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Biotecnologia: um caminho para a agricultura sustentável


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Atualmente, estima-se que em 2050 o planeta terá mais de 10 bilhões de habitantes, mas a área destinada à agricultura permanecerá a mesma. Sendo assim, para que seja possível alimentar toda a população mundial sem um esgotamento de recursos naturais, os avanços no setor serão cada vez mais indispensáveis. E é nesse cenário que uma peça fundamental tem caminhado em constante evolução: a biotecnologia.

Mas afinal, o que a biotecnologia representa? Como ela impulsiona o desenvolvimento da economia verde no Brasil? Quais são os impactos nas culturas cultivaras no país? Para responder essas e mais perguntas a respeito dessa inovação, a MundoCoop conversou com exclusividade com o Diretor de Ciências Regulatória da Bayer, Geraldo Berger.

Confira!

O que é a biotecnologia?

Biotecnologia é um ramo da ciência que aplica os conceitos e métodos da moderna genética e da biologia molecular na geração de novos produtos na saúde, em processos industriais, na agricultura com o intuito de gerar soluções que tragam benefícios ambientais e econômicos ao mercado possibilitando uma produção mais sustentável. Aliada à agricultura, a biotecnologia torna o cultivo de plantas mais eficiente, permitindo a utilização de tecnologias de cultivo que reduzem as perdas e aumentam a produtividade nas lavouras.

No Brasil, qual o papel da biotecnologia na agricultura? Quais os impactos socioeconômicos e ambientais da biotecnologia?

Estima-se que em 2050 a Terra terá mais de 10 bilhões de habitantes, no entanto, a área destinada à agricultura será a mesma. Para que se consiga alimentar todas essas pessoas sem exaurir nossos recursos naturais e adequar essa equação, a biotecnologia é e será peça fundamental na produção dos alimentos.

Características como a tolerância a herbicidas e resistência a pragas evitam perdas, aumentam eficiência e podem reduzir custos – o que, consequentemente, gera benefícios econômicos para toda a cadeia produtiva. Além disso, o uso associado de produtos da biotecnologia com tecnologias modernas e conservacionistas (como o plantio direto, agricultura de precisão e agricultura digital) permite uma utilização mais eficiente do solo. Outro reflexo são as novas possibilidades que a biotecnologia oferece, a exemplo de alimentos com qualidades nutricionais melhoradas e plantas que produzem compostos medicinais ou capazes de substituir processos industriais.

O que eu quero dizer com isso é que o investimento em inovação e em pesquisa e desenvolvimento (P&D) é uma das melhores saídas para fazer frente aos desafios que a agricultura mundial enfrenta hoje. Pensando no Brasil – um país de agricultura tropical e com uma dimensão territorial continental – cada região produtora tem necessidades específicas. Por este motivo, é ainda mais importante o desenvolvimento de soluções que consigam apoiar os produtores nos desafios trazidos pelo clima, pragas, doenças e plantas daninhas. Posso afirmar que sem a pesquisa desenvolvida pelas iniciativas públicas e privadas, não teríamos a agricultura que temos hoje no Brasil, altamente competitiva e sustentável.

Podemos pegar o exemplo da soja que é um produto tão relevante para o Brasil. Ao longo das últimas duas décadas, a produção do cultivo no País saltou de 31 milhões de toneladas (Conab, 2000) para 123 milhões de toneladas (Conab, 2020). Neste mesmo período, as exportações de soja do Brasil passaram de 22 milhões de toneladas/ano (MIDC, 2000), para 96 milhões de toneladas/ano (MIDC, 2020), o que, nestes mesmos 20 anos, adicionou US$ 404 bilhões (MIDIC, 2017) à nossa balança comercial, fazendo com que a soja se tornasse um dos principais produtos de exportação. Por trás destes números está a estruturação de uma eficiente cadeia de fornecedores, que permitiu a estes produtores terem a opção de usar produtos de altíssima tecnologia nas diversas etapas do processo produtivo. Esses produtos são fruto de pesados investimentos em desenvolvimento e inovação. Neste período, o Brasil evoluiu em sua produtividade em soja utilizando a primeira geração de biotecnologia com a Soja Roundup Ready e a segunda geração com a soja Intacta RR2Y Pro, que hoje é cultivada em todas as regiões produtoras do Brasil.

Neste cenário, a Bayer, como a líder do segmento, segue investindo na inovação e melhoria contínua de serviços e produtos de alto desempenho, ao mesmo tempo em que pensa em novas formas de produção agrícola que contribuem para produzir mais por hectare, com qualidade de produção de alimentos, em quantidade suficiente e de maneira sustentável.

Em quais segmentos da agropecuária a biotecnologia está mais presente hoje? Quais as vantagens que ela traz para esse setor no mercado?

