Acre
Pai e avó de bebê que morreu após tomar duas mamadeiras no Acre são indiciados por homicídio
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A Polícia Civil indiciou por homicídio doloso qualificado o policial federal Dheymersonn Cavalcante e a mãe dele, Maria Gorete, pela morte da pequena Maria Cecília, de 2 meses, que era filha de Cavalcante e morreu após tomar duas mamadeiras de leite artificial, no dia 8 de março deste ano.
O laudo apontou que a causa da morte foi broncoaspiração – insuficiência respiratória e obstrução das vias aéreas causadas pela quantidade de leite ingerido.
Após quatro meses de investigações, a polícia encerrou o inquérito na terça-feira (2) e encaminhou o documento para o Judiciário e Ministério Público para que possam tomar as medidas cabíveis.
O delegado Martin Hessel, que comandou as investigações, disse que tanto o policial quanto a mãe sabiam que era determinação médica que a criança não podia se alimentar com nenhum tipo de alimento que não fosse o leite materno, motivo pelo qual foram indiciados por homicídio doloso qualificado.
“Após a conclusão de todos os laudos periciais, com todo o conjunto probatório, nós chegamos ao convencimento de que o homicídio ocorreu de forma intencional praticado pelo Dheymersonn e pela mãe dele, Maria Gorete. Foi dessa forma que o inquérito saiu com o indiciamento”, informou.
O advogado de Cavalcante disse ao G1 que ainda não teve autorização para ter acesso ao documento e deve se pronunciar sobre o caso posteriormente.
Para a mãe da criança, a enfermeira Micilene Souza, o policial premeditou a morte da menina junto com a mãe dele porque não queria pagar pensão alimentícia.
Bebê de apenas dois meses morreu por broncoaspiração — Foto: Arquivo pessoal
Bebê ingeriu 11 vezes mais leite do que poderia
O delegado Martin Hessel disse ainda que foram ouvidos familiares e várias testemunhas que tinham conhecimento do relacionamento do PF com Micilene. Além disso, foram inseridos no inquérito mais de oito perícias, desde a quebra de sigilo telefônico, extração de dados de telefone, tanto do policial como a mãe da criança, que disponibilizou todas as conversas deles nos aplicativos de mensagens.
“Ficou muito claro que a mãe informou aos dois que a criança não poderia ingerir outro alimento que não fosse o leite materno e o leite materno que ela ingeria, era na quantidade de 10 ml. Essa criança tomou duas mamadeiras que dá 120 ml”, disse.
O delegado disse que durante toda a investigação, as equipes médicas que prestaram atendimento à pequena Cecília informaram que a quantidade de leite ingerida pela criança era excessiva para a idade dela, dois meses.
“Qualquer outro tipo de alimento que não era para ser dado, foi dado. Desta forma, acreditamos que foi intencional, tendo em vista que durante toda gravidez o Dheymersonn se mostrou que não queria ser pai dessa criança e insistiu para que a Micilene abortasse. Então, o conjunto probatório, todas as testemunhas que foram ouvidas, levaram ao indiciamento por homicídio doloso”, conclui o delegado.
Entenda o caso
A bebê de apenas dois meses morreu no último dia 8 de março, no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), depois de ingerir duas mamadeiras de leite artificial.
A mãe e a criança tinha viajado de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, para a capital acreana dias antes de a menina morrer para fazer o teste de DNA pedido pelo policial. Micilene contou que quando descobriu que estava grávida ele se negou a registrar ou dar qualquer assistência.
A enfermeira relatou que o policial chegou a pedir para que ela interrompesse a gestação. Ainda segundo ela, Cavalcante insistiu para vê-la durante a gestação e, em dezembro do ano passado, eles se encontraram em um hotel em Cruzeiro do Sul. De acordo com ela, foi lá que o policial teria tentado fazê-la abortar ao dopá-la.
O resultado do exame de DNA, divulgado no início de abril, confirmou que o policial federal Dheymersonn Cavalcante é pai da pequena Maria Cecília.
Exame confirmou patenidade — Foto: Arquivo pessoal
Defesa diz que bebê já tinha passado mal
Em conversa por telefone com o G1 no dia 11 de março, o policial federal negou qualquer envolvimento na morte da filha e classificou as acusações como “absurdas”.
O advogado de defesa do policial, Kaio Marcelus, na época, também negou as acusações. Ele afirmou ainda que a bebê já tomava leite artificial e que em fevereiro já havia passado mal nos braços da mãe.