O Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19 manteve, pela segunda vez, o Acre na bandeira de emergência, representada pela cor vermelha. A classificação foi divulgada nesta segunda-feira (5) na 20ª coletiva do Pacto Acre Sem Covid do governo do estado.
Com isso, o estado segue com as medidas restritivas com o fechamento do comércio aos fins de semana e feriados e o toque de recolher das 22h às 5h. A avaliação foi feita com análise entre os dias 14 a 27 de março. A próxima classificação será feita no dia 19 de abril.
A divulgação dos dados foi acompanhada pelos prefeitos dos municípios, representantes do Ministério Público Estadual (MPE-AC), do Ministério da Saúde, representantes dos empresários e comércio, entre outros órgãos.
“Mediante o que foi apresentado pela coordenadora Karolina em relação às três regionais do estado, Baixo Acre, Alto Acre e Juruá, apresentaram na classificação vermelha, de nível de emergência, que dentro do pacto existe todo regramento com relação à capacidade de público durante a semana. Além disso, há o decreto que regulamenta o fim de semana e o fechamento total do comércio, abrindo apenas essenciais como saúde e segurança e outras atividades. Permanecem essas medidas sem haver lockdown, que é o fechamento total, e sem as pessoas saírem de suas residências”, explicou o secretário de Saúde do Acre, Alysson Bestene.
O sistema de saúde acreano segue em colapso sem leitos de UTI com nove pacientes à espera de uma vaga. Também nessa segunda, o estado confirmou mais 173 novos casos de infecção por coronavírus e sete mortes. O número de infectados subiu para 71.330 e o total de mortes agora é de 1.298. Em cinco dias de abril já são 36 mortes pela doença.
O estado entrou em bandeira vermelha, que suspendeu as atividades não essenciais, no dia 1º de fevereiro, quando o comitê antecipou a divulgação dos dados de classificação de risco depois que as unidades de saúde do estado ficaram com quase 100% de ocupação dos leitos.
Recomendação MP
Na última quinta (1º), o Ministério Público do Acre (MP-AC) recomendou que o governo e o Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19 adotassem medidas mais rígidas para conter o avanço da doença no estado acreano.
O órgão deu 48 horas para que o governo acatasse a recomendação e estabelecesse novas medidas restritivas.
O procurador-geral do estado, João Paulo Setti Aguiar, disse que a recomendação do MP-AC foi submetida à avaliação do Comitê na sexta (2) e, nesta segunda, o Comitê iniciou as análises do documento.
“Diante mão, a gente já está encaminhando para o Comitê de Análise Técnica essa recomendação e o Comitê hoje criou uma deliberação um pouco mais restritiva no que se refere à pontuação. Toda vez que a pontuação de uma determinada localidade atingir um número fracionado, esse número vai ser arredondado para cima. Em outros momentos, em que estávamos em situações melhores, a gente criou a regra para arredondar para baixo”, frisou.
Cultos e missas
O procurador falou também sobre a decisão do ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), de que governadores e prefeitos não podem proibir a celebração de atos religiosos desde que preservados protocolos sanitários, entre eles, lotação máxima de 25% da capacidade do local.
Segundo Aguiar, o Acre vai seguir a decisão do ministro e aumentar a capacidade de lotação de 20% para 25%. Em março, o governo chegou a anunciar que manteria os eventos religiosos durante os fins de semana e feriados com capacidade de 20%. Contudo, decisão foi alvo de críticas da população e do Ministério Público que considerou a medida “incoerente”.
Com a polêmica, o governo voltou atrás e proibiu a abertura das igrejas aos finais de semana e feriados e pontos facultativos.
“A decisão monocrática do Supremo mudou o percentual de 20 para 25%. Essa decisão pouco efeito tem no Acre porque o estado já vinha possibilitando o funcionamento das igrejas. Então, o que resta fazer agora é adequação do limite permitido. É uma decisão liminar no Supremo, então, acredito eu que nos próximos dias a corte vai se reunir para que essa decisão seja alterada, mas no sentido de que fique para cada estado regulamentar o funcionamento das igrejas”, complementou.
Regionais
A avaliação do comitê leva em consideração sete fatores: índice de isolamento social; índice de notificações por síndrome gripal; índice de internação por síndrome gripal; índice de novos casos por síndrome gripal Covid-19; índice de óbitos por Covid-19; ocupação de leitos clínicos – Covid-19 e ocupação de UTIs Covid-19. Esses fatores são avaliados por porcentagem – exceto os óbitos que tiveram uma mudança na avaliação em dezembro do ano passado – em que o comitê faz a somatória e atribui uma nota a cada região.
- Alto Acre: Assis Brasil, Brasileia, Epitaciolândia e Xapuri – fase vermelha;
- Baixo Acre e Purus: Acrelândia, Bujari, Capixaba, Jordão, Manoel Urbano, Plácido de Castro, Porto Acre, Rio Branco, Santa Rosa do Purus, Sena Madureira e Senador Guiomard – fase vermelha;
- Vale do Juruá e Tarauacá/Envira: Cruzeiro do Sul, Feijó, Mâncio Lima, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Rodrigues Alves e Tarauacá – fase vermelha.
Avaliação por regional
A Regional do Alto Acre teve nota 15, segundo avaliação do comitê. O índice de isolamento social caiu em 9%, de novas notificações por Síndrome de Respiração Aguda Grave (SRAG), e teve aumento de 13%. O índice de ocupação do leitos clínicos Covid-19 aumentou em 74% e o de novos óbitos aumentou em 3%. Dados são comparados entre as semanas epidemiológicas analisadas.
No caso da Regional do Baixo Acre e Purus, a nota foi 23, nota igual a avaliação anterior. Segundo o balanço apresentado, houve uma piora de 2% no índice de isolamento social também nessa regional, o índice de novas internações por Síndrome de Respiração Aguda Grave (SRAG) teve um redução 5% e na ocupação dos leitos de UTI chegou a 100%. Já com relação aos novos óbitos por Covid-19, houve um aumento de 12% e na ocupação de leitos clínicos redução de 22%.
A Regional do Juruá e Tarauacá/Envira recebeu nota 16. A regional teve aumento também no índice de isolamento social, com redução de 3%. Os índices de internações por Síndrome de Respiração Aguda Grave (SRAG) aumentaram 2% e os casos por síndrome gripal Covid aumentaram 31%.
G1.globo.com