Agronegócios
Mercado começa a recusar liquidação do boi e frigoríficos terão que voltar às compras
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Poucos negócios foram conduzidos no boi nesta sexta (7), com ofertas de pegar ou largar mais baixas que na véspera. Nada diferente poderia ser esperado. Os R$ 150 já viraram fronteira psicológica (tanto como os R$ 155 também quando a @ começou a descer dos R$ 160) e ficaram um pouco mais distantes, na média paulista.
Mas os negócios nesta faixa acabaram sendo feitos por pequenos produtores, com pequeno colchão financeiro e pouca ou nenhuma capacidade de suplementar no semi. O que demonstra que quem tem boi em um contexto econômico melhor está começando a segurar e poderá dificultar para os frigoríficos quando eles precisarem da carne, mesmo que demore até 30 dias para o Brasil voltar a vender à China.
As chuvas do final de semana passada deram um alento e a partir de próxima quarta os mapas climáticos apontam para temperaturas mais elevadas em São Paulo e Centro-Oeste.
Esta situação ficou mais evidenciada hoje, tanto através de Sávio Cardoso Resende, pecuarista da Baddy Bassitt, e das conversas que ele ouviu de outros companheiros, tanto quanto de informações que começaram a entrar em vários grupos de Whatasapp, como o da AgroAgility.
De todo modo, a pressão não larga o mercado. A Scot reduziu sua média em São Paulo mais um pouco, a R$ 148,50, no à vista. A Agrifatto, num degrauzinho acima, também viu outro recuo, para R$ 149,95. Enquanto a Radar, que há poucos dias antes da crise da vaca louca com a China vinha com uma @ menor que as demais, agora está acima, nos R$ 150,50.
Tentativas de R$ 145/146 existiram também no JBS Lins, desde ontem, que segundo Cardoso Resende, tem pulado dias de abates. “Estavam escalados para dia 21, pulando, vão para dias 28”, diz o pecuarista do Norte de São Paulo, que também manda boi para lá.
No Marfrig de Promissão ele também mata – e hoje matou boi negociado há 12 dias, a R$ 153, comum. Mas se fosse vender nesta sexta, seria R$ 146/147. “Vou segurar mais um pouco e assim como eu tenho ouvido produtores grandes, muito mais estruturados, dizendo a mesma coisa”, afirma.
Cadenciamento é a palavra. E isso pode começar a tirar a tranquilidade, porque o boi picado, distribuído entre muitos pequenos e médios, pode estar chegando ao fim.
E os frigoríficos médios e pequenos devem começar antes a precisar de animais e, depois, os grandes, que, de acordo com Sávio, não estão com programações tão longas assim, fora o JBS. O Marfrig seria um deles. O básico tem que sair e as compras vão ter que fluir para o mercado interno, ainda que lento, mesmo com as exportações para China paralisadas.
Douglas Coelho, da Radar Investimentos, viu as escalas médias caírem de 4,4 dias para 3,3 dias nesta semana. Mesmo contando com os buracos para a próxima semana, não estão tão mais folgados assim.
Em Goiás, a queda da @ é mais sentida. A Agrifatto levantou menos 1,45% dia conta dia, a R$ 136, praticamente igual a Scot.
E no Mato Grosso do Sul há uma estabilização indo para a segunda-feira, em torno dos R$ 139. Em Coxim, Júnior Sidoni viu boi a R$ 140, novilha a R$ 130 e vaca a R$ 128.