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Comer fora passa a ser uma questão de saúde
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O estilo de vida atribulado dos nossos tempos modernos, com uma crescente urbanização e a maior parte da população vivendo em grandes regiões metropolitanas, tem mudado hábitos de nosso dia-a-dia.
Uma das principais mudanças é no hábito alimentar, com cada vez mais pessoas fazendo um maior número de refeições fora de casa. Tanto que a expressão “comer fora” está caindo em desuso. No tempo das cidades menores onde se gastava pouco tempo para voltar para casa, era comum as refeições serem feitas em casa, inclusive o almoço. “Comer fora” ficava para uma ocasião do fim-de-semana ou celebração.
Pois hoje, a inviabilidade de se voltar para casa por questões de distância do trabalho e tráfego, associado à grande oferta de refeições baratas, levaram as pessoas a mudar este hábito. E mesmo comendo em casa, no jantar ou no fim-de-semana, as pessoas acabam comprando comida pronta. Entretanto, este aparente conforto de não se preocupar com a preparação das refeições, poupando tempo e trabalho, pode trazer consequências negativas à saúde.
A relação entre comer em “fast-food” e o risco de doença já vem despertando atenção de pesquisadores há algum tempo, como demonstrado por um estudo realizado em 3031 jovens nos Estados Unidos e publicado na revista médica The Lancet no ano de 2005. A conclusão do estudo é muito clara ao afirmar que o consumo de “fast-food” tem uma forte associação com ganho de peso e deficiência no funcionamento da insulina que é um dos principais hormônios reguladores do metabolismo. Estes resultados sugerem que o “fast-food” aumenta o risco de obesidade e diabete.
No último mês de Maio foram publicados dois novos estudos que ampliam a análise da relação entre comer fora e riscos à saúde. Desta vez as lanchonetes tipo “fast-food” ficaram de fora, estando as pesquisas concentradas no tipo de alimentação oferecida em restaurantes convencionais. Os resultados demonstram que as quantidades de calorias, gordura e sódio por porção servida são alarmantes (cada refeição padrão continha em média 151% da quantidade de sal, 89% da gordura e 60% do colesterol que uma pessoa deveria ingerir em um dia inteiro). Estes valores não ficam muito longe dos observados em comida industrializada ou comprada pronta, principalmente no que diz respeito ao sódio e gordura.
O padrão alimentar e o estilo de vida no Brasil estão cada vez mais parecidos com os americanos (o índice de doenças cardiovasculares e metabólicas também) e esses dados devem servir de alerta para a população em geral, a fim de produzir nas famílias a consciência de que preparar a refeição pode ser um fator importante na prevenção de doenças, e também para as autoridades de saúde, no sentido de dar atenção ao fato de que cada vez mais pessoas fazem mais refeições fora de casa e isto pode se tornar um problema de saúde pública.