Agronegócios
“Brasil tem avançado muito na qualidade da fibra”, diz chefe-geral da Embrapa
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“A fibra brasileira e os mercados compradores” foi o tema de uma das salas temáticas que integrou a programação do segundo dia do 12º Congresso Brasileiro do Algodão.
Os participantes tiveram a oportunidade de ver um panorama da qualidade da fibra de algodão brasileiro pela perspectiva de produtores e compradores. Na ocasião, foram apresentadas estatísticas de qualidade da fibra de todas as principais regiões produtoras de algodão no país e como essa qualidade está sendo percebida pela indústria nacional e internacional.
“A qualidade de fibra é uma área bem interessante e o Brasil tem avançado muito. O algodão brasileiro está tentando ganhar uma reputação do produto de boa qualidade. Há um progresso muito grande nos últimos cinco, dez anos”, acredita o coordenador da sala, Liv Severino, agrônomo e chefe geral da Embrapa Algodão.
Para ele, o Brasil avançou muito na questão de qualidade de fibra, mas ainda há muito o que melhorar. “É uma coisa interessante que quando a gente avança, começa a compreender o quanto precisa avançar ainda mais. É o contrário do que seria o senso comum. Hoje a gente está visualizando muitas outras coisas que a gente precisa agora começar a trabalhar. Na verdade, pela estrutura que foi montada em qualidade da fibra agora nós temos condição de atacar coisas muito mais ambiciosas. Realmente, o algodão está melhorando muito a qualidade, estamos conquistando este reconhecimento. Agora, temos que mantê-lo dando passos muito maiores para o futuro”, aponta Liv.
O técnico têxtil Edson Mizoguchi, gestor do Centro de Referência em Análise de Algodão (CBRA) Abrapa, também participou da discussão com a palestra “Classificação HVI da fibra brasileira”. Ele mostrou aos presentes a evolução da classificação do algodão ao longo dos últimos anos, o que gerou uma uniformização dos resultados obtidos garantindo precisão e confiabilidade.
“O programa de análise de classificação tecnológica do algodão tem como objetivo principal garantir o resultado de origem e dar credibilidade e transparência a esses resultados. Para tanto, era necessário que o Brasil tivesse um centro que pudesse ser referência para os demais laboratórios. Assim, surgiu o Centro Brasileiro de Referência em Análise de Algodão (CBRA), laboratório central situado em Brasília, com certificação internacional. Nosso principal programa é o algodão de checagem”, explica Edson.
A análise com HVI é feita em quase 100% do algodão nacional, diz Ariel Coelho, engenheiro industrial, diretor da CDI do Brasil, filial da CDI Cotton Distributors INC. “Crescemos em produção e qualidade e hoje somos o maior produtor do hemisfério sul”, conta.
Em sua palestra, Ariel falou sobre o mercado comprador dessa safra gigante que está sendo colhida agora destacando, ao lado da China, país que foi o maior importador do algodão brasileiro em 2018, países como a Indonésia, Bangladesh e Turquia e em menor escala o Paquistão.
” O algodão brasileiro é bem parecido com o americano, com boa penetração no mercado internacional, principalmente o asiático. Nosso algodão tem certificação BCI, o que garante a sustentabilidade e cria um cenário confortável, com produtores que cumprem todas as regras e honram contratos.
O encontro teve, também, a presença do matemático, técnico têxtil e classificador de algodão Francisco Freitas, que trouxe um pouco de sua experiência como gerente industrial no Grupo Vicunha, desde 1986, para falar sobre “A qualidade da fibra para as indústrias brasileiras”, tema de sua palestra. Para Freitas, o algodão brasileiro tem atingido as necessidades da Vicunha.
“Cada vez mais utilizaremos o algodão nacional. E agora que o Brasil tem a disponibilidade de fornecer algodão o ano inteiro evita que precisemos importar”, comemora. Contudo, para fortalecer o algodão nacional, ele apontou as melhorias que se fazem necessárias a exemplo da contaminação por metais, como parafusos e peças metálicas; plástico amarelo, entre outros materiais. “A contaminação por metais é uma das mais preocupantes, porque pode ocasionar incêndios nas fábricas, causando danos à indústria”, alerta.