Mato Grosso
“A candidatura de Fávaro é fruto de uma árvore envenenada”
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Pré-candidato à eleição suplementar de novembro, o deputado federal José Medeiros (Podemos) classificou como um “estupro” a posse do ex-vice-governador Carlos Fávaro (PSD) como senador, em abril deste ano.
Fávaro assumiu a cadeira do Senado após uma decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, que determinou que no lugar da cassada Selma Arruda (Podemos) deveria ser dada posse ao terceiro colocado na eleição de 2018, até a realização de um pleito suplementar.
Para Medeiros, a candidatura de Fávaro é “fruto de uma árvore envenenada”, doutrina do Judiciário emprestada por ele para se referir às supostas ilegalidades que resultaram na posse do congressista.
Medeiros falou com a reportagem na quarta-feira (15), portanto antes da decisão do TSE que marcou a eleição suplementar em Mato Grosso para a mesma data que a municipal, dia 15 de novembro.
Ainda na entrevista, o parlamentar, um ferrenho defensor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), se posicionou frontalmente contrário a qualquer ruptura na democracia.
A candidatura do Fávaro é fruto de uma árvore envenenada. Bateram a carteira, tiraram a senadora Selma Arruda (Podemos). […] Transformaram o cargo em concurso público, como se tivesse um cadastro reserva. Banalizou.
Confira a entrevista na íntegra:
MidiaNews – O Congresso mudou a data da eleição municipal de outubro para o dia 15 de novembro. Como o senhor viu essa alteração?
José Medeiros – Acertada não foi do ponto de vista sanitário. Mas já está decidido, então é o que temos para hoje.
MidiaNews – O senhor é um dos pré-candidatos ao pleito ao Senado. Como aliado de primeira hora do governo Bolsonaro, se sentiu preterido por não ter o apoio dele nessa disputa?
José Medeiros – Lógico que ter o apoio do presidente, que é maciçamente aprovado pelos mato-grossenses, é importante. Mas eu tenho a defesa importante do nosso Estado e desse Governo, e penso que é importante para Mato Grosso que o candidato que se eleja faça essa defesa. Nós não podemos ter ali um senador gelatina, escorregadio. Precisamos de gente que tome posição. As pessoas podem não concordar comigo, mas sabem que eu tomarei um posicionamento.
Sobre o apoio do presidente Bolsonaro, tenho falado o seguinte: o candidato em que você está votando é um que não foge do embate, que defende o governo, e é o melhor perfil para defender o presidente no Congresso? Se sim, beleza.
E sobre o apoio do presidente, ele quis muito colocar o major Vitor Hugo no Ministério da Educação. Não foi possível. Porque a política é a arte do possível. E por circunstâncias, o presidente teve que apoiar outro candidato aqui. E isso não está fechado também, pode ser que até a eleição mude.
MidiaNews – Mas o senhor acredita que, com o apoio do presidente, a tenente-coronel Rúbia Fernanda (Patriota) pode dar trabalho aos adversários?
José Medeiros – Eu não analisei ainda. Foi feito o lançamento das candidaturas, mas veio a pandemia. Não acho que deu tempo dela colocar o nome, porque de lá para cá não teve como ninguém andar. Está posto, virá a eleição, e o eleitor irá escolher.
MidiaNews – Nesse intervalo de tempo, o ex-vice-governador Carlos Fávaro tomou posse como senador interino por Mato Grosso. O senhor acredita que a posse e a candidatura dele são legítimas?
José Medeiros – Um legítimo estupro. A candidatura do Fávaro é fruto de uma árvore envenenada. Bateram a carteira, tiraram a senadora Selma Arruda (Podemos). É um assunto difícil de se comentar, porque o que fizeram ali não se faz. Transformaram o cargo em concurso público, como se tivesse um cadastro reserva.
Banalizou.
MidiaNews – Como correligionário de Selma Arruda, o senhor acredita que vai se sentir vingado se derrotar o Fávaro nas urnas?
José Medeiros – O Fávaro já foi derrotado. O eleitor mato-grossense já disse que não o quer. Ele acabou arrombando o sistema e se colocou novamente. O que eleitor vai fazer é dar a mesma nota, desta vez negritada.
Porque de lá para cá ele já teve oportunidade de se mostrar como um agente político e demostrou não respeitar a vontade do eleitor mato-grossense por tudo que fez e por tudo que está fazendo. A minha colocação não tem a ver com vingança, porque esse julgamento quem faz é o eleitor.
