Geral
Após prisão de João de Deus, movimento na Casa Dom Inácio de Loyola já caiu 50%, calcula administração
Compartilhe:
Responsável pelo local diz que além da detenção do médium – há onze dias – temporada de final de ano também contribui para queda. Detido após denúncias de abuso sexual, João de Deus nega todas as acusações.
Passados onze dias da prisão de João de Deus por suspeita de abusos sexuais, a Casa Dom Inácio de Loyola, onde ele atendia, segue funcionando normalmente. No entanto, o local, situado em Abadiânia, no Entorno do DF, teve queda de 50% no movimento de lá para cá, conforme estimativa repassada ao G1 pelo administrador da instituição, Chico Lobo.
Em rápido contato por telefone na manhã desta quinta-feira (27), ele afirmou que, além da prisão do médium, a época do ano também influencia para a menor quantidade de pessoas no local.
“De tudo um pouco [influenciam o menor movimento]. A casa está atendendo normal. Tivemos uma queda de 50% porque no final do ano o número cai mesmo, além da prisão”, informou.
A casa realiza atendimentos todas as quartas, quintas e sextas-feiras. Nesta manhã, segundo Lobo, o público que visita o local é composto por “um pouco de brasileiro e um pouco de estrangeiro”.
Apesar do funcionamento da casa, o laboratório onde os medicamentos eram produzidos, também situado no imóvel, foi interditado pela Vigilância Sanitária por produzir remédios “em escala industrial”.
Última aparição de João de Deus na casa antes de ser preso foi marcada por tumulto e confusão — Foto: Paulo Giovanni/Futura Press/Estadão Conteúdo
Prisão e denúncias
João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro, quando se entregou à Polícia Civil. Ele está detido no Núcleo de Custódia do Completo Prisional de Aparecida de Goiânia, onde dorme sozinho, mas passa o dia em uma cela com outros quatro presos. O médium teve um 2º mandado de prisão deferido, desta vez por posse ilegal de arma de fogo.
A defesa do médium pediu a soltura dele ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) – ambos negaram o habeas corpus em caráter liminar. Por isso, o pedido foi feito a Supremo Tribunal Federal (STF), que não havia decidido sobre a questão até a manhã desta quinta-feira (27). A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se posicionou contra a soltura de João de Deus.
A Polícia Civil e o MP-GO apuram as denúncias contra o médium após relatos de mulheres virem à tona no programa Conversa com Bial, no início de dezembro. Até a manhã da quarta-feira, o MP-GO já havia recebido quase 600 denúncias, por e-mail, contra o médium.
O jornal “O Globo”, a TV Globo e o G1 têm publicado nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.
João de Deus está preso no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia — Foto: Reprodução/TV Globo
Situação atual
- Médium é investigado por estupro, estupro de vulnerável, violação sexual mediante fraude e posse ilegal de arma;
- MP recebeu mais de 600 emails pelo endereço denuncias@mpgo.mp.br e identificou cerca de 260 vítimas;
- Mulheres que denunciaram João de Deus ao MP tinham entre 9 e 67 anos ao serem abusadas, conforme relatos;
- Médium está preso desde o dia 16 de dezembro;
- Polícia Civil colheu depoimentos de 16 mulheres. Um inquérito foi concluído e há oito em andamento;
- Em operações em endereços ligados a ele foram achadas armas, pedras preciosas e mais de R$ 1,6 milhão;
- Justiça também decretou a prisão do médium por posse ilegal de armas de fogo;
- Há relatos de supostas vítimas de 15 estados brasileiros e outros seis países;
- MP e polícia também querem apurar denúncia de lavagem de dinheiro;
- Não há pedido para suspensão do funcionamento da Casa Dom Inácio de Loyola, mas laboratório que fazia medicamentos no local foi interditado;
- Defesa teve dois habeas corpus negados e foi ao STF;
- PGR se manifesta contra soltura do médium;
- Mesmo que o ministro Dias Toffoli conceda o habeas corpus, João de Deus segue preso por causa do outro mandado de prisão;
- João de Deus prestou depoimento para a Polícia Civil, quando foi preso, e ao MP-GO, dez dias após sua prisão;
- Esposa do médium foi ouvida pela Polícia Civil e disse que não sabia de crimes;