Mudança climática compromete viabilidade de frutas

O grupo de pesquisa em Ecofisiologia e Biotecnologia da Universitat Jaume I de Castelló (UJI), na Espanha, adverte que o aquecimento global reduzirá a produtividade de árvores frutíferas tradicionais e icônicas na bacia do Mediterrâneo. O estudo aponta que a mudança climática coloca em risco a viabilidade comercial a médio prazo de frutas cítricas, videiras e oliveiras.

O professor do Departamento de Ciências Agrárias e Ambiente Natural Vicente Arbona, coordenador do estudo e membro do Seminário de Pesquisa Interdisciplinar sobre Mudança do Clima UJI argumenta que esse fenômeno “irá causar não só uma diminuição da produtividade das espécies emblemáticas como cítricos, videira ou oliva, mas o aumento da temperatura ou o déficit hídrico também reduzirão sua competitividade comercial”. Além disso, as variações esperadas no território de Castellón, Valencia e da região do Mediterrâneo como um todo, especialmente vulneráveis, “afetam a fenologia desses frutos, alterando seus padrões de germinar, florescer, dar frutos e madurar”.

Outro aspecto importante é a qualidade da fruta, fundamental na sua viabilidade comercial. Em citros, altas temperaturas alteram o balanço entre açúcares e ácidos, dando origem a frutos sem seu toque ácido característico, “como visto em regiões tropicais”, segundo pesquisadores da UJI. Na oliveira, o impacto pode ser “mais dramático”, na opinião dos especialistas, uma vez que embora seja uma cultura muito bem adaptada às condições do Mediterrâneo, a ação combinada da falta de chuva e os altos valores térmicos em o outono e o início da primavera determinam o período de floração e sua intensidade. De fato, “o florescimento dessa espécie pode avançar até 17 dias, reduzindo a porcentagem de frutificação e, portanto, a produção”.