Acre
ACRE: Após encerrar parceria por falta de repasses à Colônia Souza Araújo, Diocese e governo voltam a conversar sobre convênio
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A Diocese de Rio Branco e o governo do Acre se reuniram para debater os impasses e a retomada da parceria de mais de 50 anos que garante assistência à Casa de Acolhida Souza Araújo, que atende ex-hansenianos na capital acreana. No último dia 6, após seis meses sem repasses da Secretaria de Saúde do Estado (Sesacre), a Diocese decidiu não renovar o convênio.
A decisão foi tomada devida à falta de repasses, que, inclusive, ocasionaram o corte de energia elétrica no dia 24 de junho por falta de pagamento de uma dívida de R$ 3 mil.
Na época, em nota, a Sesacre disse que tinha total interesse em celebrar o Termo de Fomento com a Diocese, desde que o Plano de Trabalho fosse ajustado para atender às normativas vigentes e que nunca se furtou em se reunir para prestar esclarecimentos sobre a necessidade dessa reformulação.
O governador Gladson Cameli e a secretária de Saúde, Paula Mariano, visitaram o bispo da Diocese, Dom Joaquim Pertíñez, na Casa Paroquial, em Rio Branco, nessa segunda (19).
O governo informou que a visita foi uma iniciativa para retomar o convênio e assistir os moradores do abrigo. Após o encontro, Cameli pediu que a secretária-adjunta da Seacre, Muana Araújo, sentasse com o 2º vice-presidente das Obras Sociais da Diocese, padre Jairo Coelho, para as tratativas necessárias.
Ao G1, padre Jairo Coelho confirmou a reunião, mas disse que, ‘por enquanto, não tem nada concreto’.
Governador Gladson Cameli vistou o bispo da Diocese de Rio Branco, Dom Joaquim, para garantir assistência aos ex-hansenianos — Foto: Odair Leal/Secom
Fim do convênio
No dia 6 de julho, após 55 anos de parceria, a Diocese divulgou um comunicado informando que após reuniões com membros da igreja católica e apresentação de algumas propostas foi decidido que a parceria com o governo não seria renovada.
No comunicado, a Diocese disse que tinha contas em atraso de seis meses de vencimento do convênio feito entre o estado e a Casa de Acolhida que acabou resultando no acúmulo de dívidas com fornecedores e empréstimos feitos para pagar os funcionários. O montante chega a R$ 1 milhão.
“Portanto, por esse e muitos outros motivos, as Obras Sociais da Diocese de Rio Branco decidiram encerrar essas tratativas e negociações, informando à Secretaria de Saúde do Estado do Acre que não será firmado um novo convênio por nossa parte”, diz parte do comunicado.
O documento destacou também que os valores disponibilizados pelo governo ‘seriam insuficientes e totalmente inapropriados para manter dignamente a Casa de Acolhida Souza Araújo, que tem uma história de mais de 50 anos, dado que não contemplam os meses retroativos’.
A Diocese frisou ainda que as tratativas e negociações com o Estado para firmar o convênio sempre foram feitas ‘entre troncos e barrancos’ e com inúmeras dificuldades desde as gestões passadas. Mesmo assim, sempre houve a renovação da parceria.
Custeio
Com o fim do convênio, a Diocese comunicou que a igreja mesmo iria decidir quais os caminhos deveriam ser tomados pelas Obras Sociais da Diocese sobre os cuidados e manutenções do abrigo.
“É com profundo pesar que entendemos não ser do interesse do governo do estado do Acre a assistência e cuidado com as pessoas portadoras de hanseníase. E não é nosso interesse travar uma batalha contra o atual governo”, pontuou.
Impasse de anos
Esse não foi o primeiro impasse que o abrigo teve para se manter após vencer o contrato com a Sesacre. Em 2019, a Casa ficou por 8 meses sem receber os repasses.
A instituição recebia R$ 220 mil por mês do governo do estado por meio de uma lei de subvenção social. Porém, o contrato venceu em dezembro de 2020 e ainda não foi renovado.
No mês de maio, a Diocese chegou a fazer uma campanha para arrecadar fundos para tentar cobrir parte das despesas mensais, que giram em torno de R$ 180 mil, porém, o padre informou que foi arrecadado cerca de R$ 20 mil apenas.
G1.globo.com