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Manifestantes entram em confronto com a polícia em Paris; mais de 120 são detidos
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Manifestantes que protestam contra o aumento no preço dos combustíveis e a perda de poder aquisitivo entram em confronto com a polícia na Avenida Champs-Elysées, em Paris, na manhã deste sábado (1º). Pelo menos 20 pessoas ficaram feridas e 122 foram presas, de acordo com os jornais “Le Monde” e “Le Parisien”.
Protestos em todo o país reuniram 36 mil pessoas neste sábado, segundo estimativa do primeiro-ministro, Edouard Philippe. Cerca de 5500 manifestantes com “coletes amarelos” fluorescentes (gilets jaunes, em francês) à Champs-Elysées.
Um grupo de manifestantes, encapuzados e mascarados, tentou forçar o bloqueio montado pelas forças de segurança para fazer controles e identificações.
A tropa de choque respondeu com bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água. Latas de lixo foram derrubadas e queimadas. O Arco do Triunfo foi tomado por uma nuvem de fumaça.
Manifestantes mascarados vestindo coletes amarelos surgem em meio ao gás lacrimogêneo perto da avenida Champs-Elysees durante protesto contra aumento de impostos. — Foto: Kamil Zihnioglu/AP
Os manifestantes que vieram pacificamente para protestar foram pegos no fogo cruzado na avenida. Entre eles, Chantal, uma aposentada de 61 anos que tentava evitar se aproximar da confusão.
Para a aposentada, ” Macron deve descer de seu pedestal, entender que o problema não é o imposto, é o poder de compra. Todo mês eu tenho que mexer na minha poupança”.
Manifestante de colete amarelo lança gás contra a polícia neste sábado (1) na avenida Champs-Elysées, em Paris. O protesto é contra o aumento de impostos do governo Macron. — Foto: Kamil Zihnioglu/AP
‘Coletes-amarelos’
O movimento que tem como símbolo o “colete-amarelo”, que é uma peça obrigatória para os veículos franceses, começou em 17 de novembro. Ele conta com o apoio de dois em cada três franceses e uma petição “por uma redução nos preços do combustível” que superou o milhão de assinaturas.
O primeiro dia nacional de protesto mobilizou 282.000 pessoas e o segundo 106 mil, incluindo 8 mil em Paris.
Desconcertado, o governo não consegue dialogar com representantes do movimento que nasceu nas redes sociais, desvinculado de qualquer comando político ou sindical.
Manifestantes de coletes amarelos protestam contra o aumento de impostos do governo Macron neste sábado (1) na avenida Champs-Elysées, em Paris. — Foto: Kamil Zihnioglu/AP
Os anúncios feitos esta semana pelo presidente Emmanuel Macron – um dispositivo para limitar o impacto dos impostos sobre o combustível, assim como um “grande diálogo” – não convenceram, segundo a France Presse.
Macron afirmou na quinta-feira (30), em Buenos Aires, onde participa da cúpula do G20, que queria responder à irritação legítima e ao sofrimento de uma parte do povo com “decisões adicionais nas próximas semanas e nos meses próximos”, mas que não haverá uma volta atrás.
Manifestantes de coletes amarelos protestam contra o aumento de impostos do governo Macron neste sábado (1) na avenida Champs-Elysées, em Paris. — Foto: Kamil Zihnioglu/AP
Sinal de uma revolta social que não diminui, estão previstas manifestações em outras cidades do país, como no emblemático porto de Marselha, e em territórios franceses ultramarinos.
O movimento já começa a ultrapassar as fronteiras da França. Uma centena de ‘coletes amarelos’ belgas também se manifestaram nesta sexta-feira (30) em Bruxelas.
Pichação no Arco do Triunfo, em Paris, afirma ‘Os coletes amarelos triunfarão’ — Foto: Stephane Mahe/ Reuters
Manifestantes destroem carros durante um protesto em Paris, neste sábado (1º) — Foto: Lucas Barioulet / AFP