Agronegócios
Cafeicultor em Mato Grosso planta mata nativa para formar reserva legal
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Uma propriedade sem reserva legal, que hoje exibe uma exuberante mata com espécies nativas e cuja consciência ecológica chegou também no cafezal, onde a irrigação tradicional foi substituída por gotejamento para economizar água. Assim é a propriedade Antônio Miguel Beitum, 70 anos, em Tangará da Serra.
A história do seu Antônio Miguel é tema do quinto episódio da série do Canal Rural, MT Sustentável.
Natural de Assis, região sudoeste de São Paulo, Antônio Miguel mora em Mato Grosso desde 1978. Foram 16 anos de trabalho duro até comprar uma propriedade rural no município de Tangará da Serra, onde vive com a família, até hoje.
Os 25 hectares adquiridos ficam próximos à zona urbana, exatamente na região das nascentes do rio que abastece o sistema de água da cidade. Quando chegou a represa já existia, mas faltava algo.
“Não tinha nada. Você podia ver as pastagens que está aí. Os pastos vinham até na beira da represa. A gente teve esta iniciativa de reflorestar”, conta Antônio Miguel.
A iniciativa de reflorestar começou a tomar forma em 2008 quando o cafeicultor conseguiu mudas de espécies nativas, no viveiro da prefeitura.
Em cerca de dois anos, segundo ele, o plantio foi concluído. Foram plantadas aproximadamente 2,5 mil mudas.
“Você tem que cuidar como se fosse uma lavoura. Você não vai aplicar herbicida, porque está próximo do rio. Tipo assim, sai uma grama, você tem que ir lá e carpir cm a enxada. Limpando e cuidando e deixar a mata crescer e reflorestar”.
Exemplo que virou projeto com áreas vizinhas
A mata plantada por Antônio Miguel cresceu e formou um corredor de cinco hectares que protege as nascentes e o leito do rio. A iniciativa dele, alguns anos depois, serviu de exemplo para um projeto desenvolvido com os proprietários de áreas vizinhas.
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“Foi realizado um trabalho de visitas, um diagnóstico para identificação dos problemas e também um trabalho de conscientização desses produtores. Então, nós temos pequenos, médios e grandes produtores participando desse trabalho e nós vemos exemplos interessantes na Bacia do Queima Pé, onde já existe uma consciência de preservação”, comenta o consultor ambiental Décio Siebert.
Cafezal com irrigação por gotejamento
O sustento da família do seu Antônio Miguel vem do cafezal que ocupa cerca de 40% da propriedade. A plantação é toda irrigada, mas a modalidade aplicada é a que causa o menor impacto ao meio ambiente. Os pés de café recebem água por gotejamento. Água que vem da represa.
“A gente gasta menos água. Você sabe que hoje a preservação do meio ambiente é muito importante, de gastar pouca água. E outra coisa, diminui a mão de obra, porque se eu for trabalhar com outro tipo de irrigação dá muito serviço, enquanto o gotejo instalou as mangueiras de baixo do pé e ligou a bomba não tem mão de obra nenhuma”.
Segundo o produtor, o uso da irrigação ocorre nos meses de julho e agosto, no forte da estiagem quando o cafezal floresce. São 16 mil pés de café clonal que mantém a tradição da família de cafeicultores. Seu Antônio Miguel planta, beneficia, faz a torra e vende toda a produção, cerca de 300 sacas por ano, direto ao consumidor.
“Com certeza ninguém fica sem o cafézinho, né? Tem que ter o cafezinho pra tomar, todo dia!”, diz ele.
canalrural.com.br