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Assembleia Legislativa discute autismo em Mato Grosso


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A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), por intermédio do deputado Wilson Santos (PSD), deu início na manhã desta segunda-feira (4), ao II Simpósio sobre Autismo em Mato Grosso. O evento começou hoje (4) e vai até amanhã (5), no Teatro do Cerrado Zulmira Canavarros. Amanhã, o evento começa às 8 horas.

O tema que está sendo debatido é o Autismo na interseção entre a saúde e educação no reconhecimento da neurodiversidade no processo de inclusão. A primeira edição do simpósio foi realizada em 2019, à época o tema foi sobre políticas públicas e inclusão efetiva dos autistas em Mato Grosso.

Levantamento divulgado pela Superintendência de Diversidades da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), aponta que, atualmente, há 1.587 mil estudantes com autismo matriculados na rede estadual de ensino, nas mais de 700 escolas espalhadas pelos 141 municípios mato-grossenses.

O deputado Wilson Santos afirmou que falta mais atenção do aparelho estatal às famílias com as pessoas portadoras de autismo. “Elas são invisíveis, mas que precisam ser entendidas. Por isso, o Estado tem que se adequar e saber fazer o acolhimento dessas pessoas. Enquanto isso, nas escolas o material didático precisa ser adequado ao segmento, assim como a linguagem para melhorar a comunicação entre o aluno e a instituição de ensino, ” afirmou o parlamentar.

Santos criticou a postura de gestores do município de Cuiabá e do Estado por não liberarem os servidores que têm pessoas portadoras de autismo. “É uma pena. Infelizmente, eles não contribuem para o processo de irradiação de informações. Com isso, o autista e o disléxico serão tratados com bullyng. Não temos um corpo docente com o mínimo capacitação para fazer o acolhimento correto. As escolas carecem de material específico”, explicou

 

Foto: JLSIQUEIRA / ALMT

O parlamentar criticou também a postura de o Estado não cumprir as leis aprovadas pelo parlamento estadual voltadas ao segmento das pessoas com autismo. “A gente trabalha na construção de leis, mas depois de muitas lutas para a sua aprovação, não são cumpridas. Porém, cabe o papel do Ministério Público fiscalizar o cumprimento delas. Cabe ao Parlamento o dever de fazê-las, mas de o Executivo executá-las”, afirmou Santos.

Para Juliana Costa, da Organização Não Governamental (Ong) Ação Azul de Cuiabá, a situação das famílias que possuem autistas é dramática. Segundo ela, muitas dessas famílias não têm sequer condições financeiras para mantê-las, não têm condições de comprar nem um botijão de gás e muito menos alimentação todos os dias. “Isso é revoltante. Fico revoltada com associações se promovem com a dor alheia. Porque vê uma mãe passando fome e dizer que já pediu a várias instituições e não foram atendidas, isso é lamentável”, disse Costa.

Palestra – A palestrante dessa manhã, doutora Marta Pires Relvas, falou sobre o cérebro, emoção e neurônio: possível diálogo com a condição do autismo.  Segundo ela, é fundamental que o diagnóstico do transtorno seja feito de forma precoce, caso isso não aconteça haverá dificuldade efetiva do reconhecimento.

“Nas escolas não se fala na diversidade para que todos tenham a mesma condição. Mas nem sempre o aprender é nessa relação. A dificuldade da diversidade está na possibilidade do aprender. É precisa estudar cada vez mais e reaprender a condição de educador, mas para isso ele precisa ter suporte de verdade”, explicou Relvas.

A doutora disse ainda que não basta ter uma legislação que favoreça os autistas, mas é preciso que ela seja cumprida. “O respeito a pessoa com autismo deveria ser praticado por todos nós, porque todos nós temos uma necessidade especifica. Se não for uma necessidade biológica, é uma necessidade psicológica, social e ambiental”, afirmou Marta Relvas.

Coordenadora-Geral de Articulações e Relações Governamentais da Secretaria-Executiva do Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado, Lívia Moura Delfino dos Santos, afirmou que o segmento autista é prioridade para o desenvolvimento de políticas públicas pelo governo federal. “Estou aqui em Cuiabá para ouvir as mães e, com isso, saber o que elas precisam. É preciso unir esforções para que as reivindicações das mães sejam contempladas com políticas públicas que sejam viáveis e factíveis as necessidades de cada família”, disse Lívia dos Santos.

Para a vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputada Janaina Riva (MDB), não basta tratar o autista, tem que tratar a família do autista, especialmente as mães. “A gente tem que começar a pensar e, com isso, criar um aparato psicológico para as nossas mães”, disse. A deputada lembrou que, na semana passada, o Parlamento aprovou a redução de carga horária em 50% para os servidores que têm filhos com algum tipo de deficiência.

“Uma mãe com filho, por exemplo, autismo com grau severo, precisava de uma redução de carga horária total. Elas têm que trabalhar, exclusivamente, em home office. Hoje, temos instrumentos para implementar esse tipo de atividade e desenvolver políticas públicas a esse segmento. Não podemos esquecer das mães que trabalham na iniciativa privada. Elas não ficam, porque não conseguem trabalhar”, disse Janaina Riva.

A presidente da Associação de Amigos do Autista, Kelly Viegas, afirmou que nos últimos anos houve avanço em relação as políticas públicas voltadas para atender as crianças com transtorno do espectro autista. “Tivemos grandes avanços. Mas precisa melhorar. Nos municípios a gente tem os cuidadores e as salas multifuncionais. Mas infelizmente os cuidadores não têm acesso à formação qualificada para cuidar desses alunos”, disse Viegas.

Questionada se a associação tem dados da prevalência do autismo no estado, Kelly Viegas afirmou que existem apenas estimativas. “Há estimativas de que existem dez mil autistas. O cenário pode mudar com o novo censo. Agora o autista entra no novo censo. Em Mato Grosso, o número de autistas matriculados vêm aumentando toda semana. Todos os dias recebemos ligações com novos diagnósticos”, disse Viegas.

 

Al.mt.gov.br

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