MidiaNews – E como está o Podemos em relação a candidatura nas eleições municipais em Cuiabá?
José Medeiros – Nosso candidato aqui é o Abilinho [vereador Abílio Brunini].
MidiaNews – A oposição na Câmara tem dois vereadores com pretensões ao Alencastro: Abílio e Felipe Wellaton (Cidadania). Isso não pode dividir votos?
José Medeiros – No nosso partido ele já é consenso. Temos um sonho do Wellaton ser o nosso vice. Mas não estou à frente dessa discussão. Quem tem cuidado disso é o Niuan [Ribeiro, vice-prefeito], Abílio e Dilemário Alencar [vereador].
MidiaNews – E essa possível chapa tem força e cacife para vencer o prefeito Emanuel Pinheiro em uma eventual candidatura dele à reeleição?
José Medeiros – Ele já venceu o Emanuel. O Emanuel já jogou a toalha. Como dizem: barata sabida não atravessa galinheiro. Ele agora está pensando em que candidato escolher para vencer o Abílio.
MidiaNews – O senhor é um defensor ferrenho do presidente Jair Bolsonaro na Câmara e nas redes sociais. Não vê nenhuma falha na gestão dele?
José Medeiros – Eu tenho feito a defesa do presidente no Parlamento e fora dele e isso faz parte do pacote, de poder defender o Governo em um todo, tanto na parte política quanto na parte técnica do Parlamento. A gente sabe que o sucesso do Parlamento passa por um bom debate nas ruas. Não adianta fazer um bom governo e perder as ruas.
E para isso tem que fazer o enfrentamento o tempo todo. Antigamente as discussões se davam no boteco, pela mídia, mas hoje ela acontece nos grupos de WhatsApp, nas redes sociais. Como estou como deputado, tenho que ir para o embate a todo momento, e isso me despende bastante energia.
MidiaNews – Mas após um ano e meio de governo, o senhor não vê nenhum erro ou excessos por parte de Bolsonaro?
José Medeiros – O presidente Jair Bolsonaro foi eleito por um segmento da sociedade que previa as políticas que ele fez. Por exemplo, naquele vídeo da reunião ministerial, o povo descobriu que não comprou gato por lebre. Que comprou e levou para casa exatamente o que havia escolhido nas urnas.
Muita gente fala sobre a postura do presidente, mas ele tem feito justamente o que se propôs a fazer. O Governo que nós temos defendido ainda não conseguiu implantar tudo. Nós temos tentado ser 100% coerentes com o que foi vendido na campanha. Lá, defendíamos que a população teria direito a defender sua propriedade e família. E muita gente se escandaliza com isso, mas é natural. Eu não consigo ver nada de diferente nele, não.
MidiaNews – Durante a campanha, o presidente deixou claro que não era favorável ao “toma lá, da cá”. E hoje o vemos aliado ao chamado “centrão”, formado em sua maioria por políticos considerados fisiológicos.
José Medeiros – O Governo precisa de votos no Congresso, e até agora não houve troca de cargos. Aqui em Mato Grosso, por exemplo, tem cargos ocupados por indicação do presidente Fernando Henrique Cardoso, outros que ainda estão com o PT, para se ter uma ideia. E sobre a questão do “centrão”, eu não sei se esses partidos terão cargos até porque não foram disponibilizados.
No Congresso, o que tenho visto é que essa agenda que o presidente quer colocar é a mesma dos parlamentares dos partidos denominados “centrão”. Esses partidos já queriam a reforma da Previdência, querem a reforma tributária e querem um estado mais enxuto. Então, juntou a fome com a vontade de comer. E não tenho dúvida que haverá essa convergência. Seria muito ruim se continuasse com essa beligerância.
Havia uma rixa e até um demonização de pessoas. Nós trabalhamos nessa negociação de aproximar o Governo do Parlamento. Mas não há o chamado “toma lá, da cá”, até porque não foi mudada a presidência da Petrobras, do Banco do Brasil… São pouquíssimos casos em que houve mudanças. Existe mais espuma do que chopp nessa conversa. Há sim uma aproximação maior do Governo com o Congresso Nacional.
MidiaNews – Recentemente, a imprensa nacional anunciou a determinação Palácio do Planalto para que houvesse a troca de quatro vice-líderes do Governo na Câmara. O senhor se sentiu ameaçado?
José Medeiros – Não. Eu estava a par dessa determinação, e a gente já havia discutido quem iria sair e quem não iria. Meu nome não foi objeto de discussão da saída, não.
