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Cristão pode beber vinho? – Por Renata Pires


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Será que beber vinho em casa é pecado? Como crente posso beber socialmente?

Uma das perguntas mais recorrentes no meio evangélico é se o cristão pode ou não beber vinho. Esta é uma discussão antiga, usada sempre como forma dos não crentes colocarem os evangélicos contra a parede. Novos convertidos, curiosos e crentes mais antigos divergem sobre esta questão de beber socialmente. Uns são mais radicais e defendem com veemência que é proibido. Já outros, os mais liberais, dizem que não há problema, desde que se beba com moderação. Como o assunto gera muita polêmica ele já foi comentado pelas principais personalidades cristãs do país.

O pastor Silas Malafaia, por exemplo, é enfático ao afirmar que o crente não deve beber vinho. Ele ainda condena quem aceita tais costumes. “Queria entender como um crente faz festa e serve bebida para os convidados não evangélicos… Essa é uma boa hora pra você dizer que decidiu não se contaminar”, desafia Malafaia que continua ensinando como o crente deve agir. “Aqui na minha casa não entra aquilo que pode contaminar a mim e os outros. Eu já me retirei de casamentos de membros da minha igreja. Eu decidi não me contaminar… O mundo passa com sua cobiça, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece pra sempre”, diz ele em vídeo postado na internet, citando vários versículos que falam sobre o assunto como Tessalonicenses 4.3 I, Pedro 9.2, Romanos 12.2 e I Pedro 1.15-16.

Em busca de uma comunicação mais amigável, o pastor Cláudio Duarte respondeu a essa pergunta em entrevistas de uma forma mais descontraída. Ele também usou a internet para dizer que não há nenhum versículo bíblico que proíba alguém de beber vinho. Ele ressalta que a Bíblia apenas ensina a sermos sóbrios e vigilantes, já que a bebida pode ser a porta de entrada para outros pecados. “Eu sou totalmente contra, mas eu não posso dizer que é pecado. Não posso simplesmente subir no púlpito e dizer: não beba porque beber é pecado. A Bíblia não condena quem bebe; a Bíblia condena a embriaguez”, destaca o pastor Cláudio.

Já Marcio Persona, consultor e palestrante empresarial cita a questão cultural como um forte álibi para poder beber uma taça de vinho por dia, alegando ser um hábito saudável. “O cristão não deve ser guiado pela lei, mas pelo Espírito. Costumo tomar vinho de vez em quando durante a refeição como meu pai, que era descendente de italianos, já fazia imitando as gerações que vieram antes dele. Aqueles que são italianos ou descendentes sabem que o vinho faz parte dos próprios costumes daquele país e é raro se encontrar uma refeição onde não se tome vinho. Não para se embebedar, mas apenas como bebida acompanhando a refeição. Creio que a posição de qualquer cristão não só em relação ao vinho, mas a qualquer fonte de alegria e prazer nesta vida, deve ser sempre a da noiva em Cantares 1:1-4: “…melhor é o Teu amor do que o vinho… em Ti nos regozijaremos e nos alegraremos; do Teu amor nos lembraremos, mais do que do vinho.”, ressalta Persona.

No entanto, evidências científicas dizem que a bebida traz muito mais malefício do que benefícios, confirmando os avisos da Bíblia sobre bebidas fortes. É o que afirma o estudo global, publicado na revista científica The Lancet. “Uma taça de vinho no fim do dia não tem nada de saudável. Não existe um nível seguro para o consumo de álcool”. Os pesquisadores admitem que beber moderadamente pode proteger contra doenças cardíacas, mas sugerem que o risco de desenvolver câncer e outros males se sobrepõe aos benefícios. “O álcool é um veneno. Cada gole de qualquer bebida alcoólica destrói células preciosas do cérebro. Uma vez destruídas, essas células nunca mais são substituídas. Sabe o que isso significa? Com o tempo, você provavelmente terá dificuldades em se concentrar, raciocinar, aprender coisas complexas, sem contar que o seu poder de discernimento estará comprometido”, confirma um dos pesquisadores.

Esta pesquisa foi realizada de 1990 a 2016, e analisou os níveis de consumo de álcool e seus efeitos sobre a saúde de participantes de 15 a 95 anos de 195 países. Foi descoberto que, dos 100 mil abstêmios, 914 desenvolveram problemas de saúde relacionados ao álcool, como câncer, ou sofreram alguma lesão. Já quem toma diariamente uma dose – equivalente a 10 gramas de álcool puro – apresenta um risco 0,5% maior, se comparado a quem não bebe. Se o consumo for de duas doses por dia, o risco sobe para 7%. E, no caso de cinco doses diárias, chega a ser 37% maior.

Concluímos que a decisão de beber ou não é individual. Seja pela abstinência ou pela moderação, a atitude do crente deve ser tomada visando a glória de Deus, sem escandalizar o irmão. Jesus bebia vinho, mas nunca foi chamado de bêbado. O apóstolo Paulo deixou registrado uma importante recomendação: “Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito” (Efésios 5:18). Lembre-se que muitos desastres no trânsito e lares foram desfeitos devido ao consumo de álcool. Tudo é permitido, mas nem tudo convém.

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