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Ser jovem significa enfrentar lutas! – Daniel Lima


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Uma característica do jovem é a energia para lutar e vencer. Na vida espiritual, algo muito semelhante acontece. O cristão que deseja continuar até a maturidade precisa vencer batalhas espirituais. Que batalhas são essas? O que é necessário para vencê-las? Quais são as consequências de não lutar ou de não vencer essas batalhas?

Você deve conhecer alguém assim… a pessoa conhece a Jesus, se emociona, faz uma oração e decide que seguir a Jesus é seu projeto de vida. Após algumas semanas de envolvimento, as primeiras batalhas aparecem. A alegria e emoção da primeira fase já se foram. Fórmulas fáceis não funcionam. Chega finalmente um momento em que ele ou ela tem de tomar uma decisão de continuar seguindo a Jesus ou tomar um desvio. Uns tomam a decisão difícil e após algum tempo atravessam aquela crise vitoriosos. Tornam-se cristãos mais maduros e continuam crescendo, tornando-se eventualmente exemplos para cristãos que também atravessam suas crises. Outros infelizmente optam por atalhos ou desistem. Podem até continuar frequentando a igreja e convivendo com os irmãos, mas perdem o “brilho nos olhos”, desenvolvem o discurso de que já fizeram o suficiente ou de que isso não é para eles. Muitos deixam o convívio com outros cristãos e, se perguntados, afirmam que são ex-evangélicos ou evangélicos não praticantes…

No último artigo, “O normal é crescer!”, tratei das evidências claras na Bíblia que apontam que a vida cristã pressupõe crescimento e não estagnação. Somos redimidos para nos tornarmos cada vez mais semelhantes ao nosso Senhor Jesus. Isso é um processo que ocorre de dentro para fora. Em Gálatas 4.19, o apóstolo Paulo afirma que ele sofre até que “Cristo seja formado em vocês”. No entanto, é nos escritos do apóstolo João que encontramos talvez a melhor descrição do crescimento esperado entre cristãos:

12Filhinhos, eu escrevo a vocês porque os seus pecados foram perdoados, graças ao nome de Jesus. 13Pais, eu escrevo a vocês porque conhecem aquele que é desde o princípio. Jovens, eu escrevo a vocês porque venceram o Maligno. 14Filhinhos, eu escrevi a vocês porque conhecem o Pai. Pais, eu escrevi a vocês porque conhecem aquele que é desde o princípio. Jovens, eu escrevi a vocês, porque são fortes, e em vocês a Palavra de Deus permanece e vocês venceram o Maligno. (1João 2.12-14)

Já tratamos das características dos “filhinhos”. Hoje, gostaria de tratar das características dos jovens espirituais. É importante observar novamente que a expressão não trata de jovens na idade cronológica, mas jovens em seu crescimento espiritual. Conheço alguns idosos cronologicamente que ainda são bebês espirituais e alguns adolescentes que exercem um cuidado sobre outros que os caracteriza como “pais espirituais”. João indica pelo menos 3 características sobre os jovens espirituais: (1) são fortes, (2) em vocês a Palavra permanece e (3) venceram o Maligno.

Jovens espirituais são fortes

O termo original apenas confirma a ideia de força, capacidade ou mesmo coragem. No entanto, é bem possível que o próprio apóstolo João tivesse em mente outra passagem que trata da questão de força e fraqueza: Romanos 14. Neste texto, em que o apóstolo Paulo discute as tensões entre aqueles que eram mais e menos exigentes quanto aos costumes, fica evidente que os mais intolerantes eram os fracos, provavelmente mais influenciados pelos rituais judaicos. Paulo exorta os mais fracos a não julgarem os mais fortes e exorta os mais fortes a não desprezarem os mais fracos.

Podemos definir o jovem cristão como aquele que tem sua fé baseada em suas próprias convicções e não meramente devido a seus pais ou líderes.

Seguindo esta linha de pensamento, podemos definir o jovem cristão como aquele que tem sua fé baseada em suas próprias convicções e não meramente devido a seus pais ou líderes. Em outras palavras, o jovem espiritual é capaz de permanecer em sua fé mesmo que seus referenciais se desviem! O autor Don Willett destaca que há pelo menos 3 alertas para os fortes: primeiramente, ser forte é ter convicção! No final do verso 5 daquele capítulo lemos: “Cada um deve estar plenamente convicto em sua própria mente”. É muito comum ouvir cristãos com anos de experiência, mas sem convicções pessoais. Ou baseiam suas decisões nas convicções de outros ou simplesmente não têm convicções fundamentadas. Com isso, quando são desafiados com posições não cristãs, estes cristãos sucumbem, pois são incapazes de se manter “em pé” com base em seu próprio entendimento.

