Agronegócios
Brasil é o segundo maior consumidor de café do mundo
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O café é uma das bebidas mais consumidas no mundo. Seja como for, quente, gelado ou que faça parte de alguma receita. Hoje é um hábito cultural. O grão é um dos principais produtos do agronegócio, é fonte de receita e movimenta a economia de diversos países, o Brasil é o maior exportador de café do mundo.
Uma pesquisa realizada pela ABIC revolou o perfil do consumidor de café brasileiro. A mais recente empreitada da Associação nesse sentido é a pesquisa “A identificação do perfil do consumidor de café que busca por qualidade”, que traz a visão de 5.460 apreciadores e apreciadoras de café sobre o produto, com mais de 180 mil respostas. O estudo é o maior já realizado sobre consumo de café no Brasil. “Em um momento tão desafiador para todo o setor cafeeiro, entender os movimentos do consumidor é essencial para guiar a indústria”, justifica Celírio Inácio da Silva, Diretor Executivo da ABIC.
Realizado no segundo semestre de 2021, a pesquisa inédita retrata a realidade do consumo de café em 14 municípios brasileiros, revelando a força do produto em todas as regiões do país. As cidades participantes foram: São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Brasília (DF), Curitiba (PR), Belém (PA), Uberaba (MG), Petrolina (PE), Feira de Santana (BA), Novo Hamburgo (RS), Caxias do Sul (RS), Maringá (PR) e Blumenau (SC).
Quem são e como se relacionam com o café?
A amostra abrangente de 5.460 pessoas entrevistadas teve como ponto de partida o fato de todas elas se autodeclararem apaixonadas por café. A faixa etária de maior predominância na pesquisa nos se estabeleceu entre 31 e 50 anos.
Em relação ao conhecimento sobre café, o grupo foi dividido em três perfis:
– Público Geral – Tomam café comum, não entendem sobre cafés diferenciados, o assunto não é prioridade. Em sua maioria, consomem café Tradicional e Extraforte e representaram 83% do grupo entrevistado;
– Entusiastas – Entendem um pouco mais de café, compram cafés diferenciados, são curiosos com o assunto. São consumidores de cafés das categorias Tradicional, Gourmet e Especial e representaram 12% entre os entrevistados;
– Especialistas – Entendem muito de café, já fizeram cursos, podendo ou não trabalhar na área, verbalizam sobre o assunto de maneira técnica. Consomem prioritariamente cafés Gourmets e Especiais e representaram 5% dos entrevistados.
Como consomem?
Quando perguntados sobre onde costumam comprar café, o local “supermercado” foi o mais citado entre o Público Geral (89%), seguido pelos Entusiastas (71%) e pelos Especialistas (38%).
Em relação às marcas preferidas, é interessante notar que os Especialistas citam poucas, relatando não terem tantas favoritas, enquanto o Público Geral tem bem claras quais são as marcas prediletas. No que tange ao formato de como são comprados os cafés, o público se dividiu desta forma:
– Moído: é o tipo mais consumido, por todos os grupos, já comprados assim;
– Moído na hora em cafeteria: entusiastas e especialistas costumavam visitar cafeterias e pedir o café moído na hora, levando então para consumo domiciliar;
– Grãos: mais usados por especialistas e por alguns entusiastas, especialmente, em São Paulo, MG e Curitiba;
– Cápsula: consumido, pontualmente, por entusiastas. Tem ainda uma visão “premium” perante entusiastas de Belém, Brasília, Recife e Rio de Janeiro.
Especialistas consideram ser de menor qualidade, pois não há o conhecimento de todo o processo. Para os três grupos, a relação com o café mostra abordagens diferentes. Enquanto para o Público Geral, café é hábito, para os Entusiastas, é experimentação e para os Especialistas, é qualidade.
Café e sensações
Um dos objetivos da consulta foi apresentar os sentimentos do consumidor frente ao café. Independentemente do cenário pandêmico, para os pesquisadores ficou evidente a percepção de como o café é um produto versátil, gerando uma variedade de sensações como: do despertar ao relaxamento, do coletivo ao individual, entre muitos outros.
“Eu acho que café é tudo, né? Só começo a trabalhar ou a fazer qualquer coisa depois do café. Antes disso, não dá. Café acalma, tira a dor de cabeça, é a vida”, disse uma das entrevistadas do Público Geral, moradora de Curitiba.
Prazer é um sentimento forte junto aos apreciadores de café. O sentimento que se destacou na pesquisa, no entanto, foi o prazer. “Os apreciadores relatam que provar um ‘excelente café’ cria sensações prazerosas, marcadas por lembranças de bem-estar e felicidade, algo que traz satisfação e deve ser compartilhado com uma pessoa querida”, conta Giuliana Bastos, do São Paulo Coffee Hub, empresa de inteligência de mercado especializada em café, responsável pela pesquisa.
“A gente fala que o café é um abraço em forma líquida, é uma sensação boa quando tomamos um café quentinho”, respondeu um dos entrevistados, morador de São Paulo.
Café sem açucar
Uma das surpresas da pesquisa foi a tendência do apreciador consumir cafés sem açúcar. Cerca de 34% do público geral (aquele que conhece menos sobre o produto) gosta de apreciar a bebida sem adoçá-la (diante de 39% que preferem café com açúcar). Entre os entusiastas, essa média chega a 49%
(e 28% tomam com açúcar) e, entre os especialistas, aqueles mais entendidos sobre o tema, chega a 81% (apenas 16% bebem com açúcar).
Qualidade e mudanças com a pandemia
Em todos os grupos, o aroma do café é o atributo mais significativo quando se fala em qualidade (27% do Público Geral prioriza essa característica; 25% dos Entusiastas; e 24% dos Especialistas indicaram a característica como a mais importante). A resposta se destacou entre outros nove atributos descritos como possíveis respostas à questão. E a relevância do aroma é presente tanto no momento de compra e no ato de analisar a embalagem em relação ao aspecto (se ajuda ou não a preservar o aroma), quanto no momento de preparo.
Especialistas possuem o mesmo comportamento do Público Geral e Entusiastas frente aos sentimentos de um excelente café. Para os três grupos, tal bebida precisa ser compartilhado com a pessoa que se ama. A maioria das respostas menciona maridos, esposas e namorados. Um excelente café traz prazer, satisfação e felicidade. Os entrevistados relataram uma mudança no consumo de café durante a pandemia. No geral, passaram a consumir mais café na pandemia e/ou estudar sobre café. O café foi um aconchego para todos durante esse tempo.
Outra novidade foi o aumento da preocupação com a sustentabilidade. O tema aparece em destaque para todos os perfis de consumidores, estando entre os quatro atributos mais importantes quando se pensa em qualidade e, ainda, são decisivos na compra de um café.
A pesquisa foi divulgada pela ABIC.
Agrolink.com.br