MidiaNews – O presidente tomou uma postura – muito criticada – em relação à pandemia do novo coronavírus. Ele chegou a classificar a doença como “gripezinha”. E hoje estamos chegando à casa dos 80 mil mortos no País. O senhor não acredita que ele poderia ser mais solidário com os parentes das vítimas?
José Medeiros – O presidente é solidário. Ele, como cada um de nós, está perplexo com o que aconteceu no Mundo inteiro. Como presidente de um país, ele tem a responsabilidade de tranquilizar ao máximo as pessoas. Mas o que acontece é que tudo que o presidente fala é demonizado.
No início, muitas pessoas também minimizaram a pandemia. Enquanto Bolsonaro dizia para a população não pular Carnaval, o governador da Bahia Rui Costa (PT) pediu para as pessoas irem para o Estado pularem o Carnaval. Disse que as pessoas deveriam deixar seus países e irem até a Bahia. Ele também subestimava o vírus, e não houve essa onda de críticas em cima dele.
Enquanto havia pessoas falando isso, o presidente já tinha criado um comitê de crise e já estava preparando o Ministério da Economia para mandar recursos aos estados. [Enquanto isso] Os governadores – em sua imensa maioria – estavam demonizando o presidente com discursos ideológicos, e parados. E o presidente mandando recursos, equipamentos, médicos e fazendo de tudo.
Fez tudo isso e dizendo: a economia não deve parar. Precisamos ter distanciamento social, ter cuidados com pessoas com comorbidades e com os idosos, mas não podemos parar. Os governadores e prefeitos disseram “fecha tudo”, mas não fizeram nada. Nenhum leito.
Em Mato Grosso até pouco tempo não havia nenhum leito, depois quando a corda começou a apertar começaram a abrir alguns. E aqui está encharcado de dinheiro do Governo Federal, assim como todos os estados.
Aí veio o vírus, morreu gente para dedéu, e quem é culpado? O presidente Jair Bolsonaro. “Genocida, insensível e que não tem solidariedade com os mortos”. E eu fico a pensar: entre uma pessoa que me manda dinheiro, me manda para o hospital, me dá remédios e outro que não faz nada mas fica falando que é solidário a mim, fico com o que me dá recursos. Eu fico muito indignado com esse tipo coisa. Uns foram omissos, outros roubaram.
MidiaNews – Como o senhor avalia a postura do governador Mauro Mendes (DEM) na pandemia?
Cuiabá recebeu dinheiro para forrar as ruas. O Estado também recebeu muito dinheiro. Nós poderíamos estar em boa situação
José Medeiros – O governador Mauro Mendes ficou muito tempo sendo “pixuleco” do João Dória [governador de São Paulo]. Nós tivemos uma janela de mortalidade muito grande. O vírus demorou a chegar a Mato Grosso e o Mauro Mendes ficou com decreto para cá, decreto para lá, abre daqui, fecha dali. Tanto ele, como o prefeito da Capital Emanuel Pinheiro ficaram enrolados nos cabelos das pernas, depois encheram os hospitais de equipamentos e o vírus já havia chegado. Boa parte disso foi recurso do Governo Federal.
Quando ainda não havia pandemia em Mato Grosso, o grande ato do governador foi pedir ao STF o adiamento do pleito ao Senado porque pleiteava o seu candidato [o deputado se refere ao senador interino Carlos Fávaro].
E eu aconselhei em março desse ano: vamos colocar barreira sanitárias nas entradas do Estado, nos aeroportos, nas rodoviárias. Barreiras essas que a Europa e a China já vinham fazendo. Nós tínhamos tempo para fazer isso. O governador, em contrapartida, disse à imprensa que eu era um irresponsável e que aquilo não era incumbência dele. O resultado nós vimos.
Boa parte dos prefeitos de cidades-pólos também erraram. Como o prefeito de Rondonópolis, José Carlos do Pátio (SD), que arrumou uma briga sem sentido com a Santa Casa do Município. Depois, no meio da pandemia, o Tribunal de Contas Estado (TCE) teve que obrigá-lo a destinar recursos à unidade. Ou seja, as pessoas morrendo e esses caras sendo insensíveis.
Em Cuiabá é a mesma coisa. O montante de recurso que veio para Capital nos repasses normais é quase R$ 250 milhões, mais quase R$ 50 milhões só para o tratamento da Covid-19. Isso é dinheiro para forrar as ruas de Cuiabá. O Estado também recebeu muito dinheiro.
