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Ansiedade generalizada: o que é, sintomas e tratamento


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O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é uma condição cada vez mais comum atualmente. Caracterizado por preocupações excessivas e persistentes, esse transtorno pode prejudicar significativamente a qualidade de vida das pessoas afetadas.

Se você está sofrendo com o TAG ou conhece alguém que está passando por isso, este artigo é para você. Aqui, abordaremos os principais sintomas, causas e tratamentos disponíveis para o transtorno de ansiedade generalizada, para que você possa entender melhor essa condição e buscar ajuda qualificada. Não deixe que a ansiedade controle a sua vida.

O que é ansiedade?

A ansiedade é um sentimento natural, que costuma surgir quando vivenciamos situações que provocam estresse, medo ou apreensão.

Ficar ansioso em resposta a um evento específico é tão normal quanto sentir medo, tristeza, felicidade ou irritação. Na verdade, a ansiedade pode até ser benéfica em algumas situações, pois ela nos deixa mais alerta e preparado para enfrentar situações de perigo.

Já a ansiedade como distúrbio psiquiátrico é algo completamente diferente. Dizemos que o paciente tem um transtorno de ansiedade quando o seu quadro de preocupação é prolongado, intenso e incontrolável, a ponto de atrapalhar as suas atividades pessoais e profissionais. Frequentemente, essas crises de ansiedade surgem sem uma causa aparente ou justificável.

Embora a síndrome do pânico e o transtorno de ansiedade generalizada compartilhem sintomas em comum e estejam frequentemente associados, eles são considerados condições distintas.

A síndrome do pânico é caracterizada por episódios recorrentes de ataques de pânico, ou seja, episódios de medo intenso, que surgem abruptamente, pode demorar vários minutos ou horas para passar, e são frequentemente acompanhados de sintomas físicos, como palpitações, tremores, suores, dificuldade para respirar ou medo de estar morrendo.

Por outro lado, o transtorno de ansiedade generalizada envolve uma ansiedade ou preocupação excessiva e persistente em relação a várias áreas da vida, como saúde, trabalho, finanças ou relacionamentos. Em geral, essas preocupações parecem realistas; no entanto, são tipicamente desproporcionais ao impacto do evento previsto ou ao objeto de preocupação.

O transtorno de ansiedade generalizada é uma das várias doenças que fazem parte do grupo de distúrbios psiquiátricos classificados como transtornos de ansiedade.

É comum que as pessoas tenham concepções erradas sobre o TAG e os transtornos de ansiedade em geral. Por exemplo, é comum pensar que a ansiedade é uma fraqueza ou que as pessoas com transtornos de ansiedade podem simplesmente superar seus sintomas com a força de vontade.

No entanto, é importante esclarecer e enfatizar que a ansiedade é um transtorno real e tratável, mas que não depende simplesmente da vontade do paciente, ele requer ajuda profissional.

Informações em vídeo

Antes de seguirmos, veja essa curta animação sobre o transtorno de ansiedade generalizada, que resume alguns dos pontos abordados neste artigo.

 

O que são os transtornos de ansiedade?

Conforme o Manual de Classificação de Doenças Mentais (DSM-5), os transtornos de ansiedade são um grupo de distúrbios psiquiátricos que compartilham características de medo e ansiedade excessiva. São doenças distintas, mas que apresentam sinais e sintomas semelhantes.

Os principais distúrbios mentais que integram o grupo dos transtornos de ansiedade são:

  • Transtorno de ansiedade generalizada.
  • Síndrome do pânico.
  • Fobia social.
  • Agorafobia.
  • Transtorno de ansiedade de separação.
  • Fobias específicas.

O paciente com transtorno de ansiedade costuma ter mais de uma das doenças do grupo. Por exemplo, nos pacientes com transtorno de ansiedade generalizada, que é o foco deste artigo, as seguintes doenças também costumam estar presentes:

  • Fobia social (em 20 a 35% dos casos).
  • Fobia específica (em 25 a 35% dos casos).
  • Síndrome do pânico (em 20 a 25% dos casos).

O que é o transtorno de ansiedade generalizada (TAG)?

O transtorno de ansiedade generalizada é, junto com a síndrome do pânico, a principal doença do grupo dos transtornos de ansiedade, acometendo cerca de 3 a 5% da população.

O transtorno de ansiedade generalizada caracteriza-se por uma persistente e excessiva ansiedade ou preocupação, que interfere nas atividades diárias do paciente e pode vir acompanhada de sintomas físicos, tais como: cansaço, inquietação, dificuldade de concentração, tensão muscular e insônia (falaremos dos sintomas mais adiante).

