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Brasil rural vive um problema estrutural onde a mão de obra está cade vez mais escassa – Por JÚLIO CAMPOS NETO


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Nos últimos meses a população brasileira vêm encontrando nas prateleiras dos supermercados e nas feiras das cidades os alimentos com os preços muito superiores ao encontrados nos meses superiores.

Itens alimentícios como carnes, verduras, óleos e frutas tiveram seus preços alterados a uma taxa muito superior aos índices oficiais de inflação e de reposição salarial fazendo a classe média e as classes menos favorecidas verem os salários comprarem cada vez menos a comida necessária para a manutenção das suas famílias.

Infelizmente, a alta dos preços dos alimentos não é só um problema sazonal, muito pelo contrário, o Brasil rural vive um problema estrutural onde a mão de obra está cade vez mais escassa, equipamentos e insumos caros e atrelados a flutuação do dólar, falta de assistência técnica na medida necessária e principalmente a sucessão familiar da pequena propriedade.

O Brasil é reconhecido internacionalmente como um grande produtor de alimentos. Mas, sem políticas públicas séria que auxiliem o pequeno produtor rural a ficar na sua terra e produzir alimentos de qualidade para a nossa população, em breve, poderemos ver novamente a fome assolar as famílias de baixa renda das cidades do nosso país

O Brasil agrário tem sua originem marcada pelas grandes propriedades, oriundas das sesmairias e caracterizadas pelas monoculturas aonde a propriedade produz um só tipo de cultura.

Este modelo de exploração da terra se iniciou no período colonial com os portugueses que introduziu a cana de açúcar no litoral nordestino e depois foi se expandido pelo restante do litoral e no sertão brasileiro produzindo café, pastos para o gado e mais recentemente soja, milho e algodão.

O sistema latifundiário de exploração tem o foco no mercado externo, em atender as necessidades dos países ricos como a China, Estados Unidos, Canadá e União Européia.

Já as pequenas propriedades rurais, um modelo diferente dos latifúndios dos períodos coloniais, tem seu foco na produção de alimentos para abastecerem os mercados das cidades.

Estas propriedades, em sua maioria, são administradas por famílias de colonos e seus descendentes oriundos da Europa que vieram durante a primeira e segunda grande guerra.

Durante um bom período, os filhos desses pequenos proprietários ficavam na própria terra e seguiam orgulhosamente o ofício dos pais produzindo os alimentos que abastecem as cidades.

Porém, nos últimos anos, os recursos oriundos do trabalho e produção dessas propriedades foram utilizadas para a educação dos herdeiros que hoje são alguns dos médicos e letrados da cidade.

Com este êxodo ocorrendo nas pequenas propriedades rurais brasileiras e com o avanço da idades dos atuais assentados na propriedade, muitas pequenas propriedades que produziam leite, queijo, ovos, mel, verduras e etc… estão deixando de produzir e com isso ocasionando a diminuição e o encarecimento dos produtos agrícolas de consumo familiar.

O Brasil é reconhecido internacionalmente como um grande produtor de alimentos.

Mas, sem políticas públicas séria que auxiliem o pequeno produtor rural a ficar na sua terra e produzir alimentos de qualidade para a nossa população, em breve, poderemos ver novamente a fome assolar as famílias de baixa renda das cidades do nosso país.

JÚLIO CAMPOS NETO é administrador de empresas em Cuiabá e produtor rural de alimentos agroecológicos.

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