Rondônia
Ex-marido acusado de assassinar professora a pauladas será interrogado em RO
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Ueliton Aparecido da Silva, de 35 anos, será interrogado pela Justiça no dia 17 de maio, na 2ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Porto Velho, a partir das 8h30. Ele é acusado de matar a professora e ex-companheira Joselita Félix, então com 47 anos, a golpes de madeira – a maioria das pauladas acertaram a cabeça da educadora – em março deste ano.
O juiz José Gonçalves da Silva Filho, que designou o interrogatório e intimou as testemunhas envolvidas no caso para prestarem depoimento no mesmo dia.
Ueliton foi acusado pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO) de tentativa de homicídio e feminicídio. Segundo o MP, o réu matou Joselita por motivo torpe e de forma cruel, “considerando que tinha muito ciúmes” da professora. A vítima e o acusado ficaram juntos cerca de 3 anos.
Conforme a denúncia, Ueliton, inconformado com o término do relacionamento com a vítima, foi até a casa do pai dela, Francisco Félix, de 74 anos, no dia do crime.
Joselita Felix foi morta pelo ex-companheiro em Rondônia — Foto: Facebook/Reprodução
Primeiro, o acusado arrombou a porta da residência e, com uma faca, desferiu golpes contra o idoso. Depois, pegou um pedaço de madeira usado para fechar a porta e agrediu inúmeras vezes a professora.
O G1 não conseguiu contato com a defesa de Ueliton, que será feita por um defensor público.
Joselita e Ueliton estavam juntos há três anos — Foto: Facebook/Reprodução
A reportagem acionou, ainda, a Secretaria de Justiça de Rondônia (Sejus) para saber onde o acusado segue detido. Porém, até o fechamento desta matéria, o órgão não respondeu o questionamento.
Dois dias após o crime, a Justiça determinou que Ueliton continuasse preso. A decisão foi tomada durante uma audiência de custódia, que ocorreu no Fórum Criminal da Comarca de Porto Velho. Na época, ele estava preso na unidade prisional Pandinha, na capital.
Morte de Joselita Félix
Manifestantes se reuniram para protestar contra assassinato da professora Joselita Félix, em Porto Velho. — Foto: André Felipe/Rede Amazônica
O crime aconteceu na manhã do dia 17 de março, um domingo, em Candeias do Jamari. Joselita, vítima de feminicídio, não resistiu aos ferimentos na cabeça e morreu minutos depois de ser agredida.
Um dia antes de ser assassinada, a educadora mandou áudios para uma amiga dizendo que pretendia entrar com uma medida protetiva contra Ueliton.
O caso ganhou destaque na edição do dia 24 de março deste ano do Fantástico, além de ter gerado forte repercussão e revolta da população.
A prefeitura de Porto Velho divulgou nota em sinal de luto lamentando a morte da servidora pública.
Sepultamento de Joselita foi acompanhado por amigos — Foto: Cássia Firmino/G1
Nas redes sociais, internautas postaram mensagens clamando por Justiça à educadora. Uma aluna postou no dia do crime que Joselita fazia questão de motivar os alunos a estudar.
“Nos acompanhou, nos viu crescer. Nos estimulava a estudar. Às vezes umas brigas, uns puxões de orelha, mas muita alegria, aprendizado e comilança”, relembrou.
A comoção pelo caso se estendeu no sepultamento da professora, que contou com a presença de amigos, familiares e alunos que conviveram e aprenderam com Joselita. O crime também levou centenas de pessoas às ruas de Porto Velho, em protesto pelo crime.
- Manifestação em RO pede Justiça em caso de professora morta a pauladas pelo ex-marido
Em uma dessas manifestações, mulheres estenderam cartazes no chão com a frase “parem de nos matar” e acenderam velas.
Casa onde Joselita foi morta em Candeias do Jamari — Foto: Rede Amazônica/Reprodução
Sala de aula
Aos 47 anos, Joselita era servidora municipal de Porto Velho, mas atualmente morava em Candeias do Jamari para cuidar dos pais, um casal de idosos.
Joselita Félix era graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Rondônia desde 1992 e também tinha bacharel em Direito pela Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e Letras de Rondônia (2007).
Lei do Feminicídio
A Lei nº 13.104, conhecida como a Lei do Feminicídio, foi sancionada em março de 2015 pela então presidente Dilma Rousseff. Ela incluiu o crime no Código Penal Brasileiro como uma modalidade de homicídio qualificado, entrando, assim, na lista de crimes hediondos.
A justificativa para a necessidade de uma lei específica aos crimes relacionados ao gênero feminino está no fato de grande parte dos assassinatos de mulheres nos últimos anos serem cometidos dentro da própria casa das vítimas, muitas vezes por companheiros ou ex-companheiros.