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BBB21: Entenda o que é violência psicológica e como ela impacta a saúde


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A mais recente edição do programa Big Brother Brasil trouxe a discussão sobre violência psicológica à tona. A forma como a cantora Karol Conká vem tratando seus colegas de confinamento Lucas Penteado e Juliette Freire causou revolta na internet, uma vez que os participantes se sentiram excluídos dos demais integrantes da casa. Por conta da postura considerada agressiva, Conká já perdeu diversos seguidores, fã-clube, shows agendados e um programa no GNT.

Fábio Aurélio Leite, médico psiquiatra do Hospital Santa Lúcia e membro titular da Sociedade Brasileira de Psiquiatria (SBP), explica que violência psíquica é tudo que causa dor sentimental nos outros, ainda que de forma não intencional. Além de ofensas ou ameaças diretas, expressões e, até mesmo, uma palavra mal colocada podem significar violência psicológica contra outra pessoa.

A invasão do espaço alheio de forma bruta é, também, uma forma de violência psíquica. “É como se uma pessoa entrasse na sua casa sem pedir licença e começasse a destruir os móveis”, compara o psiquiatra.

Em muitos casos, o desconforto emocional extrapola os sentimentos e passa a atuar no corpo físico. “Estudos já mostraram que alguns pacientes submetidos a ressonância magnética ao lembrar de dores emocionais ativam áreas maiores do cérebro do que quando se recordam de dores físicas”, detalha Fábio. A conclusão seria que, para algumas pessoas, a dor emocional pode ser ainda maior que a física, segundo o especialista.

A depender do nível de sensibilidade de um indivíduo, o médico explica que a violência psicológica pode causar aumento da pressão arterial, taquicardia, gastrite e todos os sintomas do estresse prolongado. “A linguagem e o tratamento podem agredir a outra pessoa a ponto de ela se tornar deprimida, com insônia e medo constante”, completa Fábio.

A tristeza e o estresse estão intimamente ligados à desregulação da serotonina, adrenalina e cortisol, hormônios que afetam os sistemas endócrino e imunológico. Por conta disso, o organismo passa a realizar as atividades com menos eficiência e tem mais chances de desenvolver enfermidades.

A origem da violência

Crianças que sofreram violência doméstica ou psicológica são mais suscetíveis a reproduzir os atos na vida adulta, segundo o psiquiatra Fábio Leite. Ser submetido a sofrimento psíquico desde cedo pode, inclusive, alterar o desenvolvimento cerebral dos pequenos. “Ambientes ou relações hostis prejudicam o funcionamento e o desenvolvimento cerebral”, reforça o especialista.

Para quem está passando por uma situação parecida, Fábio Leite frisa que o importante é não naturalizar a violência psicológica. Não sair da situação ou não resolvê-la de alguma forma provocam diversas consequências para a saúde mental, como o medo de figuras de poder — sejam eles pais, professores ou chefes, por exemplo. Esse receio faz com que a pessoa se torne ainda mais vulnerável a ataques.

Enfrentar o problema exige uma boa dose de resiliência e auto-conhecimento. “As pessoas que se acham no direito de agredir física e psicologicamente outra pessoa o fazem porque se acham superiores”, detalha Fábio. “Para reagir é necessário se fazer a pergunta: quem deu esse direito a essa pessoa?”, sugere.

Escolher não agredir é, também, uma medida que pode parecer óbvia, mas é indispensável para acabar com a cultura da violência, segundo o psiquiatra. “Mais do que jogar pedras, devemos nos perguntar onde a Karol Conká aprendeu a ser assim. Quem está ensinando isso para as pessoas? É um problema que deve ser discutido em todas as esferas da sociedade. O Brasil é um país que estimula a violência e o resultado disso estamos vendo na televisão.”

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