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Cárie oculta: o que é, como identificar e tratar


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Diferentemente do problema mais comum, a cárie oculta, também conhecida como cárie escondida ou síndrome do flúor, surge quando as bactérias ultrapassam o esmalte dental (a parte mais externa do dente) e começam a corroer a estrutura, motivo pelo qual o caso tende a ser descoberto em um estágio avançado. Dessa forma, o problema não deixa vestígios claros, como os pontinhos pretos na dentição e a típica dor de dente.
“A cavidade no esmalte é tão pequena que se torna praticamente impossível identificar a olho nu ou mesmo com o exame intrabucal (na cavidade bucal), quando se examina inicialmente a saúde da boca do paciente. Daí o termo ‘cárie oculta’, uma lesão na dentina sob a superfície do esmalte dental que, aparentemente, está saudável, porém, desmineralizado por dentro”, explica a Dra. Kamila Godoy, dentista, membro da Associação Brasileira de Ortodontia e pesquisadora da Faculdade de Odontologia da USP.
Causas
A ciência odontológica ainda não chegou a um consenso sobre as causas da doença, mas existe uma série de determinantes prévios que podem facilitar o aparecimento da cárie oculta:
– Uso de fluoretos (composto químico muito comum em géis e substâncias para bochecho). Eles fortalecem o esmalte dentário, mas não a dentina. Assim, através das fissuras na superfície oclusal, ocorre contaminação e destruição do tecido dentário, e não do esmalte.
– Ingestão frequente de açúcares, em especial, do tipo sacarose. O consumo facilita a multiplicação de bactérias, podendo evoluir para a formação de placas bacterianas.
– Defeitos estruturais no dente. O problema pode evoluir em dentes quebrados ou fraturados, pois, ainda que não haja desgaste do esmalte dentário, as bactérias conseguem penetrar facilmente na estrutura e corroer a dentina e a polpa dentária.
Sintomas
Os sintomas da cárie oculta são bem semelhantes aos de uma cárie comum, uma vez que se caracterizam pela corrosão de partes do dente devido à multiplicação bacteriana na cavidade bucal. Os maiores incômodos são mau hálito, hipersensibilidade a alimentos e substâncias em temperatura quente ou gelada, inchaço na gengiva, desconforto ao mastigar alimentos e incômodo ao passar o fio dental entre os dentes.
“Lembrando que, diferentemente da cárie comum, a oculta não apresenta pontinhos ou orifícios visíveis no esmalte dentário, caracterizando-se pela danificação da região interna, não perceptível a olho nu, da estrutura dentária. Por isso, o diagnóstico é mais complexo, quando comparado à disfunção comum, que deixa marcas facilmente identificadas na dentição”, reforça Kamila Godoy.
Diagnóstico
Como o exame clínico visual, normalmente, não identifica a presença da cárie oculta, a indicação é a radiografia interproximal, que registra a coroa dos dentes inferiores e superiores em um raio-X, aumentando as chances de localizar os possíveis danos causados na parte interna do dente. “Importante saber que o uso da sonda exploradora para exame clínico não é indicado, uma vez que essa técnica pode gerar perfurações na área cariada”, alerta a dentista.
Tratamento
Dependendo do estado de comprometimento do dente, o tratamento é o mesmo utilizado para a cárie comum. Realiza-se a restauração dentária para controlar o avanço da doença e recuperar o dente cariado. O processo inclui a remoção da parte deteriorada. Após a limpeza, a cavidade dental é novamente preenchida com um material específico, que pode ser desde porcelana até resinas compostas. Entretanto, em casos mais avançados, o paciente pode passar pelo tratamento de canal (remoção da polpa do dente contaminada pela ação bacteriana) e até mesmo pela extração dentária.
Segundo Kamila, a melhor opção para tratar uma cárie oculta é a técnica da réplica oclusal, que reproduz detalhes anatômicos da cavidade bucal. Em estágios menos avançados, ela consegue agilizar o tratamento, minimizando os possíveis danos.

“Para evitar este e outros problemas, o ideal é sempre a prevenção, tendo cuidado com os hábitos alimentares, evitando uma dieta rica em açúcares e doces, fazendo a escovação com higienização lingual diariamente e sendo acompanhado frequentemente pelo dentista”, finaliza Kamila Godoy.

Assessoria
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