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Medicina

Após morte de jovem em SP, cirurgião dentista orienta sobre cuidados antes e depois da remoção do siso


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Por Fabiana Assis, g1 São Carlos e Araraquara

Considerada por muitos como um procedimento corriqueiro e necessário no tratamento dentário, a extração dos dentes do siso é uma cirurgia e como tal deve ser cercada de cuidados para evitar complicações que podem levar à morte em casos mais graves.

 

Marina Mesquita Silva, que estava com fortes dores, foi internada na segunda-feira (15) com um quadro de celulite facial, que é uma infecção aguda, e abscesso dentário que é uma infecção bacteriana que causa acúmulo de pus, ambos diagnosticados pós-extração do siso. Ela chegou a ser intubada, mas não resistiu e morreu na quarta-feira (17).

O g1 ouviu o cirurgião dentista Mario Henrique Arruda Verzola, especialista em cirurgia e traumatologia buco maxilo facial e professor de cirurgia da Unicep São Carlos (SP), que falou sobre orientações para antes e depois do procedimento.

Na reportagem você vai ver:

  1. Quando a extração do siso é indicada?
  2. Quais possíveis complicações da extração do siso?
  3. Quais os cuidados antes e depois da remoção do siso?

 

1 – Quando a extração do siso é indicada?

 

Quando o siso começa a sair, na maioria das vezes, ele atrapalha a arcada dentária por ter um tamanho incompatível com o restante dos dentes.

Segundo o cirurgião, a extração é indicada sempre que há o diagnóstico de que o siso está comprometendo outros dentes ou nervos.

“Uma vez diagnosticado que esse siso não vai ter espaço para nascer adequadamente e pode comprometer dentes vizinhos ou outras estruturas como nervos, já se solicita a extração. Mesmo aqueles dentes que não nasceram, que muitas vezes está incluso, está dentro do osso, mas mesmo assim está passível de ter problemas infecciosos”, afirmou.

Os sisos, conhecidos como indicadores de 'juízo', podem gerar problemas bucais  — Foto: Getty Images

Os sisos, conhecidos como indicadores de ‘juízo’, podem gerar problemas bucais — Foto: Getty Images

As infecções dentárias podem ultrapassar a camada óssea, chegar ao músculo e se espalhar para outras partes corpo comprometendo o coração, pulmão e traqueia, entre outros órgãos.

O especialista orienta a buscar a avaliação de um dentista o mais rapidamente possível. O ideal é que o dente seja removido antes de ter a raiz totalmente formada, normalmente antes dos 18 anos.

“Sempre buscar o atendimento antes de apresentar problema, porque quando você tem o problema instalado, a depender do grau da infecção, você vai tendo mais dificuldade. Quanto mais tempo passar, mais raiz vai formando e, em tese, vai ficando mais difícil. Eu faço com uma analogia com uma árvore: você está vendo uma muda no lugar errado, você vai esperar ela crescer, enraizar, estourar toda a calçada para depois tirar ou retirar assim que ver que está no lugar errado”, afirmou.

2 – Quais possíveis complicações da extração do siso?

 

Entenda porque em algumas pessoas precisam arrancar os sisos — Foto: Freepik

Entenda porque em algumas pessoas precisam arrancar os sisos — Foto: Freepik

Além de risco de sangramento e infecções, inerentes a qualquer cirurgia, a extração do siso pode apresentar outras complicações.

No caso dos sisos superiores, pode haver um comprometimento da comunicação entre a boca e o seio maxilar, que forma a cavidade nasal. “Isso exige que o profissional feche adequadamente a região e não oriente o paciente a não assuar o nariz, não espirre de boca fechada para que não venha abrir de novo”, explica o cirurgião.

No caso dos sisos inferiores, há riscos de fratura de mandíbula, lesão a nervos, sobretudo em casos de raízes bem desenvolvidas.

Por conta de todos esses fatores é o dentista que deve indicar quantos dentes devem ser retirados em cada procedimento.

“Existe uma série de fatores que vai determinar se você vai fazer a cirurgia em mais procedimentos ou consegue fazer tudo de uma vez só. Nos dois casos há vantagens e desvantagens”, afirmou o especialista.

3 – Quais os cuidados antes e depois da remoção do siso?

 

A extração do siso demanda uma série de cuidados pré e pós-operatório de paciente e dentista. Veja algumas, segundo o especialista:

  • Antes da cirurgia é preciso que o cirurgião dentista faça uma avaliação do quadro de saúde do paciente para avaliar o uso de medicações ou existência de comorbidades que possam interferir nos riscos da cirurgia.
  • Não existe contraindicação absoluta, mas em alguns casos é preciso postergar a cirurgia até que o paciente resolva alguma dificuldade clínica que impeça o procedimento.
  • Buscar informações sobre o profissional que irá fazer o procedimento. “Sempre prezar por fazer o procedimento com pessoas que tenham treinamento, em lugar com material esterilizado”, orienta Verzola.
  • Após o procedimento, o paciente deverá seguir à risca as recomendações do dentista em relação à dieta, às medicações, ao tempo de repouso e à higienização. “O profissional também tem o dever de orientar o paciente quanto a perceber se algo está errado com a recuperação”, afirmou.
  • Entre os sinais de complicações podem estar: aumento da dor ao longo dos dias, febre, dificuldade para comer ou falar e prostação.
  • dieta nos primeiros dias deve ser basicamente líquida, de preferência tomada com um canudo, e pastosa, ou com alimentos muito macios.
  • Até o terceiro mês de recuperação a orientação é evitar alimentos que podem penetrar e ferir o local da cirurgia como pipoca, granola, gergelim, amendoim. “Quando você extrai o dente do siso, mesmo estando suturado, embaixo demora, no mínimo quatro meses para cicatrizar”, explicou o dentista.
  • especialistas não recomendam fazer força, exercícios físicos e abaixar a cabeça para pegar objetos no chão já que isso pode levar o sangue para a cabeça e atrapalhar a coagulação.
  • Dormir com a cabeça mais alta que o corpo, por exemplo, com dois travesseiros, também pode contribuir para uma boa recuperação, assim como escovar os dentes corretamente para prevenir infecções.

Trabalho conjunto

 

De acordo com Verzola, a boa realização da extração do siso é um trabalho conjunto e depende tanto do paciente quanto do profissional.

“É uma responsabilidade compartilhada. O paciente precisa entender que não é um procedimento banal, procurar um profissional com capacidade e seguir rigorosamente aquilo que for orientado. E o profissional deve assumir a responsabilidade dele de acompanhar e estar à disposição do paciente até que haja total cicatrização.”

 

Veja abaixo um vídeo com mais orientações:

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