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Agrociência brasileira desenvolve fórmula inédita no mundo para o manejo do greening na citricultura


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Uma pesquisa inédita, desenvolvida recentemente pela renomada agrociência brasileira, resultou numa fórmula para o controle eficaz dos ataques do greening, que há muito prejudica severamente a citricultura, no Brasil e no mundo.

Foi nos laboratórios do Centro de Citricultura do Instituto Agronômico de Campinas (IAC),  localizado em Cordeirópolis/SP, que a bióloga e pesquisadora Dra. Simone Cristina Picchi, criadora da startup CiaCamp, de Araras/SP, encontrou respaldo técnico e um espaço compartilhado no IAC, para crescer e desenvolver, de maneira mais rápida e colaborativa. A pesquisa culminou em um produto inédito, comercializado sob a forma de um fertilizante. A CiaCamp foi a primeira startup do IAC, visando levar a transferência da tecnologia desenvolvida no Instituto para o setor agro.

O estudo no IAC, sob a liderança da pesquisadora Alessandra Alves de Souza, resultou na utilização do conhecido princípio ativo, que se mostrou mais eficaz: o N-acetilcisteína – (NAC) – uma substância usada tanto como expectorante, como também suplemento alimentar para humanos, por ser um eficiente antioxidante. A Dra. Simone Cristina Picchi, que integrou o grupo de pesquisas do IAC, sobre o entendimento do mecanismo da patogenicidade das bactérias Xylella fastidiosa e Xanthomonas citri, relata sobre a ação da molécula NAC na neutralização das colônias bacterianas causadoras das doenças amarelinho e também do cancro cítrico.

Os primeiros experimentos do NAC agrícola foram realizados para controle do amarelinho e cancro cítrico em pomares paulistas, cujos resultados “foram por demais animadores, feitos em estágio adiantado da doença”, afirma a Dra Simone, acrescentando que a equipe de trabalho, liderada pelo pesquisador do IAC Dr. Helvécio Della Coletta-Filho, verificou uma redução na incidência do amarelinho, provocando aumento da produtividade – em quantidade e diâmetro dos frutos – inclusive nas laranjeiras sadias. Esses resultados positivos animou a bióloga Simone a se dedicar e acelerar o desenvolvimento de formulações para o manejo do greening, que, também, trouxeram elevados benefícios ao processo de controle dessa doença, segundo Simone.

O sucesso do NAC ensejou que CiaCamp viesse, por meio de licenciamento exclusivo, a deter direitos de introdução da tecnologia NAC, patenteada pelo IAC (Carta de Patente PI 1101176-9 de 17/07/2018) na agricultura. Para tanto, a startup fez uma parceria com a empresa AMAZON AgroSciences, de São Carlos/SP, para produzir e comercializar o NAC como fertilizante sob a marca GRANBLACK, já disponível no mercado desde setembro de 2019. Revelam os dirigentes da Amazon que, embora o foco inicial da empresa seja o controle do greening, já estudam a viabilidade de aplicação da tecnologia, em formulações diferentes, na eliminação do cancro cítrico nas plantações do Sudeste/Sul e no amarelinho nos pomares do Nordeste. Outras culturas – como o milho, ameixa, uva e tabaco – também já estão recebendo, em formulações diversas, aplicações bem-sucedidas do fertilizante desenvolvido pela parceria CiaCamp e Amazon AgroSciences. 

Como funciona

Em forma de fertilizante líquido, aplicado no solo ou nas folhas, o princípio ativo é levado até as bactérias, exercendo o produto à função de “desentupidor” da planta, permitindo que ela desbloqueie os vasos e, ao mesmo tempo, volte a absorver plenamente os nutrientes e a retornar ao seu ciclo sadio de desenvolvimento. Além de controlar o greening, o fertilizante pode evitar outras agressões, mas de origem ambiental, como calor, radiação ultravioleta e hídrico, devido a sua ação antioxidante.

Por ser sustentável, o produto evita a geração de resíduos e seus impactos ambientais. Pode, também, ser aplicado em associação com tradicionais defensivos até agora empregados. A tecnologia possibilita uma expressiva queda da severidade do greening. “Não se trata de um remédio, mas sim, um suplemento para as plantas que não prejudica o solo, as folhas e os frutos. O NAC na agricultura é uma solução inovadora que já está beneficiando radicalmente o setor da citricultura nacional e mundial. É mais um gol da ciência agronômica brasileira”, comemora a Dra. Alessandra Alves de Souza.

Os números do Greening no Brasil

O combate à forte presença de doenças na citricultura nacional é fundamental para o produtor, para a indústria e para a economia do País. No Brasil, o greening afeta 18% dos estimados mais de 200 milhões de pés de laranja e outros citros cultivados nas principais regiões produtoras – São Paulo, Minas Gerais e Paraná. De acordo com o Fundecitrus, o índice de quebra na produção da cultura na safra brasileira 2017-2018 foi de 17%, sendo que 60% dessa quebra foram resultantes da ação de doenças.

O Brasil é o maior produtor mundial de suco de laranja, atendendo 80% da demanda. Suas exportações somaram, em 2019, perto de U$ 2 bilhões. E o crescimento do consumo de suco de laranja no mundo deverá ser mais significativo ainda, neste e nos próximos anos, por ser considerado um produto que exerce função imunizadora contra doenças como a COVID-19.

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