Por isso falo que nós poderíamos estar em boa situação. E quando digo isso, falo como vice-líder do Governo, respondendo principalmente às falas do Mauro, do Luís Possas [Saúde de Cuiabá] e do Gilberto Figueiredo [Saúde Estadual]. Os três em determinado momento criticaram e jogaram essa fatura para a conta do Governo Federal. Então eu digo: pera lá! Quem pariu Mateus que o embale. Essa conta não é do Governo Federal. Nós sentimos muito pelas mortes que estão ocorrendo, mas o Governo Federal não tem como vir aqui e só intervir.
MidiaNews – E o que a bancada federal tem feito para ajudar na Saúde estadual?
José Medeiros – Nós estamos tentando remediar o problema. A bancada está se esforçando muito para trazer recursos a Mato Grosso. Eu mesmo estava no Ministério Saúde essa semana pedindo para mandar equipamentos, para mandar uma força-tarefa com reforço médico.
Porque em Mato Grosso estamos na seguinte situação: como não se preparam, os medicamentos estão esgotados, e boa parte dos gestores está com medo de comprar os medicamentos – que hoje estão três vezes mais caro que o normal – e responder para o Ministério Público depois.
E eu levantei isso no Governo Federal. As pessoas não podem ficar à mercê, à espera de um medicamento, não podem ser responsáveis por quem não fez o dever de casa na hora certa. E também não podem morrer para satisfazer o que a lei exige. Porque temos que pagar por esses medicamentos.
Com o Paulo Guedes [ministro da Economia] citei a questão do recurso emergencial. Ele é importante, mas é finito. Nós precisamos ver essa questão do Pronampe (Projeto de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte) porque ele é a recuperação dos empresários. Estou batendo nessa questão para que venham recursos para empresas pequenas e médias, porque a pandemia vai passar e virá outra pior, que é a questão econômica.
MidiaNews – Uma das críticas à gestão Bolsonaro é sobre o impasse no Ministério da Saúde em plena pandemia. O senhor defende que o ministro interino, general Eduardo Pazuello, seja efetivado?
Eu já fiz ponderações sobre o STF […] mas nunca sobre fechamento. Você pode divergir, mas nunca querer a mordaça do outro
José Medeiros – O Pazuello já estava lá como segundo homem. Ele já está efetivado, essa é a verdade. O que acontece agora é um debate político. Como há uma luta política travada, e começou essa briga com nosso conterrâneo, ministro do STF Gilmar Mendes, essa coisa se acirrou.
É um general que tem todas as competência necessárias para o cargo. Um general é uma pessoa que passa anos estudando sobre tudo o que você imaginar. Então se há uma pessoa preparada para assumir qualquer cargo em um país é um general. Essa conversa fiada de dizer que se ele não é médico, então não pode ser ministro da Saúde. Se for desse jeito, o que o Lula estava fazendo na Presidência da República?
MidiaNews – O senhor citou o ministro Gilmar Mendes. Como analisa as últimas declarações dele em relação ao goveno Bolsonaro? Está fazendo política no STF?
José Medeiros – Eu defendo o governo Bolsonaro, mas sou proibido de tecer qualquer comentário sobre meu conterrâneo Gilmar Mendes (risos).
MidiaNews – Então o senhor concorda com ele?
José Medeiros – Eu sou vice-líder do Governo na Câmara. E você já ouviu o ditado “não se apaga fogo com gasolina” (risos)?
MidiaNews – As declarações do ex-ministro Sérgio Moro quando deixou o Governo deram força à oposição para um pedido de impeachment do presidente. O eco cresceu após o desenrolar de algumas investigações. Como o senhor vê esse movimento?
José Medeiros – Não é eco não, foi só um “zumbiduzinho” por parte do PT e do Psol. Quem trabalha no Congresso já sabe: não tem PT no poder, tem esse zumbido. Está tudo dentro da normalidade.
MidiaNews – Dias atrás em uma live no Midianews, o deputado Nelson Barbudo (PSL) defendeu a possibilidade de uma intervenção militar no Brasil, citando o artigo 142 da Constituição Federal. O senhor também é a favor dessa medida?
José Medeiros – As Forças Armadas têm cumprido um papel institucional importante e está tudo dentro da normalidade no Brasil. Tenho respeito muito grande pelos que pensam diferente, mas divirjo. Eu não consigo entender da mesma forma o artigo 142.
