Acre
Acre: Mulheres que empreendem e empoderam
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Elas são exemplo de garra, força e superação. Mulheres que transformaram suas realidades por meio de seus empreendimentos e que inspiram outras mulheres.
No Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta terça-feira, 8 de março, trazemos histórias de mulheres que buscaram apoio do governo do Estado do Acre e realizaram uma transformação social das suas famílias e comunidades.
Lugar de mulher é onde ela quiser
A cabeleireira Rosilene Barbosa, conhecida como Rosa Magalhães, é mãe de sete filhos e mora em rio Branco. Com o marido desempregado, viu-se na obrigação de mudar a história da sua família. Resolveu fazer um curso de cabeleireira, mas deparou-se com muitas portas fechadas por não ter estudo.
“Ninguém queria me dar uma chance. Em cada lugar onde eu chegava diziam que sem escolaridade eu não podia fazer o curso. Até que descobri que a Casa Rosa Mulher ofertava esse tipo de curso e fui lá. Consegui fazer meu primeiro curso e comecei a trabalhar”, explica Rosa.
Hoje, ela já se especializou, tem 14 certificados de cabeleireira, dois de tricologista, dois de colorimetrista, quatro de especialista e educadora. É também representante de uma marca de produtos capilares e ministra cursos para pessoas da periferia de graça.
“Eu sempre tive o sonho de levar o conhecimento que adquiri para outras pessoas. Não quero que passem pelas dificuldades que passei. Por isso, voluntariamente oferto cursos nos bairros mais carentes da nossa cidade”, afirma.
“Hoje, me sinto realizada por ser uma pessoa que ministra curso para 70 mulheres em um único horário, quando, no passado, ouvi que não tinha a capacidade nem de fazer um curso. A mensagem que deixo para outras mulheres é que não desistam, corram atrás dos seus objetivos, porque vocês são capazes”, incentiva.
Mulher que pinta e borda
A artesã Poliana Maia, já aos 7 anos de idade aprendeu a pintar e bordar. Aos 14, resolveu sair da zona rural e morar na capital Rio Branco, onde montou a Cooperativa de Artesanato Amazônico Paiol, com o objetivo de resgatar as bordadeiras acreanas.
“Quando comecei, não encontrei mais bordadeiras. Então, me voluntariei a ensiná-las. Coloquei uma plaquinha numa igreja daqui do Bujari e muitas mulheres apareceram para aprender”, narra.
A cooperativa tem 15 anos e atualmente conta com 50 cooperados no Acre inteiro. Além de bordado, também trabalha com madeira e sementes. “No Bujari, montamos um braço da nossa cooperativa. Quando cheguei no município não tinha artesão cadastrado no Programa do Artesanato Brasileiro [programa federal com o objetivo de coordenar e desenvolver atividades que visem a valorizar o artesão brasileiro]”, conta.
O Acre também era o único estado que não tinha referência no Museu Casa Bordada, uma exposição de bordados feitos à mão por mestres bordadeiras e bordadeiros dos 27 estados brasileiros. “Aquelas mulheres que viram meu anúncio na igreja e fizeram o curso bordaram uma coleção para o museu e passamos a ter representatividade lá”, relata Poliana.
Com a ajuda do governo do Estado e do Sebrae, Poliana leva as peças da cooperativa para as feiras nacionais de artesanato. E tem uma visão especial sobre os trabalhos apresentados: “Cada bordadinho daquele ali representa uma história”. Os bordados feitos pelo Ateliê Paiol retratam a fauna, a flora e a história do Acre.
De passatempo a grande negócio
As juruaenses Alcelita Brito e Pamela Souza, mãe e filha, proprietárias do Atelier das Gostosuras, aproveitaram um momento de dificuldade e criaram uma oportunidade.
Quando vieram para Rio Branco, precisaram pensar numa forma de gerar renda extra e então resolveram fazer tortas em fatias para entrega.
“Pegamos um dinheiro que sobrou da nossa pensão e investimos no material para as tortas. Começamos a fazer e as tortas começaram a se multiplicar, a geladeira ficou pequena para elas. Pensei até em doar, achando que não venderíamos tudo, mas no final vendemos todas”, conta Pamela.
Pamela conta que logo começaram a vender muito e resolveram fazer uma reforma nos fundos da casa para ter um espaço amplo para as vendas. Foi quando surgiu a oportunidade de alugar um imóvel num local mais movimentado.
“Quando vi aquele espaço num bairro nobre da capital, eu quis alugar. Peguei um dinheiro emprestado e paguei o primeiro aluguel. Levei até o fogão de casa e iniciamos no local, que logo ficou pequeno também”, frisa Pamela.
Alcelita e Pamela creditam o sucesso de sua doceria ao cuidado com que tratam o negócio: “Queremos que as pessoas se sintam bem aqui. Cada cantinho, cada ingrediente, é pensado de modo a satisfazer a nossa clientela. Tentamos inovar sempre e trazer ideias de fora para que as pessoas que não podem viajar sintam essa experiência aqui”.
Atualmente, as duas pensam em investir na farofa acreana embalada a vácuo e estão recebendo apoio do governo para a realização do novo empreendimento.
“Eu e minha mãe nascemos para isso, amamos o que fazemos, mas empreender não é fácil. É necessário insistir, investir em conhecimento e perseverar”, diz Pamela.
De desempregada a cabeleireira
Priscila Rodrigues recebeu um salão do governo do Estado em 2013. Até então ela trabalhava em casa e com pouquíssimos equipamentos. Antes disso, tentava vencer o desemprego vendendo produtos, inclusive capilares.
Ela viu nos investimentos em capacitações e equipamentos a oportunidade de ter o seu próprio negócio. “Com o que ganhei, passei dois anos na feirinha natalina, que acontecia no Novo Mercado Velho, em Rio Branco. Ganhei uma clientela boa e surgiu a oportunidade de alugar uma sala comercial no local”, explica.
Com os lucros, ela já conseguiu ampliar o espaço e gerar trabalho e renda para outras três famílias. Priscila continuou se especializando. O salão realiza todos os procedimentos capilares, manicure, pedicure e depilação.
Outras ações do Estado
O governo do Acre investe na capacidade e força da mulher acreana. Por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social, Direitos Humanos e de Políticas para as Mulheres (SEASDHM), realiza ações que buscam garantir o acesso à informação, cidadania, promoção dos direitos humanos da população feminina e fortalecimento de políticas públicas voltadas para as mulheres.
A agenda de março, mês da mulher, iniciou-se com o lançamento do Programa de Cooperação e o Código do Sinal Vermelho, em Rio Branco, na segunda-feira, 7.
O Ônibus Lilás, unidade móvel multidisciplinar, disponibiliza serviços de assistência social, acolhimento psicológico e acompanhamento jurídico, provendo todo o suporte necessário para as atendidas.
“As ações serão replicadas nos diversos municípios do interior, visando interiorizar as políticas públicas voltadas para as mulheres e meninas em estado de vulnerabilidade social”, explica a diretora de Políticas para as Mulheres da Secretaria de Estado de Assistência Social, Direitos Humanos e de políticas para as mulheres (SEASDHM), Claire Cameli.
Outro trabalho executado é a promoção de eventos e programas que reforçam as políticas públicas voltadas às mulheres. Um deles é o Programa Maria da Penha vai à Escola, que visa bons resultados futuros, ao levar para as escolas temáticas que promovem a não violência contra as mulheres, conscientizando os jovens desde cedo.
Agencia.ac.gov.br