A biotecnologia está presente nas principais culturas cultivadas no Brasil. A Bayer, por exemplo, oferece soluções em biotecnologia para soja, milho e algodão. O uso da biotecnologia tem contribuído muito para a economia verde ou bioeconomia ao longo das últimas décadas. Isso é possível por meio da diminuição de perdas no campo e, consequentemente, de uma maior produtividade, sem que haja aumento da área agrícola.

Desde a introdução da biotecnologia no mundo, em 1996 (e em 1998 no Brasil), elas têm contribuído para aumentar a produção e segurança alimentar. Dados globais sobre o período de 1996 a 2013 mostram que os produtos de biotecnologia elevaram a produção e otimizaram o uso de insumos, economizando aproximadamente 500 milhões de quilos de ingredientes ativos. Só em 2018, a adoção da biotecnologia reduziu as emissões de dióxido de carbono (CO2) em 23 bilhões de quilogramas ou o equivalente a retirar 15.3 milhões de veículos de circulação. Isto é um ganho Ambiental extraordinário. Os agricultores que adotaram a biotecnologia receberam um retorno financeiro de $4.42 para cada dólar extra investido em biotecnologia. De acordo com a consultoria.

Segundo dados divulgados pelo Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), o Brasil é hoje o 2º maior produtor de plantas geneticamente modificadas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Além da transgenia, como a biotecnologia pode auxiliar no aprimoramento da agricultura?

A biotecnologia é fundamental para o desenvolvimento da agricultura sustentável. Diante disso, é possível dizer que, a biodiversidade, as mudanças climáticas e a segurança alimentar são grandes desafios para a humanidade, e a agricultura sustentável desempenha um papel importante no oferecimento de soluções. O desafio da cadeia do agronegócio está em equilibrar o desenvolvimento agropecuário, a demanda por mais alimentos, a necessidade por produzir de forma mais eficiente e sustentável, com a preservação da biodiversidade. E a biotecnologia tem desempenhado um importante papel no equilíbrio dessas demandas.

O setor agropecuário brasileiro tem passado por cada vez mais avanços e inovando seus processos. O que falta para a biotecnologia crescer ainda mais no país? Quais os desafios desse tipo de tecnologia no Brasil?

O Brasil tem evoluído positivamente no marco regulatório da biotecnologia, sempre tendo como base avaliação de risco embasada em ciência. A primeira Lei de Biossegurança foi promulgada em 1995, que permitiu o avanço científico da biotecnologia no Brasil para além das Universidades e Institutos de Pesquisa, criando um marco regulatório que abriu a oportunidade para o avanço da biotecnologia em instituições públicas e privadas. Com este marco, evoluiu-se a ponto da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) aprovar o primeiro produto comercial de biotecnologia no Brasil em 1998, que foi a soja Roundup Ready.

Nos anos subsequentes, observou-se a necessidade de evoluir este marco e dar mais ênfase aos componentes científicos e avaliação de risco como base para as avaliações de biossegurança de produtos da biotecnologia no Brasil. Tanto a base científica quanto a exigência dos membros da CTNBio ter formação acadêmica (Ph.D. ) em diversas áreas biológicas de plantas, meio ambiente, animais e humanos foi fundamental para consolidar normas técnicas com rigor científico para avaliação, revisão e aprovação de diversos produtos da biotecnologia. Hoje, são centenas de produtos ligados a diferentes áreas, entre as quais as plantas geradas pela biotecnologia que são fundamentais para o desenvolvimento sustentável de nossa Agricultura Tropical. Um aspecto relevante é a transparência, abertura e frequência das reuniões e decisões da CTNBio, que são públicas e também os pareceres técnicos (extratos) que são publicados no Diário Oficial da União para publicidade destas decisões.

A CTNBio continua evoluindo e revendo suas normativas para modernização de seu sistema de avaliação de produtos da biotecnologia. Isto tem permitido a participação cada vez maior de novos atores em diversos seguimentos, desde plantas até vacinas desenvolvidas pela biotecnologia. Uma evolução pioneira foi o estabelecimento de uma normativa para avaliar se uma inovação por edição gênica é ou não considerada um organismo geneticamente modificado (OGM). Caso negativo, este produto segue o processo já estabelecido nos órgãos de fiscalização e registro (Agricultura, Ibama ou Anvisa) seguindo para sua comercialização.

Acredito que o aspecto fundamental é justamente as avaliações de risco que a CTNBio realiza baseada em ciência. Hoje, a agricultura brasileira nas culturas de soja, milho e algodão, principalmente, mas também cana-de-açúcar e eucalipto, tem na biotecnologia a sua principal ferramenta para auxiliar o agricultor a crescer na produção sustentável. Vale ressaltar que neste momento de pandemia do COVID-19, a vasta maioria das pesquisas e desenvolvimentos de vacinas utilizam a biotecnologia como base para esta evolução e a CTNBio está avaliando e aprovando as pesquisas nesta área que é tão relevante para humanidade hoje.

