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A crise no culto – Por Douglass Suckow


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Ora, foi a mim que trouxestes vossos sacrifícios e ofertas durante os quarenta anos de caminhada no deserto, ó nação de Israel?” Amós 5.25

O profeta Amós viveu no sec. 8 a.C. e profetizou especificamente para Israel (reino do norte) durante o reinado de Jeroboão II.

Neste tempo, Israel estava experimentando uma prosperidade tal que não se experimentava desde Davi e Salomão. A Assíria derrotou a Síria e ficou bastante tempo ocupada com questões nacionais e locais, que deixou o povo de Israel livre para tomar de volta as terras que haviam sido usurpadas no passado, conferindo conquistas militares e grande prosperidade à nação.

Com estas conquistas e prosperidade, o povo do norte experimentava agora um culto cheio de pompas, com ofertas generosas, muitas canções de alegria e muita ostentação. Parecia que tudo ia bem, mas o Criador levanta um homem comum do meio do povo para enxergar o que estava por trás daquela pompa e daquela ostentação e o faz ver a maldade do povo e sua apostasia: o culto era uma farsa.

Eles haviam pervertido o direito, havia opressão aos pobres, abandonaram, segundo o profeta, a retidão e o bom senso (v. 7). As mulheres, que na época eram lisonjeadas com uma expressão local “vacas de Basã”, por serem granfinas e terem a marca da prosperidade (a obesidade), estavam sendo chamadas com ironia pelo profeta, que lhes sentenciou por estarem fazendo seus maridos pecarem cada vez mais, oprimindo os pobres, lançando-se nas bebedices e adorando a outros deuses.

Deus estava irado!

Mas o que aconteceu para que o povo se apartasse tanto assim do Senhor, que O fez lembrar-se do tempo em que eles O adoravam no deserto? Qual seria a diferença da adoração contemporânea, em contraste com aquela adoração inicial, no deserto, quando o povo só tinha Javé e nada mais?
O que precedeu o dilúvio

Gostaria de, antes de responder esta questão, chamar sua atenção para um fato bem mais antigo que havia acontecido em Gênesis 6, quando a Bíblia relata que os “filhos de Deus” tomaram as “filhas dos homens”, por as acharem muito atraentes. E que após este fato é relatado que a malignidade e a perversão tomaram conta dos seres humanos e o Criador resolve destruir a terra com o dilúvio, restando somente um que ainda andava com Deus: Noé, que foi salvo com sua família.

Só para esclarecer, os filhos de Deus eram a descendência de Sete, filho de Adão que ficou no lugar de Abel, enquanto que as filhas dos homens eram da descendência de Caim, filho amaldiçoado de Adão, pela morte de seu irmão Abel.

Ao que parece, podemos imaginar que passaram muitos e muitos anos em que a descendência destes que andavam com Deus, não eram assediados nem atraídos por nada. Vivam em paz com o Criador e vivendo entre si harmoniosamente, enquanto que a descendência amaldiçoada de Caim vivia também em seu lugar, cada um na sua.

Porém em algum momento o assédio aconteceu e os filhos de Deus se encantaram pelas filhas dos homens e casaram-se com elas, misturando então as genes e promovendo a multiplicação do pecado e da malignidade de tal maneira que o Senhor resolve liquidar a humanidade.

Voltando ao contexto de Amós lembramos que eles viviam sob a Lei de Moisés e nela havia um mandamento: NÃO SE CASAR COM NINGUÉM QUE NÃO FOSSE JUDEU, para que não se afastassem do Senhor (Êx 34.12-16; Dt 7.1-5).

No entanto, a realidade foi outra. Cerca de 100 anos antes, o rei Acabe casou-se com uma gentia, Jezabel, que influenciou o rei a decretar Baal como mais um deus oficial de Israel, e ainda trouxe consigo a imagem do deus Baal, e também muitos sacerdotes e profetas desse deus. O povo de Israel, no dia-a-dia, tinha misturado a adoração de Javé com o culto a Baal. Os camponeses achavam que Javé era o Deus libertador e guerreiro, mas quem cuidava da fertilidade do solo, fazia chover e ter uma boa colheita era Baal.

Consegue perceber que Israel vinha numa escala descendente em sua moral e espiritualidade? Os israelitas se permitiram assediar pelas coisas externas, o que os levaram a continuar adorando ritualmente Javé, porém com seus corações nas suas paixões e concupiscências, anulando assim seu culto a Deus e atraindo para si a ira e a condenação de Deus.
Dias atuais

Ao olhar para estes fatos, constato, à luz das escrituras, que nosso culto a Deus também está em crise.

Jesus afirmou em Mateus 24.12: “E, por causa da multiplicação da maldade, o amor da maioria das pessoas se esfriará”.

Não sei quanto a você amigo leitor, mas tenho constatado que o tempo da apostasia já começou, ao menos em algum nível. E não tenho dúvidas que sua causa é à multiplicação da iniquidade, que por sua vez também tem uma causa clara: “os filhos de Deus foram atraídos pelos filhos dos homens”.

O que eu quero dizer com isso?

Mundanismo, a afeição pelas coisas externas.

Na era da pluralização, onde já não há mais o absoluto, tudo está relativizado, com várias verdades, onde o politicamente correto tomou conta até dos púlpitos, não me causa estranheza que nossos cultos também estejam em crise.

Pregações secularizadas, danças secularizadas, cultos secularizados. Ás vezes com aparência de piedade, como disse Paulo a Timóteo, mas negando sua eficácia.

E como constatamos isso? Há uma sede pelo novo, pela evolução e pelos estereótipos. Mas não há vida com Deus fora da igreja, fora do ambiente cultual nos templos. Não há uma canção no coração dos crentes, e quando há… secularizada. Não se gasta mais tempo em oração, jejuns e busca pelo conhecimento da palavra de Cristo. Mesmo assim, lotamos nossos templos, com nossos corações vazios. Mais uma vez, uma farsa. (respeitadas as exceções)

Um italiano conceituou CRISE duma forma muito aplicável para este contexto: crise é quando o modelo atual não atende mais, e o modelo novo não está pronto, gerando muita angústia.

Não há modelo novo para culto, o modelo também não é o atual. Ele é ANTIGO. É o culto RACIONAL, que é a prática de todos os mandamentos de Jesus, na vida familiar, social e eclesiástica.

Ainda há tempo… ou não… Seja bem-vindo Jesus, ao nosso rapto violento.

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