Agronegócios
Brasil e Canadá formalizam cooperação na área agrícola
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A Embrapa e o Agri-Food Canada (AAFC) assinaram no dia 22 de julho de 2020 Memorando de Entendimento (MOU) que formaliza a cooperação técnica entre as duas instituições. Em decorrência da pandemia causada pelo novo coronavírus, o documento foi assinado virtualmente pelo presidente da Embrapa, Celso Moretti, e pelo vice-ministro adjunto do Departamento de Ciência e Tecnologia do AAFC (STB, sigla em inglês), Gilles Saindon. O MOU consolida uma parceria que já existe desde meados dos anos 2000 nas áreas de melhoramento genético de trigo e mudanças climáticas, e abre portas para novas pesquisas e inovações em campos avançados da ciência, como edição gênica e agricultura de precisão.
Apesar das diferenças climáticas e socioeconômicas, Brasil e Canadá são países continentais com desafios semelhantes no que se refere à produção de alimentos, produtos agroindustriais e sustentabilidade dos sistemas agropecuários. Essa convergência de interesses em prol do desenvolvimento de soluções e inovações para a agricultura foi ressaltada pelos dirigentes da Embrapa e do AAFC durante a cerimônia virtual de assinatura do documento, que contou ainda com a participação dos diretores de P&D e Inovação e Tecnologia, Guy de Capdeville e Adriana Martin, respectivamente; do coordenador do Labex EUA, Alexandre Varella, além de secretários, gestores e pesquisadores das duas instituições.
“Nem mesmo a pandemia nos impediu de discutir, avançar e assinar esse documento tão importante para formalizar e estreitar a parceria com a Embrapa”, destacou Saindon. Ele disse que nas várias vezes em que visitou o Brasil, teve a oportunidade de conhecer diversas unidades da Empresa em diferentes regiões brasileiras e sempre identificou oportunidades de interação com o STB. Hoje, o departamento, que é o braço do AAFC para a ciência e tecnologia no Canadá, conta com 20 centros de pesquisa e coordena aproximadamente 900 projetos voltados à agropecuária.
O presidente da Embrapa ressaltou que até nesse ponto as instituições são similares, visto que o portfólio de pesquisa da Embrapa hoje também conta com cerca de 900 projetos. Moretti comemorou a formalização da parceria e a importância que representa para fortalecer a sustentabilidade e a competitividade do agro dos dois países.
Ele enfatizou a importância da ciência e da cooperação com instituições brasileiras e internacionais para o desenvolvimento da agricultura. “Essas foram as principais bases para que o Brasil saltasse da posição de importador de alimentos, na década de 1970, para um dos principais players do agronegócio mundial atualmente”, pontuou o presidente. A “saga brasileira, como define Moretti, teve como principais pilares: a transformação dos solos pobres e ácidos em terras férteis, a tropicalização de plantas e animais e a construção de uma plataforma sustentável.
“A assinatura do Memorando de Entendimento com o AAFC abre horizontes para a troca de conhecimentos e experiências em novas áreas, que vão garantir a continuidade do crescimento do agro dos dois países, como segurança alimentar e nutricional, biotecnologia, Big Data, Machine Learning, entre tantas outras”, celebrou o presidente.
O passado e o presente da cooperação: mudanças climáticas e cereais
Durante a reunião, foram apresentadas ações de PD&I desenvolvidas entre a Embrapa e o AAFC. A primeira, exposta pela pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão Beata Madari, envolveu estudos colaborativos para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, entre os quais destacam-se: o desenvolvimento de ferramentas e modelos moleculares para medir e reduzir as emissões de gases de fertilizantes usados na agricultura e aumentar o sequestro de carbono em solos agrícolas e a adaptação de alimentos com tolerância a estresses climáticos.
Na segunda, o pesquisador do AAFC Brent McCallum apresentou as pesquisas voltadas ao melhoramento genético de trigo, com foco no desenvolvimento de plantas de trigo da variedade Toropi com resistência à ferrugem da folha do trigo, uma das doenças mais nocivas a essa cultura, capas de causar perdas de 50% no rendimento de grãos. Os estudos resultaram no desenvolvimento de mais de 100 plantas, que estão sendo testadas no Canadá desde 2016.
Como desafios futuros, MacCallum ressaltou a necessidade de dar continuidade as pesquisas com o trigo Toropi, avaliando as variedades em condições de clima no Brasil e no Canadá. Além disso, reforçou também a importância de manter o intercâmbio de pesquisadores e estudantes entre os dois países, e investir em outras questões relacionadas à melhoria da qualidade de trigo, incluindo pesquisas de ponta nas áreas de biotecnologia e edição gênica.
O futuro da parceria: edição gênica e agricultura de precisão
As áreas de edição gênica e agricultura de precisão e digital foram elencadas pelas instituições como prioritárias para a cooperação, não só com cereais, mas com outras culturas agrícolas de interesse mútuo, incluindo plantas e animais.
Segundo o diretor de P&D, Guy de Capdeville, serão realizados dois workshops entre os meses de setembro e novembro de 2020 para definição de equipes e linhas prioritárias de pesquisas nessas áreas. Os dois eventos terão coordenação conjunta.
O workshop de edição gênica será coordenado por parte da Embrapa pelo presidente e secretário-executivo do portfólio Biotecnologia Avançada Aplicada ao Agronegócio, Alexandre Nepomuceno e Hugo Molinari, respectivamente. Pelo AAFC, por Étienne Lord, pesquisador de Inteligência Artificial e Louis Longchamps, ambos do STB.
O de agricultura de precisão ficará sob a responsabilidade do presidente do portfólio Automação e Agricultura de Precisão e Digital, Ricardo Inamasu, e da secretária-executiva, Angélica Leite, pela parte da Embrapa. A coordenação por parte do AAFC será da pesquisadora Stacy Singer.
Os projetos de cooperação científica (PCC) serão iniciados em 2021.
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