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Ex-presidente de associação de procuradores trocou mensagem em aplicativo com pessoa que se identificou como hacker


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O procurador regional José Robalinho Cavalcanti, ex-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, trocou mensagens pelo aplicativo Telegram na noite desta terça-feira (11) com uma pessoa que se passou por um procurador integrante do Conselho Nacional do Ministério Público e, em seguida, afirmou ser um hacker. A informação foi divulgada em reportagem publicada pelo site da revista “Época”.

A Polícia Federal investiga a invasão ao celular do ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) e de procuradores da Operação Lava Jato. A corporação busca indícios sobre quem teve acesso de forma ilegal a conversas privadas e qual o método usado pelos hackers.

No último domingo, o site “The Intercept” divulgou trechos de conversas de procuradores da Lava Jato e entre Moro e o procurador Deltan Dallagnol pelo Telegram. Nas mensagens, o ministro, então juiz da Lava Jato, dá orientações e opina sobre como proceder com as investigações. Segundo o site, as conversas foram passadas por uma fonte anônima antes da invasão pelos hackers.

De acordo com a reportagem divulgada na manhã desta quarta por “Época”, o procurador Robalinho, candidato à lista tríplice para ser o novo procurador-geral da República, recebeu mensagens enviadas como se partissem de Marcelo Weitzel, que foi procurador-geral da Justiça Militar.

Áudios enviados por procuradores

A reportagem informou que o suposto hacker enviou a Robalinho um áudio trocado entre procuradores da Lava Jato e informou que aquele conteúdo em breve sairia na imprensa, como forma de fazer o procurador emitir uma opinião a respeito.

Seriam provocações para que Robalinho criticasse a conversa dos procuradores, mas ele respondeu que não via nada de errado, que aquilo fazia parte de negociações do Ministério Público e explicou como a Justiça agia naquele caso. Robalinho disse à revista ter respondido apenas “tecnicamente” e que considera não haver nada de mais nos áudios.

Após novas tentativas, sem sucesso, de fazer Robalinho se posicionar sobre o tema, a pessoa acabou informando não era o procurador Witzel quem enviava as mensagens, mas sim um hacker.

‘Sou o hacker. Quer falar comigo?’

“Não sou o Marcelo. Sou o hacker. Quer falar comigo?”, perguntou a Robalinho, segundo “Época”. A pessoa teria continuado tecendo comentários sobre a Lava Jato e sobre colegas do MPF. Em seguida, afirmou que trabalha sem nenhuma razão política.

“Eu não tenho ideologias, não tenho partidos, não tenho lado, sou apenas um funcionário de TI [tecnologia da informação]”, escreveu o hacker.

“Tive acesso a tudo”, completou, sem detalhar a que conteúdo se referia.

Robalinho informou à TV Globo que ficou espantado e repassou o áudio enviado pelo hacker aos dois procuradores que participam do diálogo, para que eles tomem as medidas necessárias em relação às investigações.

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