Agronegócios
Baixa oferta de animais em Mato Grosso faz aumentar o preço do bezerro
Compartilhe:
Pecuaristas que investem na modalidade confinamento estão pagando mais caro pelo bezerro de engorda, este ano, em Mato Grosso. Estimativas do setor apontam que a oferta de bezerros caiu e ocasionou o aumento do preço por cabeça.
De acordo com Primo Menegali, dono de uma propriedade em Barra do Bugres, a 169 km de Cuiabá, que investe em gado para ganho de peso na modalidade semiconfinamento, a oferta de animais mais magros também reflete na margem de lucro do criador.
“Além do preço ter aumentado do ano passado para este, o investimento para engordar o animal também é maior, o que diminui a rentabilidade”, explicou.
Segundo ele, um bezerro de 18 a 20 meses custa em média R$ 2 mil, enquanto que no ano passado, o valor era em torno de R$ 1,7 mil.
Para garantir que a engorda, os animais passam por dois processos. No primeiro, um lote com animais de seis a oito meses, permanecem no pastejo, depois passam para a alimentação em cocho, com ração. Quando atingem o peso ideal, são encaminhados para o abate.
Diante da pouca oferta de bezerros, os pecuaristas precisaram adotar novas estratégias. Nessa mesma propriedade, o gerente sempre deu preferência a animais de 15 a 22 meses, entretanto está recebendo bezerros mais novos, em razão da situação do mercado.
A intenção é confinar 12 mil cabeças em 2019. Um número 20% maior que no ano passado.
Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) a pouca oferta de bezerros nesta temporada é resultado do aumento de abate de fêmeas, nos últimos três anos.
“Em 2018 houve um recorde e animais abatidos, mais de 10% desse total foram de novilhas, ou seja, animais que iriam repor as matrizes, mas que também foram para o abate”, explicou o consultor Faber Monteiro.
Em outra propriedade que também fica em Barra d o Bugres, a baixa oferta de bezerros também modificou a rotina de desmame dos animais, este ano.
A procura pelo gado de reposição fez com que o proprietário vendesse 1,4 mil bezerros de forma antecipada, antes mesmo do desmame. E os preços foram melhores, se comparado com o mesmo período do ano passado.
Na fazenda existem 2,5 mil matrizes, e o primeiro lote de bezerros devem ser desmamados até o final deste mês.
“Temos parceiros que já se adiantaram e compraram, inclusive, a produção que vai desmamar a partir do final de abril. Essa situação é diferente dos anos anteriores”, comentou Antônio Maércio de Jorge, proprietário da fazenda.
A propriedade, que investe no cruzamento industrial há 20 anos, está recebendo mais pelo bezerro este ano.
Segundo o proprietário, o kg do bezerro macho está sendo comercializado a R$ 6,90, enquanto que no ano passado, a média era de R$ 6,70/kg. Naquela época, os animais chegavam a pesar 289 kg, hoje, estão sendo vendidos com 9 kg a menos.
“O preço do quilo do bezerro em pé subiu cerca de 4,5%, em média, se comparado ao mesmo período de 2018. Cada animal foi vendido por R$ 1. 900 aproximadamente”, afirmou Antônio.
A vantagem tem sido o prazo para pagamento.
“Antes, fazíamos a venda antecipada para receber no decorrer das entregas. Este ano, estamos vendendo antecipado e recebendo em menos tempo”, concluiu ele.