Sabemos que a cadeia do agronegócio tem um importante compromisso em pesquisa e desenvolvimento, pois apenas a inovação é que vai possibilitar estes avanços na agricultura brasileira, tornando-a cada vez mais competitiva e produtiva. As soluções obviamente passam por investimentos contínuos em biotecnologia, sempre na busca, para auxiliar o produtor rural, pelas melhores soluções, preservando recursos naturais e ganhando produtividade.

Na Bayer, este ano, a área de P&D recebeu investimentos na ordem de 2,3 bilhões de euros, o dobro do total investido pelos concorrentes diretos. Além disso, a companhia realizou no último ano mais de 55 avanços em pesquisa e colocou à disposição de agricultores em todo o mundo mais de 450 híbridos de milho, variedades de soja, algodão, frutas e vegetais. A Bayer tem o pipeline mais produtivo do setor, convertendo continuamente seu investimento em novas soluções para que os agricultores possam fazer frente aos seus desafios.

Quais as contribuições da biotecnologia para um desenvolvimento agrícola mais sustentável? A biotecnologia verde é o futuro?

Eu diria que é o presente, e a base para um futuro ainda mais sustentável. O uso associado de biotecnologia com tecnologias modernas (como o plantio direto e agricultura de precisão) e cultivares melhoradas e adaptadas a diferentes regiões permite uma utilização mais eficiente do solo. Então, vou listar para você algumas das nossas principais inovações que ajudam os produtores rurais neste sentido e você vai entender melhor o quanto a biotecnologia é fundamental para conseguirmos produzir mais e melhor. Vamos lá:

• Biotecnologias em soja:  a tecnologia INTACTA RR2 PRO® é a primeira biotecnologia da Bayer lançada em um país fora dos Estados Unidos, e a segunda geração de biotecnologia no mundo, e reúne três benefícios: tolerância ao glifosato, proteção contra as principais lagartas da soja e diferencial produtivo comprovado por dezenas de milhares de produtores. ?Lançada há seis safras, já ocupa mais de 25 milhões de hectares na América do Sul.? De acordo com um estudo realizado, em 2018, pela consultoria Grahan Brookes, os agricultores sul-americanos que utilizam INTACTA RR2 PRO® em seus campos se beneficiaram de um aumento na renda de US$ 7,64 bilhões;  que resulta de uma combinação de maior produtividade (cerca de 9,2% no Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) e menores custos de controle de plantas daninhas e pragas. A tecnologia também trouxe outros benefícios para dentro da porteira reduzindo o uso de combustível e a logística da lavoura, resultando em redução significativa na liberação de emissões de gases do efeito estufa da área de cultivo. Propiciou uma redução de 6.8 bilhões de quilos de emissões de CO2, o equivalente a remover 3,3 milhões de carros das ruas.

• Biotecnologias em algodão: a tecnologia Bollgard II RR Flex™ representa hoje, aproximadamente, 28% da área algodão cultivada no Brasil. A tecnologia traz para o cotonicultor proteção contra os danos causados pelas principais lagartas da cultura como: falsa medideira, curuquerê, lagarta rosada e lagarta da maçã, além de incrementar a proteção contra espécies de lagartas dos complexos Spodoptera e Helicoverpa. Trata-se de uma solução que protege e potencializa a produtividade do cotonicultor.

• Portfólio de híbridos e biotecnologia de milho: temos as marcas Agroeste™, Agroceres® e Dekalb®, que trazem para o produtor um portfólio completo de híbridos de milho, atendendo às diferentes necessidades das regiões brasileiras, assim como a RefúgioMax®, primeira marca de sementes exclusiva para o plantio de refúgio em milho. Para milho, a companhia também possui a tecnologia VT PRO3®, que auxilia na proteção da raiz do milho, evitando os ataques da larva alfinete e na proteção até da espiga, contra as principais lagartas da cultura.

• Lançamentos futuros: além das tecnologias acima mencionadas, estamos nos preparando para lançar no Brasil uma evolução da INTACTA RR2 PRO®, que é a terceira geração de biotecnologia em soja, a INTACTA 2 Xtend®. Esta tecnologia é também inovadora na sua aplicação, pois vai trazer um novo patamar de produtividade considerando a biotecnologia inovadora, genética superior, controle de pragas e plantas daninhas e manejo inteligente. Além da extensão de proteção a pragas, também é tolerante ao dicamba, herbicida eficiente no controle de plantas daninhas de folhas largas como a buva, caruru, corda-de-viola, picão-preto e plantas daninhas tolerantes ao glifosato. Este é outro diferencial importante do lançamento, uma vez que a mato-competição – dependendo do tamanho da infestação e tipo de controle feito na cultura – pode chegar a 80% da produção, segundo dados da Embrapa.

Por Fernanda Ricardi – Redação MundoCoop

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