna do menino, a professora Rosângela Medeiros da Costa e Silva, tinha conhecimento das agressões sofridas por Henry.

A funcionária disse ter presenciado agressões de Jairinho contra Henry em três momentos, inclusive a narrada a patroa por WhatsApp, em 12 de fevereiro. Nas mensagens, ela dizia que o vereador havia se trancado no quarto com Henry, e logo depois o menino relatou que recebeu “bandas” e “chutes”. A criança estava mancando e apresentava hematomas nos braços e nas pernas.

De acordo com o relatório final do inquérito que indiciou Monique e Jairinho por torturas e homicídio qualificado contra Henry, no entanto, a análise das mensagens trocadas por Thayna revelam que aquelas não foram as primeiras situações de violência à qual Henry fora submetido e ainda que as agressões seriam “bem graves do que foi narrado por ela em sede policial”. Nas conversas, ela chega a afirmar ao pai e ao namorado que, tamanho o desespero de Henry ao ver Jairinho, fez com que ele chegasse a rasgar sua blusa (“Ele gritava horrores”, escreveu). Ela ainda conta ter ganho R$ 100 do ex-vereador para “ficar quieta”.

Ontem, ao prestar depoimento como a sétima testemunha de acusação na primeira audiência de instrução do julgamento do caso, Thayna negou que tivesse tido conhecimento de agressões contra o menino. Ela disse não se lembrar das mensagens de seu celular e relatou ter sido direcionada por Monique a dizer que ela, Jairinho e Henry tinham “uma família linda, de (comercial de) margarina”.

— Eu me senti usada pela Monique durante todo esse tempo, no sentido de que ela tentou me mostrar um monstro do Jairinho, mas eu nunca vi nada dele. Ela me contou várias coisas dele, fez a caveira — declarou a funcionária, enquanto era questionada pelo promotor Fábio Vieira.

No fim da audiência, a juíza Elizabeth Louro Machado, do II Tribunal de Justiça do Rio, determinou que sejam encaminhadas cópias do depoimento para que a 16ª DP apure um novo crime de falso testemunho cometido por Thayna.

Extra.globo.com

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