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Cabo entrega dispositivos a delegados como prova de grampos


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O cabo da Polícia Militar Gerson Correa Júnior entregou à Polícia Civil um pendrive que contém supostas ligações que podem comprovar a veracidade do esquema de interceptações telefônicas ilegais ocorridas em Mato Grosso.

Ainda foi entregue pelo militar um dispositivo chamado hardlock – semelhante a um pendrive, utilizado para restringir o uso de um determinado programa – da marca Wytron, que pertenceria ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). O dispositivo é necessário para a instalação das placas de escutas ilegais, que segundo o cabo Gerson, foram jogadas no Rio Cuiabá em 2017.

Conforme apurou a reportagem, os objetos dariam respaldo a um possível acordo de colaboração premiada que pode ser firmado junto aos delegados que estão à frente das investigações do esquema conhecido como “grampolândia pantaneira”.

Os delegados Rafael Mendes Scatolon, Luciana Batista Canaverde e Jannira Laranjeira Siqueira Campos são responsáveis pelos inquéritos policiais do caso. As investigações, quando concluídas, devem ser encaminhadas a 7ª Vara Criminal de Cuiabá e ao desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

O cabo Gerson chegou a falar durante interrogatório na Justiça Militar que não haveria provas concretas que comprovassem os grampos clandestinos em Mato Grosso, e que apenas o ex-secretário chefe da Casa Civil, Paulo Taques, poderia ter os pendrives com as interceptações telefônicas.

O dispositivo já foi encaminhado para a perícia técnica, para verificar a procedência e possíveis informações contidas no objeto.

Placas cedidas

O procurador-geral de Justiça José Antônio Borges informou que o Ministério Público Estadual (MPE) cedeu formalmente à Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) duas placas e um hardlock da marca Wytron, no ano de 2010.

Segundo Borges, a assinatura do termo coube ao então procurador-geral de Justiça Marcelo Ferra de Carvalho e o secretário-adjunto de Assuntos Estratégicos da Sejusp à época, Alexandre Bustamante dos Santos.

Ainda segundo o chefe do MPE, as investigações a respeito do uso das placas continuam e outras diligências estão sendo realizadas para elucidação do caso.

“Inclusive para saber se as placas chegaram a ser devolvidas ao Ministério Público ou se os equipamentos tiveram outro destino, uma vez que ainda não foram localizados”, afirmou.

Gerson e a Grampolândia

Em reiterrogatório que ocorreu no dia 17 de julho na Justiça Militar, o cabo Gerson fez acusações a promotores do Gaeco, como uso de “relatórios fraudulentos” para justificar grampos ilegais e desvio de finalidade de uma verba secreta destinada a ações de investigação. 

Ao todo, ele cita que seis promotores teriam praticado irregularidades no grupo. Um dos casos citados pelo cabo é de que as placas utilizadas inicialmente para realizar escutas telefônicas foram cedidas pelo procurador-geral de Justiça à época, Paulo Padro. 

O cabo Gerson ainda responsabiliza o ex-governador Pedro Taques (PSDB) e o primo dele, o ex-chefe da Casa Civil Paulo Taques, de usarem do esquema para, entre outras coisas, escutar adversários políticos.

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