Em segundo lugar, o forte espiritual é alguém que reconhece que Jesus é seu Senhor. Na verdade, ele ou ela entendem que toda a sua vida tem uma relação direta com o Senhor, e por isso tomam decisões alinhadas com esta perspectiva. O verso 8 de Romanos 14 afirma: “Se vivemos, vivemos para o Senhor; e, se morremos, morremos para o Senhor. Assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor”.

Por fim, o terceiro alerta para o jovem espiritual é que, em última análise, todos nós prestamos contas ao Senhor. É por isso mesmo que nossa fé precisa ser pessoal e não baseada na fé de outros. Ninguém poderá chegar diante de Deus ao final da vida e afirmar que viveu de certa forma pois foi isso que aprendeu de outro… Mais uma vez o capítulo 14 de Romanos, no verso 12, dá claro testemunho desta realidade: “Assim, cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus”.

O jovem espiritual é então alguém que está desenvolvendo suas próprias convicções, compreende que tudo em sua vida está ligado ao senhorio de Cristo e sabe que no final prestará contas a Deus de suas convicções, e não das ideias ou convicções de outros. Ainda permanece a pergunta sobre como isso ocorre na vida de um cristão? Eu creio que a segunda característica vai responder essa questão.

A Palavra de Deus permanece nos jovens espirituais

Como desenvolver suas próprias convicções e firmar-se nelas para um dia prestar contas a Deus? A resposta é tão simples quanto profunda: firmando-se na Palavra de Deus. Os testemunhos bíblicos sobre a relevância da Palavra para o crescimento espiritual são múltiplos: Salmo 119, João 17.17, 2Timóteo 3.16, entre outros. Sabemos como cristãos que o caminho da maturidade espiritual passa obrigatoriamente por um aprofundamento na Palavra. No entanto, temos sido muito relapsos nesse quesito. Uma investigação rápida revela que a grande maioria dos cristãos nunca leu a Bíblia toda e uma porcentagem enorme simplesmente nunca lê e medita sobre a Bíblia individualmente. Não deve ser surpresa então que tenhamos, de modo geral, um cristianismo tão fraco e irrelevante.

Na carta aos Hebreus, o autor explica de forma bastante clara, em uma exortação, como podemos crescer em nosso discernimento usando a Palavra como base. O texto é Hebreus 5.11-14. Nos primeiros versos (11-13) o autor repreende seus leitores quanto ao fato de ainda serem crianças na fé. No verso 14 ele destaca o que marca um cristão adulto: “Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal” (Versão Almeida Revista e Atualizada).

Tratando do tema de amadurecimento, o texto afirma que adultos têm suas faculdades exercitadas pela prática. Esta é uma expressão curiosa, mas de compreensão bastante direta. A palavra usada para “faculdades” trata-se de uma expressão muito usada para o órgão de percepção, sendo possível inferir daí que se trata do próprio intelecto e da capacidade de julgamento ou avaliação. Portanto, aquele cristão que se aplica a compreender a vontade do Senhor tem sua capacidade de entendimento e julgamento exercitada, fortalecida. E, portanto, é capaz de discernir o bem e o mal. Resta saber como exercitar esta capacidade.

Pelo menos duas outras passagens nos orientam nisso: Atos 17.11: “Os bereanos eram mais nobres do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo”. Repare que o que tornava os bereanos mais nobres era o fato de que comparavam o que estavam ouvindo com as Escrituras. A segunda passagem é 2Timóteo 3.16-17:

16Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, 17para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.

Ao descrever o propósito das Escrituras, Paulo nos indica que, ao investigar a própria Bíblia, somos ensinados, repreendidos, corrigidos e instruídos.

Espiritualmente falando, o jovem é aquele que enfrenta aquilo (ou aquele) que se opõe a Deus, pois seu alvo é tornar-se mais e mais como Jesus.

O jovem espiritual então é alguém que, além de ter suas próprias convicções, tem se exercitado em compreender e aplicar a Palavra às mais variadas situações da vida. Com isso, ele ou ela desenvolvem uma capacidade de discernimento, a fim de fazerem escolhas sábias. Em termos gerais, não é isso que se espera de jovens? Esperamos que jovens, baseando-se na verdade, aprendam a tomar decisões sábias.

Jovens espirituais vencem o Maligno

Além de terem suas próprias convicções a partir de um envolvimento com a Palavra, o apóstolo João descreve o jovem espiritual como alguém que tem vencido o Maligno. Existe um debate se este Maligno se refere a Satanás ou apenas ao mal como tudo o que é contrário ao bem. Na prática, ambas posições chegam ao mesmo ponto: um jovem, espiritualmente falando, é aquele que enfrenta aquilo (ou aquele) que se opõe a Deus, pois seu alvo é tornar-se mais e mais como Jesus.

