Saúde
Canabidiol: Alternativa para tratar ansiedade e depressão
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Estima-se que 330 milhões de indivíduos ou cerca de 5% da população mundial convive com sintomas da depressão. Este número vem aumentando, sobretudo, por influência da Covid-19. No último ano, a Fiocruz divulgou 20 cartilhas de saúde mental que reforçam, de forma didática, os efeitos do período pandêmico. Acredita-se que sentimentos como preocupação excessiva, estresse, medo, confusão e falta de controle sejam exacerbados a ponto de causar uma manifestação psicopatológica em até 1/2 da população exposta.
No Brasil, a estatística também é expressiva. A depressão é uma doença que atinge 12 milhões de pessoas, segundo dados da organização Mundial da Saúde (OMS) Somos a maior taxa da América Latina e a segunda maior das Américas, ficando atrás apenas dos EUA. Além disso, a agência especializada em saúde pública confirma que somos o país mais ansioso do mundo, com 19,4 milhões de pessoas afetadas com fobia, transtorno obsessivo-compulsivo, estresse pós-traumático, ataque de pânico, dentre outros sintomas.
UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL
Pessoas com depressão e transtorno de ansiedade, geralmente, são estigmatizadas pela sociedade. Primeiro, é preciso entender que não se tratam de fraqueza, ausência de espiritualidade ou uma forma de chamar atenção. No caso da depressão, por exemplo, ocorrem desequilíbrios na bioquímica cerebral que impactam a serotonina, um neurotransmissor ligado à sensação de bem-estar.
Por este motivo, o tratamento faz-se extremamente necessário para devolver a qualidade de vida do indivíduo. Em geral, o paciente se beneficia com ajuda do psicólogo e psiquiatra.
A psicoterapia facilita a tomada de consciência, além de ajudar a entender e enfrentar a doença que, quase sempre, é difícil de lidar sozinho. É possível, ainda, identificar os fatores desencadeadores dos sintomas de ansiedade, que pode ser um pensamento, um conflito interno, uma crença, uma frustração, etc.
Já o tratamento farmacológico conta com antidepressivos para regular a química cerebral. Segundo o Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde, existem antidepressivos tricíclicos (ADT), inibidores da monoamina oxidase (IMAO), inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN).
Porém, os antidepressivos comerciais podem levar até quatro semanas para promover efeitos significativos. Foi pensando nisso que pesquisadores da USP e da University Research Foundation, da Dinamarca, encabeçaram um estudo para avaliar o efeito do Canabidiol no tratamento da depressão.
O PAPEL DO CANABIDIOL NO TRATAMENTO DE TRANSTORNOS MENTAIS
O canabidiol é um óleo extraído da planta da maconha (Cannabis sativa) com ação terapêutica no tratamento de diversas doenças, inclusive psiquiátricas. Ele atua no sistema nervoso central e não possui propriedades psicoativas e nem efeitos cognitivos. Dentre os seus principais efeitos benéficos, estão:
· relaxamento muscular;
· redução da ansiedade e diminuição da tensão;
· melhora do humor;
· provoca analgesia sobre dores neuropáticas e oncológicas;
· diminui a percepção da dor;
· ação anticonvulsivante;
· diminui a pressão intraocular.
Há cerca de 30 anos, o CDB é estudado no Brasil. Apesar do pioneirismo, pode-se dizer que atravessamos décadas de polêmicas até que em 2015 o componente foi retirado da lista de substâncias proibidas e atualmente a droga, cuja segurança já foi provada em estudos, teve sua eficácia reconhecida.
Em 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o primeiro produto de Cannabis, com concentração de 200 mg/mL. Posteriormente, as concentrações de 20 mg/mL e 50 mg/mL também foram liberadas. As soluções de uso oral são prescritas através de receituários de controle especial do tipo B (azul), assim como produtos com concentração de tetra-hidrocanabinol (THC) de até 0,2%. Concentrações superiores são prescritas a pacientes terminais com receituário do tipo A, com validade de 30 dias.
É importante ressaltar que o canabidiol é restrito a casos específicos cujo tratamento farmacológico não apresenta resultados satisfatórios. No caso de pacientes com histórico de depressão, os medicamentos não são considerados eficazes em 40% dos casos.
Além disso, esses produtos podem apresentar efeitos colaterais como tontura, comprometimento da memória, sonolência, náusea e vômitos. Em alguns casos, pode ser necessário apresentar uma declaração de responsabilidade assinada pelo médico.
Porém, tudo indica que esses produtos se tornem mais populares e acessíveis como em muitos países ao redor do mundo. Somente nos EUA, o uso medicinal da maconha já é regulamentado em 34 estados.
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