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Mulheres dedicam muito mais tempo ao trabalho doméstico, mas a diferença cai


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Com dados desde 2001, estudo do Ipea também revela que horas gastas com lazer aumentam para homens e mulheres por motivos diferentes

 As mulheres trabalham mais horas semanais que os homens: 47h contra 45h, de acordo com dados de 2015. Nos cálculos, entram o tempo dedicado ao trabalho remunerado, não remunerado e tempo de deslocamento casa-trabalho-casa. A composição desse tempo permanece desigual entre os sexos, com as mulheres dedicando 18h por semana a mais aos afazeres domésticos. Os dados mostram que, de 2001 a 2015, as mulheres aumentaram em 7h semanais o tempo disponível para lazer, enquanto que, para os homens, esse aumento foi de 4h. Para elas, isso se deve à diminuição no tempo gasto com trabalhos domésticos. Já para eles, o motivo é a redução no tempo destinado ao trabalho remunerado.

Durante todo o período analisado, a proporção de mulheres que realizam afazeres domésticos ficou acima de 91%. Já entre os homens, ela variou de 45% em 2001 para 55% em 2015. “O que chama a atenção nos dados é que, enquanto o tempo dedicado aos afazeres domésticos entre as mulheres se reduz de forma acentuada ao longo do tempo, a jornada de trabalho doméstico entre os homens aumenta pouco”, destaca a pesquisadora do Ipea e autora do estudo, Ana Luiza Neves de Holanda.

A pesquisa, realizada com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), revela algumas mudanças importantes nos últimos anos em relação ao uso do tempo dedicado ao trabalho remunerado e aos afazeres domésticos. Por um lado, há um aumento nas horas remuneradas entre as mulheres de 2001 até 2014 (de 21h para 23h semanais) e uma redução em 2015 (voltando para 21h semanais). Os homens, por outro lado, apresentaram uma redução no trabalho remunerado de 5h semanais no período, passando de 40h em 2001 para 35h em 2015.

A análise dos grupos demográficos, incluindo recortes de raça, escolaridade, vínculo conjugal e indivíduos com filhos ou não, revela que o maior impacto positivo no tempo gasto com trabalho remunerado é, para elas, a escolaridade: as com ensino superior completo trabalham, em média, 8h a mais que as sem ensino superior por semana. Já para eles, o fato de ser casado aumenta esse tempo em 6h, e de ter filhos entre 0 e 4 anos aumenta em uma hora. Para as mulheres, o fato de ser casada e ter filhos reduz sua jornada de trabalho em 2h e 6h, respectivamente. “Em outras palavras, é interessante observar que, para as mulheres, a estrutura familiar impacta negativamente nas suas horas dedicadas ao trabalho remunerado, enquanto que, para os homens, esse impacto é positivo.”

A pesquisa também captou, para o período de 2001 a 2015, o tempo médio de deslocamento casa-trabalho-casa. Entre os homens, a média nacional ficou entre 3h e 4h semanais. Entre as mulheres, a média das horas gastas ficou perto de 2h. De forma ainda preliminar, a pesquisadora analisou se as mudanças demográficas ao longo do período de análise – como redução da taxa de fecundidade, mudanças nos arranjos familiares, elevação do nível de escolaridade da população – foram fatores relevantes para explicar a evolução das horas de lazer e sua diferença por gênero apresentadas acima. 

Os resultados do estudo sugerem que tais mudanças não são o fator preponderante dessa diferenciação. Uma possível explicação se deve a um aspecto comportamental dos indivíduos e que merece um estudo mais detalhado. “Por enquanto, tentamos excluir alguns aspectos. Mas o observado no Brasil não é caso isolado e já vem ocorrendo nos países ocidentais”, explica Holanda.

Divisão de tarefas no domicílio

Em dados mais recentes para 2016 e 2017, da Pnad Contínua, a pesquisadora captou os tipos de atividades em afazeres domésticos e de cuidados de dependentes (dentro e fora do domicílio). De forma geral, a participação das mulheres em tarefas domiciliares é substancialmente maior que a dos homens, tanto nos afazeres domésticos, quanto na categoria cuidados – que inclui, entre outras, ações de auxiliar nos ‘cuidados pessoais’, ‘ler, jogar ou brincar’, até ‘transportar ou acompanhar para escola, médico, exames, parque’. A única tarefa em que homens destinam mais tempo que as mulheres envolve pequenos reparos ou manutenção do domicílio, do automóvel, de eletrodomésticos ou outros equipamentos – 68% para eles e 37% para elas.

A proporção de mulheres que realizam cada uma das cinco categorias de atividades de cuidados é superior à dos homens: 40% das mulheres destinam seu tempo aos cuidados, contra 28% dos homens. Para afazeres domésticos, esse percentual chega a 94% para elas e 79% para eles. A maior diferença entre os sexos nessa categoria aparece em tarefas que envolvem preparar, servir alimentos, lavar louças e cuidar da limpeza e manutenção de roupas e sapatos: 37 pontos percentuais.

Acesse o estudo completo

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