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ARTIGO: Amazonice conservadora – Por H.Ricken
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Na floresta amazônica, o horário noturno é nobre.
Quando este expediente começa, as flores aliciam uma legião de morcegos com o objetivo da polinização e em gratidão preparam uma lista de frutos exóticos para entregarem alguns meses mais tarde. É bom lembrar que elas são brancas em cortesia aos morcegos que são daltônicos, como uma gentileza pela parceria.
Já as flores diurnas são coloridas e se vestem abusando de uma paleta de cores, fidelizando abelhas, borboletas e beija-flores com um delicioso cardápio de néctar em troca da polinização.
Depois, no período da colheita, a floresta parece uma loja de conveniência, onde todos seus habitantes irracionais se servem em abundância de uma variedade de frutas deliciosas. Vale lembrar que a natureza tem seu próprio departamento de criação e designer produzindo frutas com as mais variadas formas, cores, odores e sabores, fazendo inveja aos humanos.
Toda a floresta vive em ressonância cósmica pensando em sua preservação, pois as sementes são espalhadas por pássaros, animais e peixes, providenciando segurança alimentar para as futuras gerações.
O período de acasalamento traz planejamentos familiares e habitacionais bem inusitados:
Os Tecelões constroem seus ninhos em lugares inacessíveis, pendurados nas extremidades de frágeis galhos, onde nenhum animal se atreveria invadi-los.
Os Xaréus constroem suas casas próximos a vespeiros, alimentando-os em sua varanda com generosas porções de frutas em retribuição pela segurança. Quem se atreveria a arrombar este lar? Quando os filhotes se desenvolvem, precisam voar sem nenhum treinamento. A natureza não permite uma segunda chance, pois se caírem na água, alimentam uma legião de habitantes aquáticos.
A floresta amazônica tem uma dinâmica própria e inconfundível. É o ecossistema mais rico do mundo, onde todos seus habitantes irracionais buscam protegê-la.
E o homem considerado racional, está lá, na borda, com suas motosserras, tratores, sementes transgênicas, venenos, colheitadeiras, caminhões, produzindo… dinheiro.
Apenas dinheiro.
H.Ricken