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Agricultores de MT estão preocupados com o preço da soja já que a China pode reduzir negócios com o Brasil
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Os agricultores de Sorriso, a 420 km de Cuiabá, estão preocupados com o preço da soja, já que o maior comprador, a China, pode reduzir negócios com o Brasil.
O agricultor Luimar Gemi já terminou a colheita de soja dessa temporada. Agora, está atento à comercialização dos grãos que continuam estocados e correspondem a cerca de 40% da produção que ele ainda precisa negociar.
No ano passado, na mesma época, o estoque era menor, em torno de 20% da produção. O motivo para segurar a venda da soja nesta safra é o preço oferecido ao agricultor nos últimos dias, como explica Luimar Gemi.
“Gira em torno de R$ 60 hoje a oferta por saco de soja. Tivemos vendas em torno de até R$ 68 e gostaríamos de atingir esses números novamente. Então aguardamos algum momento que o mercado nos dê a oportunidade, que a gente possa buscar esse preço”, afirmou.
Em Mato Grosso, de acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), até fevereiro, os produtores tinham vendido pouco mais da metade da soja produzida nesta safra (53,82%). O percentual é um pouco maior que no mesmo período do ano passado (48,42%).
A queda nos preços da saca de soja está relacionada com a aproximação comercial entre a China e os Estados Unidos. Existe a possibilidade de que o país asiático aumente o volume comprado dos norte americanos. Um cenário que deve afetar a exportação brasileira. Em 2018 o país vendeu para o exterior 82 milhões de toneladas e este ano deve ficar em 70 milhões.
Segundo o diretor geral da Associação Nacional de Exportadores de Cereais, Sérgio Mendes, o que aconteceu em 2018 foi uma situação atípica.
Com a guerra comercial entre Estados Unidos e China, houve uma sobretaxa sobre vários produtos. Com isso, o Brasil se beneficiou vendendo mais e faturando mais com a soja, como afirma Sérgio Mendes, diretor geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).
Como o Brasil estava praticamente sozinho, a cotação da soja brasileira foi lá pra cima e, além disso tinha o prêmio, e isso agora acabou. Então, tem uma situação muito inferior em preço em relação a do ano passado.
O volume a ser exportado agora vai ficar próximo aos patamares de 2017, mas a concorrência com o grão norte-americano vai começar mais cedo, segundo Sérgio.
“O que preocupa agora é que toda vez que você tira o ritmo normal do mercado, ele cobra isso de você, então isso que ficou represado nos estados unidos, tende a sair agora numa época que a gente exportava sozinho, que é no primeiro semestre. então agora você vai ter competição americana, numa época em que competia só no segundo semestre”, disse.
Os produtores confiam em preços melhores ainda para 2019. Mesmo assim, segundo Luimar, eles não podem segurar o restante da safra estocada por muito tempo. “Se isso não acontecer logo, o agricultor será obrigado a vender nos preços existentes pra cumprir aquilo que ele tem de dívida ou da safra passada ou pensando na matéria prima pra consolidar o próximo plantio”, disse.