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Brizola, um líder épico – Por Henrique Matthiesen
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A celebração do centenário de nascimento de Leonel Brizola nos traz, além da nostalgia de um Brasil que poderia ser, caso tivesse chegado à presidência da república, como também nos rememora os seus feitos extraordinários e as suas lições.
Marcas indeléveis de sua riquíssima trajetória foram a coerência, a obsessão pela educação, o seu nacionalismo inegociável, e seu destemor para as grandes lutas. Entretanto, há uma característica peculiar em Brizola, que pouquíssimos homens públicos podem ousar em reivindicá-lo: Brizola era um líder épico.
Ao revisitar a História Brasileira do último século identificaremos a ousadia, a liderança e a coragem de Brizola em momentos cruciais de nossa pátria.
Não bastasse chegar ao Governo do Rio Grande do Sul, aos 33 anos, e realizar a maior obra educacional jamais vista no Brasil até a contemporaneidade com a construção de mais de 5.500 escolas, ou fazer a reforma agrária no conturbado ambiente político brasileiro das décadas de 1950 e 1960, assim como a desapropriação de empresas americanas que humilhavam o povo gaúcho, Brizola demonstrou que era possível um governante não ser vassalo dos interesses não pátrios. Um dos feitos mais épicos de sua existência foi o episódio da Legalidade, em 1961, quando Brizola derrotou o golpe, entrincheirado no Palácio Piratini, com um microfone em punho levantou o povo brasileiro para defender a Constituição.
Dizia ele: “Sejam quais forem as circunstâncias, eu vou ficar com a Constituição.” E assim o fez, correndo o risco de ser morto por bombardeio ordenado pelo comando golpista, que não aceitava a posse de João Goulart, vice-presidente da república, que deveria assumir com a renúncia do presidente, Jânio Quadros.
Sem titubear, Brizola escrevia as páginas mais dramáticas e grandiosas de nossa História. Pagou caro pelo seu feito. Considerado inimigo número 1 dos golpistas de 1964, amargou 15 anos de exílio.
Como governador do estado do Rio de Janeiro, aliás Brizola foi o único político brasileiro a governar dois estados da Federação, todos eleitos democraticamente pelo voto direto do povo, outro fato épico de sua trajetória foi a sua batalha contra as Organizações Globo, do todo-poderoso Roberto Marinho, que por meio do seu império de comunicação (jornais, rádios e tevês) promoveu uma das mais odiosas e covardes campanhas contra Brizola.
As manipulações, as inverdades e os ultrajes cometidos eram diários e sórdidos em todos os sentidos. Até que em 15 de março de 1994, Leonel Brizola conquistou uma impensável vitória: a leitura durante o Jornal Nacional, por Cid Moreira, do seu direito de resposta contra a Rede Globo, conquistado na justiça. Fato que representa, até hoje, um marco épico do processo de defesa da honra de uma figura pública no jornalismo brasileiro.
Didático este feito marcou a história da política brasileira, demonstrando mais uma vez a liderança épica do que foi Leonel Brizola.
Esses são alguns fatos pincelados de sua vida, de líder político e de exemplo.