Habitualmente, a ansiedade excessiva está ligada a situações cotidianas, como o trabalho, saúde familiar, questões financeiras ou até mesmo problemas pequenos, como conserto do carro ou encontros com outras pessoas.

Em geral, o grau de preocupação é desproporcional ao motivo, a ponto da imensa maioria dos pacientes com TAG responder sim à seguinte pergunta: “Você se preocupa excessivamente com questões menores?”.

Os pacientes com TAG sentem-se ansiosos na maioria dos dias e frequentemente precisam se esforçar para conseguirem lembrar da última vez que se sentiram relaxados, pois as crises de ansiedade se sobrepõem. Quando um motivo para estar ansioso é resolvido, logo em seguida surge outro.

O transtorno de ansiedade generalizada é duas vezes mais comum nas mulheres que nos homens e costuma surgir ao redor dos 30 anos, apesar de poder estar presente tanto em crianças quanto em idosos.

Além da associação com outros distúrbios de ansiedade, o transtorno de ansiedade generalizada também está frequentemente associado a um quadro de depressão.

Causas

Tal como ocorre com muitas doenças psiquiátricas, as causas exatas do transtorno de ansiedade generalizada não são totalmente compreendidas. Sabemos haver um relevante componente genético, pois a história familiar é um dado importante.

Fatores ambientais também são significativos. Traumas na infância, abusos, abandono de um dos pais, bullying, morte de um familiar, interrupção do uso de uma substância química viciante, divórcio ou desemprego são alguns dos eventos que podem ajudar desencadear um quadro de TAG. Pessoas com doenças físicas crônicas, principalmente aquelas que causam dor persistente, também apresentam maior risco.

Alguns tipos de personalidade também estão mais associados a um risco maior de desenvolver TAG, incluindo pessoas muito tímidas ou que apresentam um temperamento negativo, com irritação, falta de paciência e tristeza frequentes.

Estudos do metabolismo e da atividade cerebral mostram que os pacientes com transtorno de ansiedade generalizada apresentam desequilíbrios na quantidade de alguns neurotransmissores cerebrais, como a serotonina e a noradrenalina. Há evidências também de que algumas áreas cerebrais envolvidas no controle das emoções e do comportamento encontram-se hiperativas.

Sintomas

A preocupação excessiva e persistente é considerada a principal característica do transtorno de ansiedade generalizada, mas não é o único sintoma que o paciente apresenta.

Os sintomas comuns do TAG podem ser divididos em psicológicos e físicos.

Sintomas psicológicos do transtorno de ansiedade generalizada

  • Incapacidade de relaxar a mente.
  • Inquietação.
  • Irritação fácil.
  • Medo frequente.
  • Sensação de estar no seu limite.
  • Dificuldade de concentração.
  • Sensação que a mente frequentemente “dá um branco”.
  • Medo de tomar decisões por receio de errar.
  • Ficar estressado quando está indeciso.
  • Ficar preocupado por estar preocupado demais.
  • Sempre imaginar desfechos negativos para qualquer situação.

É comum que o paciente fique excessivamente preocupado com questões que são pouco racionais, como ficar constantemente com medo de haver um terremoto, incêndio em casa ou que algum familiar vá desenvolver uma doença grave a qualquer momento.

Sintomas físicos do transtorno de ansiedade generalizada

  • Cansaço.
  • Tensão muscular.
  • Tremor.
  • Palpitação.
  • Assustar-se facilmente.
  • Insônia.
  • Suores.
  • Enjoos.
  • Sintomas da síndrome do intestino irritável.
  • Dor de cabeça.

O transtorno de ansiedade generalizada é geralmente uma doença crônica, cuja gravidade flutua ao longo do tempo.

É importante destacar que os sintomas da TAG variam de pessoa para pessoa. Alguns dos sintomas mais comuns são a tensão muscular, irritabilidade, fadiga, dificuldade em se concentrar, insônia e problemas gastrointestinais. Além disso, a ansiedade constante pode afetar negativamente a qualidade de vida do indivíduo e interferir em suas atividades diárias.

A doença costuma iniciar-se gradualmente, podendo levar meses, ou até anos, para que o quadro clínico completo se estabeleça.

Os pacientes que apresentam outros distúrbios psiquiátricos associados, tais como síndrome do pânico, fobia social ou depressão, costumam apresentar um prognóstico pior, com mais dificuldade de retornar a uma vida produtiva.

Pacientes com TAG têm um maior risco de desenvolverem depressão, doenças cardíacas, problemas digestivos e abuso de substâncias químicas, como o álcool, por exemplo.

Diagnóstico

O diagnóstico do TAG deve ser feito por um profissional de saúde mental, como o médico psiquiatra ou o psicólogo.

