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A trégua natalina de 1914 – Por Mario Eugenio Saturno


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O período natalino é tomado de um sentimento de paz e amor entre as pessoas, entre as nações. Neste Natal, no Brasil, parece que será de divisão, ódio e de desinteresse em promover os valores pregados por Jesus Cristo, o Salvador.

Não sabemos nem o ano em que Jesus nasceu, quanto mais o dia e mês. Historicamente, o 25 de dezembro foi tomado simbolicamente, provavelmente, quando escolhido, coincidia com a noite mais longa do ciclo solar no hemisfério norte -o solstício de inverno-, para indicar o início de uma era de luz, já que os dias ficam mais longos até o solstício do verão, dia mais longo. Cristo teria nascido no ano 1.

A comemoração do nascimento de Jesus sempre moveu o ânimo da humanidade, ou da parte cristã. Um exemplo incrível foi o Natal de 1914, nas trincheiras da Bélgica e França, onde soldados alemães e ingleses fizeram uma trégua espontânea.

Tudo teria começado na véspera, quando um dos lados começou a cantar o “Adeste Fidelis” e o outro também cantou, cada um como se cantava na sua terra. Em português cantamos uma versão bem próxima do original latim: Fiéis, caminhantes / Vinde com alegria / Bem-vindos, bem-vindos / Todos a Belém / Recém-nascido é o rei dos anjos / Bem-vindos, adoremos / Nosso Senhor / E na manjedoura / São reis e pastores / Que se aproximam / Cheios de emoção / Nos acheguemos, também, festejemos / Bem-vindos, adoremos.

É uma música que promove a aproximação das pessoas para uma causa mais nobre, como um chamado do anjo aos pastores, convidando para adorar o Deus nascido homem. Não deixa de ser curioso que esta música também tem sua autoria atribuída a Dom João IV, rei de Portugal, no século XVII, escrita em Latim.

Na versão alemã da história, na antevéspera do Natal, os ingleses receberam uma cesta de natal do rei que continha chocolate e cigarro entre outras coisas e os soldados alemães receberam bebidas e roupas. Era o primeiro ano da Primeira Guerra Mundial e ainda não havia escassez de produtos. Houve um cessar fogo para recuperar os corpos dos mortos e enterrá-los.

Depois, os soldados começaram a conversar entre si em inglês, eram muitos os alemães que haviam trabalhado na Grã-Bretanha. Ao contrário da crença de muitos de que apenas soldados haviam participado, muitos oficiais participaram dos eventos e, em alguns casos, até conduziram negociações, como o tenente Kurt Zehmisch, que era professor de francês e inglês.

Em outro lugar, os soldados alemães trouxeram no campo de batalha dois barris de cerveja. E os ingleses levaram pudins de Natal aos alemães. Segundo o tenente alemão Niemann, em sua região, um jogo de futebol foi realizado. Pelo menos 100.000 soldados das partes em conflito participaram da trégua e confraternização com o inimigo.

Obviamente, essa iniciativa não agradou os senhores da guerra que atuaram nos anos seguintes para que isso não ocorresse. Como ocorre nos dias de hoje, os inimigos da paz dão a ideia de que o espírito natalino é hipocrisia, fingimento… Pobres coitados! Que Deus se apiede dessas almas e nos dê coragem para viver a felicidade verdadeira do Natal e preencha nossos corações com a esperança de dias melhores. Feliz Natal!

Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.

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