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‘Algumas pessoas tratam como se ele fosse estranho’, diz mãe de menino autista de 10 anos no Acre


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Olhares tortos de alguns amigos, caras estranhas e, às vezes, um tratamento diferente. É assim que a servidora pública Cindy Mendes da Silva lembra da reação das pessoas quando falava que o filho, Davi Mendes, de 10 anos, era autista.

O Dia Mundial de Conscientização do Autismo é celebrado nesta terça-feira (2) e há muitas barreiras e preconceito, segundo a mãe, que ainda precisam ser derrubados.

“Tem muita gente que encara com facilidade, que fala que temos que procurar nossos direitos, mas têm outras pessoas que tratam como se ele [filho] fosse estranho, ainda há muito o que aprender”, lamentou.

Cindy percebeu que o filho tinha algo de diferente quando ele tinha quatro anos. Davi tinha dificuldades na coordenação motora, não desenvolvia a fala e não conseguia expressar o que direito o que queria.

“A gente sentia que ele era diferente, e a nossa preocupação era que ele precisava ter um acompanhamento específico. Porque ele vai crescer, vai viver a adolescência dele e a vida adulta. Como ia conseguir interagir com as outras pessoas? Essa era a preocupação maior. O medo era ter um diagnóstico errado ou não ter”, afirmou.

Diagnóstico

A servidora conta que após perceber que havia algo diferente no filho ela começou uma maratona de consultas e exames com Davi. Depois dos exames, veio o resultado: Davi tinha autismo. A mãe disse que a família estava preparada para receber a notícia, a preocupação maior era mesmo em descobrir o problema logo.

Atualmente, Davi tem acompanhamento pedagógico duas vezes por semana, faz terapia ocupacional, psicoterapia e fonoterapia. Trabalhos fundamentais, de acordo com a mãe, para melhorar a qualidade de vida do filho.

“Procuramos que ele tenha o tratamento adequado para desenvolver bem. Melhorou bastante, porque na escola tem a atenção certa para que desenvolva e possa acompanhar os colegas da turma. Em casa ele passou a participar mais, conversar e interagir com outras crianças”, relatou.

Cindy fala que as pessoas com autismo têm uma forma especial de se expressar e desenhar é a do Davi. É assim que ele gosta de conversar, interagir e se divertir.

Davi contou que o que mais gosta de fazer é desenhar dragões. Segundo ele, as inspirações vêm do filme ‘Como Treinar Seu Dragão’, um dos desenhos favoritos dele.

“Acho que sim [que desenha bem]. Assisto ‘Como Treinar Seu Dragão’, então, por isso, gosto de desenhar dragão”, afirmou Davi.

Davi Mendes foi diagnosticado com autismo aos quatro anos de vida  — Foto: Reprodução

Davi Mendes foi diagnosticado com autismo aos quatro anos de vida — Foto: Reprodução

Acompanhamento

A pediatra especialista em neurologia infantil Bruna Beyruth explicou que não há um sinal específico que define que a criança tenha o Transtorno Espectro Autista (TEA). Os pais precisam ficar atentos ao desenvolvimento do filho e, ao perceberem que a criança não acompanha o desenvolvimento das demais, devem procurar um especialista.

“Apresentam dois sinais e características clínicas que são dificuldade de interação ou de socialização, seja ela por fala, por dificuldade de interagir entre os pares e a presença de rotinas e movimentos estereotipados, que são as manias e rituais que apresentam”, explicou.

Ainda segundo a especialista, os possíveis sinais que a criança pode ter autismo aparecem entre um ano e meio a dois anos de vida.

“A criança não se torna autista, são causas multifatoriais. A maioria dos casos são genéticos, os pais precisam procurar ajuda quando perceberem que a criança não acompanha o desenvolvimento das demais”, complementou.

A profissional reforçou que quanto mais cedo a criança foi diagnosticada, melhor para começar o tratamento e as terapias. Segundo ela, diagnóstico precoce facilita as intervenções e a evolução das crianças.

“As terapias são baseadas em acompanhamento multidisciplinar, aí temos a ajuda da nossa rede de saúde com fonoaudiologia, psicoterapia, terapia ocupacional, além de outras áreas como nutricionista. Sabemos que alguns casos de autismo têm a seletiva alimentar e, assim, caso a caso vai sendo avaliado”, finalizou a neurologista infantil.

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