Nós não vemos nem essa vontade das Forças Armadas. Eles entregaram [o poder] em 1985 e, de lá para cá, tem sido como deve ser.
Costumo dizer que nós não podemos dar discurso para a oposição. Primeiro que não irá ocorrer. Não é vontade do presidente Jair Bolsonaro, não é vontade das Forças Armadas… É vontade apenas das viúvas da ditadura e da oposição, que quando vê uma faixa “Intervenção Militar” tira toda a legitimidade da manifestação em apoio ao presidente da República. Mas isso não está na agenda do Governo.
MidiaNews – Nessas manifestações a favor do presidente, há diversas faixas antidemocráticas que pedem o fechamento do Congresso Nacional e até do Supremo Tribunal Federal.
Arquivo/MidiaNews
“Não quero saber se a China é capitalista ou socialista, quero saber o quanto ela está comprando da gente”
José Medeiros – Qualquer manifestação de fechamento do Congresso ou do Supremo tem que ser rechaçada. Eu nunca defendi, pelo contrário, desestimulei. Acho que fui o único parlamentar a conversar com as pessoas dizendo que isso não nos ajuda.
Por exemplo, o “Fora, Maia”, o “Fora, Alcolumbre” e o “Fora, STF” não nos ajudam. Porque da mesma forma que nós achamos antidemocrático o “Fora, Bolsonaro”, não defendemos o fechamento do Congresso.
O descontentamento político tem que ser enfrentado nas ruas, no debate, fazendo um enfrentamento até nas redes sociais.
Agora, eu já fiz ponderações sobre o STF, sobre posicionamento de ministros. Por exemplo quando o ministro Luis Roberto Barroso disse que aqui em Mato Grosso estava todo mundo preso. Eu subi na tribuna e fiz uma fala dura. Disse que ele não conhecia Mato Grosso, que estávamos muito bem, e ele deveria ponderar mais a palavras. Mas nunca sobre fechar o STF. Você pode divergir, mas nunca querer a mordaça do outro.
MidiaNews – Recentemente, tivemos a prisão do ex-chefe de gabinete de um dos filhos do presidente, o Fabrício Queiroz. Não acha que o Brasil precisa de maiores explicações de Bolsonaro sobre quais são as suas relações com Queiroz?
José Medeiros – Querer explicações do presidente sobre Queiroz é a mesma coisa que pedir ao Lula explicações de quantas cachaças ele havia tomado. Essas coisas são tão pequenas. O presidente está há 600 dias sem nenhum escândalo, e a lei diz o seguinte: o presidente só responderá por crimes cometidos durante o mandato, crime na administração. Porque se ele matar um cara hoje, ele só responderá depois que terminado o mandato.
E por que o legislador fez isso? Para que a vida da nação não seja impactada por coisas fora do mandato presidencial. Se as pessoas tivessem o mínimo de preocupação com a pátria, fariam o seguinte: espera o Bolsonaro terminar o mandato, depois espanca, esfola e pisa.
Agora, não há ligação nenhuma do Bolsonaro com Queiroz. Mas porque ele resolveu não pagar a Globo, a Folha de São Paulo, o UOL, ele simplesmente é atacado. Sendo que nem processado sobre esse negócio do Queiroz ele pode ser. Isso é muito casuístico.
A grande verdade é que temos estatais que nunca deram tanto lucro, o Ministério da Infraestrutura investindo pesado, na Fico e Ferrogrão… Essa parte do falatório entendo normal pela pauta política, mas exagerado pela falta de recursos destinados à Globo.
MidiaNews – Recentemente o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) afirmou que uma ruptura no Brasil não é mais uma questão de “se” mas de “quando”. O Brasil está indo por esse caminho?
José Medeiros – A única ruptura forte que aconteceu foi que o último título do Flamengo foi em 2009 e, quando foi agora em 2019, nós rompemos com isso e começamos com diversas vitórias e vamos até 2025. O restante vai ser só normalidade. O Brasil está maduro democraticamente.
Esse é um discurso próprio do Eduardo, nós continuaremos com a democracia no Brasil e continuaremos assim por mais alguns milênios.
Agora, o deputado foi um dos que recebeu mais votos na história do Brasil, e tem um eleitorado que discute bastante a política mundial. Eu sou mais pragmático. Como sou mais velho, me preocupo mais com Mato Grosso e o Brasil. Não quero saber se a China é capitalista ou socialista, quero saber o quanto ela está comprando da gente.
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