AL/MT
Botelho diz que presidente não tem interesse em ferrovia na Capital e defende industrialização da Baixada Cuiabana
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O presidente da Assembleia Legislativa (ALMT), deputado Eduardo Botelho (DEM) mostrou descontentamento com o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), que não demonstra interesse em trazer os trilhos da Ferronorte de Rondonópolis até Cuiabá.
De acordo com o democrata, a falta de interesse do Governo federal fez com ele e o deputado Carlos Avalone (PSDB) apresentasse o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 16/2020, permitindo que o Governo de Mato Grosso posse fazer concessões de ferrovias. O texto foi aprovado pela Assembleia no fim do ano de 2020 e a ideia, segundo o parlamentar, é permitir que a região da Baixada Cuiabana tenha um terminal rodoferroviário, capaz de trabalhar com produtos e mercadorias vindos em contêineres pela ferrovia.
“O projeto permite o Estado fazer a concessão da rodovia, pois temos um governo federal que não tem o interesse de fazer a ferrovia chegar, por exemplo, de Rondonópolis até Cuiabá. Não demonstra vontade, pois há outros interesses que querem fazer a Ferrogrão, saído de Lucas do Rio Verde. A Ferrogrão é bem vinda e nós a esperamos, mas e a região da Baixada Cuiabana vai ficar sem ferrovia, sem industrialização? Vai ficar isolada?”, questionou Botelho, em entrevista à Rádio CBN, na manhã desta terça-feira (19).
Botelho ainda relatou ter sido questionado pelo Ministério da Infraestrutura, por conta do projeto que autoriza a concessão estadual. “Chegou a ligar alguém do ministério, para dizer que não poderíamos fazer isso, que estaríamos querendo passar por cima do ministério. Nós não queremos passar por cima do ministério, mas fazer com que a ferrovia chegue a Cuiabá. Se o governo federal não fizer, nós vamos cobrar que o governador Mauro Mendes faça a concessão”.
O democrata defende que a chegada da Ferronorte é importante para a industrialização e que já há uma conversa adiantada com a Rumo, empresa responsável pelo terminal rodoferroviário. Com a renovação antecipada da concessão da Malha Paulista obtida em maio de 2020, a empresa já começou a investir parte dos R$ 6 bilhões destinados a preparar essa ferrovia para a movimentação de 75 milhões de toneladas anuais até 2026.
“O primeiro passo para a industrialização é a ferrovia, pois vai baixar o custo dos produtos, por conta do transporte. É um passo importante para a industrialização. Não podemos ficar em um estado eminentemente de commodities, que são as matérias não industrializadas. O agronegócio gera emprego, mas muito pouco”, opinou.
A Ferrogrão, realmente, parece mais perto de se concretizar, tanto que Bolsonaro postou em suas redes sociais uma imagem do traçado da ferrovia, garantindo que o Governo federal está empenhado em realizar a obra. “A Ferrogrão cria uma integração ferrovia-hidrovia-portos e retira 1 milhão de toneladas de CO2 na atmosfera ao substituir por meios logísticos menos poluentes e de gigantesco porte. Missão começa a ser cumprida pelo Governo federal em 2021 com o leilão de concessão”.
Olhar Direto