O diagnóstico é dado para indivíduos com ansiedade excessiva e preocupação que ocorrem quase todos os dias por pelo menos seis meses, estão associados a sintomas somáticos (tensão muscular, irritabilidade, distúrbios do sono), não são devido a efeitos de substâncias ou outra condição médica e causam sofrimento ou prejuízo clinicamente significativo em áreas sociais, ocupacionais ou outras áreas importantes de funcionamento.

De forma mais específica, os critérios diagnósticos do DSM-5 para o transtorno de ansiedade generalizada são:

  • A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, em relação a diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional).
  • B. O paciente encontra dificuldade em controlar a preocupação.
  • C. A ansiedade e a preocupação estão associadas a 3 ou mais dos 6 seguintes sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses) (em crianças, basta 1 dos 6 sintomas):
    • 1. Inquietação ou sensação de nervosismo.
    • 2. Fadiga fácil
    • 3. Dificuldade de concentração ou sensações de “branco” na mente.
    • 4. Irritabilidade.
    • 5. Tensão muscular.
    • 6. Distúrbio do sono (dificuldade em adormecer, permanecer dormindo, sono agitado ou insatisfatório).
  • D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam prejuízo clinicamente significativo em áreas sociais, ocupacionais ou outras áreas importantes da vida do paciente.
  • E. O distúrbio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (por exemplo, drogas ou medicamentos) ou outra condição médica (por exemplo, hipertireoidismo).
  • F. O distúrbio não é melhor explicado por outro transtorno mental. Como a maioria dos sintomas de ansiedade não é específica do TAG, é importante excluir os outros transtornos de ansiedade antes de fazer o diagnóstico.

Tratamento

O tratamento do TAG costuma ser feito com a combinação de medicamentos e psicoterapia, habitualmente com terapia cognitivo-comportamental.

Terapia cognitivo-comportamental (TCC)

A TCC ajuda o paciente a entender como os problemas, pensamentos, sentimentos e comportamentos o afetam. A terapia também pode ajuda a questionar os pensamentos negativos e a ansiedade.

A terapia cognitivo-comportamental costuma envolver uma consulta semanal com terapeuta especializado, com duração média de 1 hora.

Terapia farmacológica

A segunda perna do tratamento do transtorno de ansiedade generalizada é feita com medicamentos, geralmente da classe dos antidepressivos.

O tratamento costuma ser feito por, no mínimo, um ano. Se o paciente, porém, tiver recaídas sempre que houver suspensão do fármaco, o tratamento com medicamentos pode permanecer por tempo indefinido.

Os fármacos de primeira linha são os antidepressivos inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS), tais como: escitalopram, citalopram, sertralina, paroxetina ou fluoxetina (leia: Antidrepressivos (ISRS) – Escitalopram, Fluoxetina, Sertralina…).

Outra opção aceitável são os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da noradrenalina, como a venlafaxina e a duloxetina.

Os benzodiazepínicos são um tipo de sedativos que podem ser utilizados como tratamento de curta duração durante um período de crise aguda de ansiedade intensa, pois eles ajudam a aliviar os sintomas de forma rápida, dentro de 30 a 90 minutos após a sua ingestão.

Clonazepam, Diazepam e Lorazepam são os fármacos mais utilizados dessa classe.

Prevenção

Embora o TAG não possa ser completamente evitado, algumas medidas podem ajudar a prevenir ou reduzir os sintomas.

Manter uma dieta saudável, reduzir a carga de trabalho, fazer exercícios físicos regularmente, reduzir o consumo de álcool e cafeína, estabelecer rotinas regulares de sono e participar de atividades relaxantes, como ioga e meditação, podem ajudar a reduzir os níveis de ansiedade.

A prática frequente de atividade física, especialmente se realizada frequentemente por mais de 6 meses seguidos, é bastante eficaz em prevenir ou ao menos reduzir os sintomas do TAG.

Referências

  • Generalised anxiety disorder and panic disorder in adults: management – The National Institute for Health and Care Excellence (NICE).
  • Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM–5) – American Psychiatric Association.
  • Anxiety Disorders – The National Institute of Mental Health.
  • Generalized anxiety disorder in adults: Epidemiology, pathogenesis, clinical manifestations, course, assessment, and diagnosis – UpToDate.
  • Pharmacotherapy for generalized anxiety disorder in adults – UpToDate.

Autor(es)

Dr. Pedro Pinheiro

Dr. Pedro Pinheiro

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

Dra. Claudia Miliauskas

Dra. Claudia Miliauskas

Médica psiquiatra e pesquisadora do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde (LIPAPS). Professora assistente da Disciplina de Psicologia Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (FCM/UERJ). Coordenadora do Núcleo de Saúde Mental da Policlínica Piquet Carneiro/UERJ.

 

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