Agronegócios
Arroba do boi pode chegar a R$ 360 reais em outubro, saiba os motivos
Compartilhe:
Neste mês inicia o período de entressafra que se estende até outubro que pode ocasionar novo reajuste na carne bovina, “As previsões, é que no mês de outubro a arroba do boi passe a ser vendida entre R$ 340 a R$ 360 reais”, destaca o presidente da Nelore Brasil, Nabih El-Aouar. Leia a matéria e entenda alguns dos motivos desta valorização da arroba do boi.
Mato Grosso – o maior rebanho bovino do país
Mato Grosso possui o maior rebanho do Brasil, com pouco mais de 31 milhões de cabeças de gado, a maioria da raça Nelore, que também representa a maior população bovina do nosso país. A maior parte da produção bovina é para corte, isso significa 80% do volume total, tanto para exportação como para o mercado interno brasileiro.
O atual cenário econômico mostra de um lado, os pecuaristas comemorando a alta do dólar, em relação ao real. Do outro, o consumidor, que tem sentido no bolso os altos preços da carne ao se deparar com o concorrente, o mercado externo, principalmente o chinês. A grande procura da nossa carne pelo mercado asiático aconteceu após a peste suína africana que praticamente dizimou o plantel de porcos daquele pais e fez com que a china procurasse uma proteína alternativa. Encontrou na carne bovina, e em especial a brasileira, um substituto à altura.
Impactos para o setor produtivo
O médico veterinário Francisco Manzi, que é diretor técnico da Associação dos Criadores de Mato Mato Grosso – ACRIMAT, entidade que representa os criadores de gado de corte, informou ao AGRONEWS que a carne está valorizada por uma série de fatores que aconteceram simultaneamente. Ele destaca, por exemplo, o ciclo pecuário em que estamos, resultado de vários anos de bezerros desvalorizados. “Os criadores, para pagar as contas, enviaram as matrizes para o abate, ou seja, muitas fêmeas, novilhas, foram enviadas para o abate, entres os anos 2015 e 2019. Hoje falta bezerro no mercado, e com o preço da arroba valorizada, os criadores foram obrigados aumentar a cria e estimulados a manter as vacas no pasto”, destaca Manzi. Dentro do atual cenário agropecuário, o percentual de 20% para exportação e 80% para o mercado interno está mudando. Hoje, 30% da carne produzida no Brasil é para a exportação, diante da baixa do mercado brasileiro.
Já o pecuarista Nabih Amin El-Aouar, presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil, pontua que a carne bovina brasileira não sofreu aumento interno, mais sim, uma equiparação de preço da arroba bovina com outros país produtores, como por exemplo, Estados Unidos, Austrália, Uruguai, México, Argentina e Paraguai. “Nos últimos 24 meses, arroba variava entre R$ 140 a R$ 160, hoje está em torno de R$ 300. E as previsões, é que no mês de outubro a arroba do boi passe a ser vendida entre R$ 340 a R$ 360 reais”, destaca o pecuarista Nabih. O diretor técnico da ACRIMAT, Francisco Manzi, complementa que Mato Grosso saiu de uma arroba de R$ 170, paga em janeiro do ano passado, para R$ 300 em maio de 2021.
Análise de mercado
Analistas do IMEA – Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária, reforçam que os principais motivos que pautaram este cenário foram a demanda aquecida e uma menor disponibilidade de animais ofertados.
Conforme Boletim do IMEA, divulgado em maio deste ano, as cotações dos animais de reposição novamente demostraram avanço no comparativo mensal. Dentre eles destacaram-se o garrote, o bezerro de desmama, a novilha e a bezerra de desmama, que registraram alta de 9,91% e 9,48%, 10,24% e 5,85%, respectivamente, ante o mês passado. Já no mercado do boi gordo, devido a aproximação do período de entressafra, lotes maiores de bovinos oriundos à pasto foram ofertados e, com isso, a média mensal de preços do boi e da vaca gorda resultaram em uma queda de 1,47% e 1,56%, respectivamente.
Avaliação final do cenário
Nabih El-Aouar, acredita que não vai ocorrer queda no valor da arroba do gado, e o que pode ocorrer é uma redução temporária, que não sustentará por muito tempo devido à grande procura e pouca oferta. “O pecuarista não está segurando o boi no pasto”, garantiu o presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil.
O aumento do valor da carne da carne está muito mais ligado a disponibilidade do produto (carne) do que com relação ao custo de produção. “O produtor quando vai ao mercado para comprar insumos ele pergunta quanto custa e quando precisa. E quando quer vender pergunta quanto pagam ou seja, os insumos não são tomadores de preços. A alta dos insumos, sobretudo os grãos que compõem a ração, fazem com que se diminua as intenções de confinamento, ou seja, os animais são terminados em mais de 85% no pasto”, afirma Francisco Manzi. O Diretor técnico da ACRIMAT conclui dizendo que se puder resumir em uma palavra, o que está acontecendo com o atual cenário agropecuário, chama-se “Mercado”.
Agronews.tv.br