Mato Grosso
Após saída de cubanos, apenas 22% dos inscritos no ‘Mais Médicos’ se apresentaram para trabalhar em MT
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Apenas 22% dos aprovados no novo edital do programa ‘Mais Médicos’ se apresentaram para trabalhar em seus respetivos postos, distribuídos em 55 municípios de Mato Grosso. Ao todo, o Estado fornecia 132 vagas para médicos brasileiros, que foram deixadas por profissionais cubanos depois que o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), questionou a capacidade dos mesmos. A apresentação dos profissionais deve ser feita até o dia 14 de dezembro.
As inscrições se encerraram no dia 25 de novembro. O salário ofertado é de R$ 11.800,00. Estão aptos a participar do programa os médicos brasileiros com CRM Brasil ou com diploma revalidado.
Com 100% de adesão em Mato Grosso, ou seja, 132 médicos se escreveram no programa, apenas 30 apresentaram a documentação ao município desejado. Deste total, apenas 12 médicos já tiveram a homologação publicada e estão, de fato, trabalhando. Outros 18 ainda aguardam pela aprovação.
A coordenadora da Comissão de Coordenação Estadual do Programa Mais Médicos em Mato Grosso, Regina Amorim, disse em entrevista ao Olhar Direto, que neste período de transição entre cubanos e brasileiros, os municípios devem fazer alguns ajustes para atender a população.
“Tem município que contrata temporariamente médico para dar conta daquele período, tem município, cujos médicos, como foi em Tangará da Serra, por exemplo, que foram 15 médicos que saíram do programa. Eles readequaram a população para ser atendida pelos outros médicos que ainda permanecem no programa”, explicou.
A apenas dez dias para o fim da apresentação dos médicos interessados, a coordenadora do programa disse que um novo edital deverá lançando, para dar oportunidade para aqueles profissionais que não conseguiram participar neste primeiro momento.
“Essas vagas remanescentes, que são aquelas onde não houve procura, que não é o caso, onde não houve validação do profissional, elas virão para um novo edital, onde se abre a oportunidade para médicos que não conseguiram fazer a adesão em um primeiro momento do edital, que faça neste segundo momento. Abre-se novamente a possibilidade para que outros médicos façam à adesão as vagas remanescentes”, acrescentou.
Dos 258 médicos do programa, 132 eram cubanos e estavam distribuídos entre 55 municípios. Antes da saído dos profissionais de cuba, um total de 900 mil pessoas eram atendidas pelo ‘Mais Médicos’.
A expectativa, segundo Regina Amorim, é os municípios consigam preencher as vagas em aberto. “Nós estamos com uma expectativa muito grande, que a gente realmente consiga suprir essas vagas, porque o ‘Mais Médicos’ trouxe para a população mato-grossense, em especial para aquela população que fica em municípios distantes, que fica em áreas rurais, de difícil acesso, a possibilidade de um cuidado, uma atenção mais próxima à saúde em seu território”.
Ela acrescentou também que antes do programa era muito difícil fixar médicos em áreas de difícil acesso, como assentamentos rurais e as regiões do Norte, Noroeste e Araguaia de Mato Grosso.
“O custo para ter esses profissionais nestes municípios era muito elevado. Com o ‘Mais Médicos’ o município conseguiu baixar esse custo. Apesar de que ele tem alguns custos para manutenção daquele profissional. Ele [município] deve garantir para o médico o auxilio moradia e alimentação. Mesmo assim, ele não precisa pagar o salário para o profissional, que é pago via bolsa formação do Ministério da Saúde”, finalizou.
Saída dos cubanos do programa
Depois que o presidente eleito questionou a capacidade dos médicos cubanos que atuam no programa, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) informou que o governo cubano deixaria de participar do programa. A justificativa do Ministério da Saúde cubano é que as exigências feitas pelo governo eleito são “inaceitáveis” e “violam” acordos anteriores.
Em sua conta no Twitter, Bolsonaro disse que a permanência está condicionada ao Revalida pelos profissionais, que é o exame aplicado aos médicos que se formam no exterior e querem atuar no Brasil. Em entrevista concedida após o anúncio, Bolsonaro afirmou não existe comprovação de que os profissionais enviados ao Brasil sejam de fato médicos.
“Vocês mesmo, eu duvido que alguém queira ser atendido pelos cubanos”, disse aos jornalistas durante a coletiva. Ele afirmou, ainda, que tem recebido relatos de “verdadeiras barbaridades” cometidas por médicos da ilha caribenha.