Ao desenvolver suas próprias convicções, o cristão passa a vivê-las em seu dia a dia. Com isso, precisa tomar muitas decisões e fazer sacrifícios pessoais. No entanto, conhecemos muitos cristãos – e nós mesmo passamos por isso – que enfrentam uma tremenda luta para viver de acordo com suas convicções. O próprio apóstolo Paulo descrevia de maneira muito vívida sua luta ao afirmar: “Quando quero fazer o bem, o mal está junto de mim” (Romanos 7.21b). Essa tensão representa a essência da batalha espiritual. Ao invés de encontros estrondosos e ruidosos, com maior frequência a verdadeira batalha espiritual ocorre no coração do cristão.

É na segunda carta aos Coríntios que o apóstolo Paulo descreve esse conflito e nos ajuda a compreender de que modo o cristão pode vencer o Maligno.

3Pois, embora vivamos como homens, não lutamos segundo os padrões humanos. 4As armas com as quais lutamos não são humanas; ao contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas. 5Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo. (2Coríntios 10.3-5)

A expressão “fortaleza” refere-se aos acampamentos fortificados que os romanos usavam para controlar toda uma região. Estes postos avançados em terras inimigas permitiam aos romanos manter o controle, muito embora não estivessem em todo lugar. O Diabo nos mantém escravos da mesma forma, muito embora ele não tenha direito sobre nossa vida uma vez que nascemos de novo. Esse controle é mantido por meio de mentiras, nas quais acreditamos. Por meio delas ele nos mantém prisioneiros. Cada vez que decidimos tomar um passo por Jesus, essas mentiras entram em ação e nos paralisam ou nos levam em outra direção.

Como então combater essas fortalezas? O próprio apóstolo Paulo nos dá a resposta no verso 5: (1) destruindo argumentos, (2) destruindo toda pretensão e (3) levando todo pensamento cativo a Cristo. A palavra usada para “argumentos” no original é sofisma, que significa uma mentira tão bem elaborada que aparenta ser verdade. Não existem dois modos de combater uma mentira. O único modo é contando a verdade. Isso nos remete às palavras da oração sacerdotal de Cristo em João 17.17: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”. Quando o cristão identifica em sua vida uma mentira que tem poder de verdade, ele precisa confrontar esta mentira com a verdade. Por exemplo: se, em seu coração, um cristão acredita que só terá valor se for bem-sucedido profissionalmente, ele precisa confrontar esta poderosa mentira com a verdade que nosso valor está no fato de quem somos em Cristo. Se uma cristã acredita que para sobreviver tem de ser amada por todos, ela precisa passar a crer que é amada por Deus e que isso é suficiente. Assim se destrói sofismas.

A segunda postura é destruir ou confrontar a pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus. Na verdade, pretensão humana é nossa característica de viver como se soubéssemos mais do que Deus. Ele nos ensina o perdão, mas por vezes cremos que algumas coisas são melhor resolvidas com amargura. Ele nos ensina a graça, mas continuamos a buscar o merecimento. Destruímos a pretensão por meio da humildade ou do quebrantamento. Quando eu, como cristão, confronto a mim mesmo naquilo que nega ou desafia a Deus, estou no caminho de destruir a pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus.

Não existem dois modos de combater uma mentira. O único modo é contando a verdade.

Por fim, a terceira maneira de combatermos o Maligno é levando todo pensamento cativo a Cristo. Ou seja, quando meus pensamentos começam a correr em direções que eu sei que são contrárias à vontade de Deus, eu combato e venço o inimigo aos trazer novamente meus pensamentos em obediência a Cristo. Certamente esta não é uma decisão única ou um só ato. Precisamos cultivar em nossa mente o conceito de levar cada pensamento à presença de Cristo e submetê-lo à sua aprovação.

Conclusão

O jovem espiritual é então aquele que busca a Palavra como seu fundamento, desenvolve suas próprias convicções e confronta seu próprio coração ou pensamentos com a verdade de Cristo. É óbvio que este é um processo longo e às vezes cansativo. No entanto, essa etapa faz parte essencial de amadurecer em Cristo. Minha oração é que tanto você como eu estejamos praticando estes passos do jovem espiritual, pois mesmo após se tornar um pai espiritual, certas práticas devem ser cultivadas para que possamos continuar crescendo em direção à semelhança de Cristo.

Daniel Lima foi pastor de igreja local por mais de 25 anos. Formado em psicologia, mestre em educação cristã e doutorando em formação de líderes no Fuller Theological Seminary, EUA. Daniel foi diretor acadêmico do Seminário Bíblico Palavra da Vida por 5 anos, é autor, preletor e tem exercido um ministério na formação e mentoreamento de pastores. Casado com Ana Paula há mais de 30 anos, tem 4 filhos e vive no Rio Grande do Sul desde 1995.

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